Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, setembro 11, 2008

Protógenes vira, para fãs, 'o delegado da esperança'

Ex-chefe da Satiagraha recebe homenagem em Goiânia

João Domingos

Afastado da Operação Satiagraha e acusado de comandar grampos ilegais, o delegado Protógenes Queiroz teve ontem dia de super-herói do combate à corrupção, em ato público no auditório da Câmara Municipal de Goiânia. Foi aplaudido em pé por estudantes universitários, políticos de esquerda e promotores.

Do vereador Elias Vaz (PSOL), que teve a iniciativa de chamá-lo para a manifestação, ganhou uma placa como agente anticorrupção. “Se o senhor for derrotado, a sociedade brasileira terá sido derrotada também”, disse Elias.

De início, Protógenes estava um pouco incomodado com a popularidade. Depois, soltou-se. Tirou fotografias, deu autógrafos em cadernos escolares e até superou o jeito arredio com os jornalistas. Chegou a pedir para tirar uma foto com um deles, com a promessa de que receberia uma cópia, por e-mail. Contou fatos de sua vida, dizendo que em 1984, ainda estudante, encantou-se com as Diretas-Já.

Foi apresentado à platéia como um delegado implacável: em 1999, fez a Operação Seringueira, que prendeu o ex-deputado Hildebrando Pascoal (AC); em 2000/01, a Operação Macuco, que investigou o caso Banestado; em 2002, Operação Predador, que investigou o Banco BNP Paribas; em 2003, Operação Pandora, que prendeu o ex-vereador Armando Mellão; em 2001/2006, Operações Shogun, Capela, Netuno e Crepúsculo e a prisão do chinês naturalizado brasileiro Law Kin Chong; em 2002/2006, Operação Hércules 12, quando foi preso o ex-prefeito Paulo Maluf; em 2002/2006, Operação Máfia do Apito, com prisão do ex-juiz de futebol Edilson Pereira de Carvalho; em 2006, Operação Perestroika, quando investigou o milionário russo Boris Berezovsky e o iraniano Kia Joorabchian, por lavagem de dinheiro na parceria com o Corinthians; e 2004/2008, com a Satiagraha.

O promotor Fernando Krebs, da Defesa do Patrimônio Público, atacou o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, que concedeu dois habeas-corpus para o banqueiro Daniel Dantas. “É um gênio do mal, que no governo de Fernando Henrique Cardoso tentou amordaçar o Ministério Público brasileiro. Pelo trabalho, foi recompensado com uma vaga de ministro do Supremo.”

Professor universitário, Krebs disse que não indicará mais nenhum livro de Mendes aos alunos. “Ele não é exemplo para ninguém.” E sugeriu: “Vamos pra rua pedir ‘fora Gilmar Mendes’, porque a campanha vai andar em velocidade meteórica. Se for necessário, vamos cercar o Congresso.” Procurado, Mendes não quis se manifestar.

“Não vamos deixar o Protógenes sozinho. Luiz Carlos Prestes fez a Coluna Prestes, que percorreu o Brasil contra a República Velha. Ganhou o título de Cavaleiro da Esperança”, disse Krebs. “Você, Protógenes, é o delegado da esperança.”

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