O Globo
O pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) José Roberto Chagas não precisa de nada além de olhar pela janela da Estação Comandante Ferraz, na Antártica, para constatar o que suas pesquisas indicam. Ele participou em 1984 do primeiro levantamento hidrográfico da região, e recentemente um novo levantamento mostrou que a geleira Ulman perdeu nada menos que dois quilômetros de massa nesse período. Chaguinhas, como é conhecido entre os companheiros da base brasileira, descreve com tristeza o que não se via 25 anos antes, e se vê agora: “Ali, o peitinho quase não aparecia. Era gelo puro”. “Peitinho”, por razões óbvias, é como os brasileiros chamam um morro que apareceu na paisagem recente da Península Keller, onde está situada a base brasileira.
Também o mar não congela há algum tempo, impedindo que se vá a pé até a base mais próxima, a polonesa, o que costumava ser feito nos primeiros anos da base.
A descoberta do tamanho do prejuízo foi feita por acaso. A base brasileira está precisando trocar o seu sistema de abastecimento de combustível, que ainda é realizado por chatas, de maneira demorada e insegura.
Para que a Petrobras possa fazer o abastecimento do diesel especial que não congela a baixas temperaturas, através de dutos, seria preciso que o navio se aproximasse da estação no mínimo uns 300 metros, e para verificar as condições, no final do ano passado foi refeito o levantamento hidrográfico, que mostrou o desaparecimento de parte da geleira Ulman.
A Antártica tem 22 mil hões de quilômetros quadrados no inverno, e 90% do gelo do planeta, além de 80% de toda a água doce.
Considerado o mais perfeito laboratório natural do planeta, a região é responsável pelos principais estudos de mudanças ambientais.
A primeira evidência científica de que a atividade humana está alterando as condições de vida no Planeta foi a descoberta do buraco de ozônio na Antártica, nos anos 80 do século passado.
Segundo Tânia Brito, do Ministério do Meio Ambiente, desde 1950, as geleiras da Península Antártica têm sinais consideráveis de retração, o que interfere no sistema climático global porque a massa de gelo antártica é o principal sorvedouro do calor terrestre.
Os estudos indicam que a grande entrada de água doce afetará a circulação dos oceanos das regiões polar e tropical.
O que acontece na Antártica tem especial interesse para o Brasil, pois o clima da América do Sul é gerado e controlado por massas de ar frio vindos da região.
O Brasil ratificou o Tratado da Antártica apenas em 1975, 14 anos depois de vigorar, e a primeira expedição científica foi realizada em 1982-83, no navio de apoio oceanográfico Barão de Teffé, mesmo ano em que foi criado o Programa Antártico Brasileiro (Proantar).
A Estação Comandante Ferraz foi inaugurada no ano seguinte e, da instalação pioneira com 120 metros quadrados em oito contêineres, surgiu o complexo atual que ocupa 2.300 metros quadrados, com nove laboratórios, três de múltiplo emprego, e outros dedicados a pesquisas em campos específicos: dois à Biologia, um à Química e três de Ciências da Atmosfera.
A comemoração dos 25 anos da estação Comandante Ferraz coincide com o final do quarto ano polar internacional, que teve a participação de 50 mil pesquisadores de todo o mundo, representando 63 países.
Dos 227 projetos conjuntos que estão sendo realizados, dez são coordenados por pesquisadores brasileiros, entre eles o monitoramento da camada de ozônio e da radiação de UV-B. Seis desses projetos estão sendo realizados nos laboratórios da estação brasileira.
Pesquisadores de diversas universidades, como a Federal do Rio de Janeiro e a Universidade do Rio Grande do Sul, onde há um posto avançado de treinamento do programa antártico brasileiro, fazem pesquisas neste momento, de acompanhamento da migração de pássaros aos efeitos da corrosão.
O programa Antártico possui ainda dois “refúgios” com o objetivo de ampliar a área geográfica das pesquisas, nas ilhas Elefante e Nelson, com a capacidade de abrigar oito pesquisadores por períodos de até 45 dias.
O navio polar Almirante Maximiano chega ao Brasil em abril e receberá adaptações para se juntar às pesquisas, que hoje têm o apoiodo navio oceanográfico Ary Rongel, que já atua na região.
Antes, levarão o presidente Lula e sua comitiva para a região do pré-sal na costa brasileira.
O Brasil é parte consultiva do Tratado da Antártica, o que lhe confere a prerrogativa de participar das decisões quanto ao futuro da região, que é rica em recursos minerais e energéticos, inclusive petróleo e gás.
Como até o momento nenhum país tem recursos tecnológicos para explorálos, foi fácil chegar-se a um acordo: os países que fazem parte do Tratado da Antártica decidiram que a exploração econômica da região está proibida até 2048. Até lá, só se pensará em pesquisas de preservação do sistema ecológico da região
Entrevista:O Estado inteligente
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