Delegado quer usar na PF carros de luxo apreendidos
Protógenes pediu a juiz que coloque 17 veículos à disposição para ?uso em serviço e segurança? de agentes
José Maria Tomazela
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O pedido, feito no dia 15 de julho, incluiu automóveis esportivos - como dois Porsches 911 Carrera, um preto, outro cinza, avaliados respectivamente em R$ 300 mil e R$ 350 mil - e carros de luxo, como um Audi Q7 avaliado em R$ 260 mil, um Mercedes Benz E320 de R$ 160 mil e um Chrysler 300C de valor estimado em R$ 140 mil. O uso dos carros foi autorizado pelo juiz substituto da 6ª Vara Criminal Federal, Márcio Rached.
Todos os veículos, inclusive uma motocicleta Piaggio MPB, avaliada em R$ 35 mil, são importados. Os carros, de valor total calculado em cerca de R$ 1,8 milhão, pertencem a empresas e pessoas ligadas ao banqueiro e fundador do Grupo Opportunity, Daniel Dantas, e ao investidor financeiro Naji Nahas, presos na Operação Satiagraha e depois libertados.
A frota foi colocada à disposição da Delegacia de Inteligência da Polícia Federal, mas uma parte permanece no pátio da superintendência da corporação, no bairro da Barra Funda, em São Paulo. A PF não informou quais carros estão em uso nem para que finalidade, alegando que o inquérito do caso corre em segredo de Justiça.
A Operação Satiagraha foi deflagrada em julho pela polícia para desmontar esquema que desviava verbas públicas e usava informação privilegiada para agir no mercado financeiro. Na ocasião, Dantas e Nahas, além do ex-prefeito Celso Pitta, foram presos. Hoje, estão soltos.
A reportagem constatou que apenas os dois Porsches estão cobertos com uma manta. Os outros carros estão em locais descobertos, ao lado de centenas de outros veículos apreendidos. Também estão à disposição dos federais um Mini Cooper S, avaliado em R$ 130 mil, um Honda Accord V6 (R$ 80 mil) e um Gol 1.6 (R$ 26 mil).
No ofício à Justiça, o delegado informa o cumprimento dos mandados de busca e apreensão dos veículos, "objetivando recompor prejuízos advindos da possível lavagem de dinheiro, crimes financeiros e outros, com indícios perpetrados pela referida organização criminosa".
Após relacionar e identificar as unidades apreendidas, Protógenes pede que, na decisão, o juiz indique o uso "em serviço e segurança pessoal dos membros e familiares dos policiais que integraram a equipe de investigação da Operação Satiagraha". O requerimento não explica como seria feita a segurança dos familiares dos policiais com o uso de carros como o Porsche. O delegado pediu, ainda, para ter a guarda judicial dos veículos como "fiel depositário", revezando a utilização com os outros policiais que participaram da operação.
No mês passado, a cúpula da PF em São Paulo abriu sindicância para apurar o uso por Protógenes de um Land Rover preto, blindado, apreendido da empresa MSI Licenciamentos, ex-parceira do Corinthians. O carro, modelo 2005, é avaliado em R$ 255 mil e estava sob custódia do delegado desde 7 de dezembro de 2007, depois que a Operação Perestroika, também chefiada por ele, devassou a parceria MSI/Corinthians por crimes de lavagem de dinheiro.
A Land Rover foi levada ao pátio da PF depois que o delegado se transferiu para Brasília para fazer um curso, após deixar o comando da Operação Satiagraha.