O GLOBO - 04/02/12
O consenso entre os especialistas é que o mundo chegará a ter uma população, por volta de 2050, de até 10,5 bilhões de pessoas. Uma previsão mais radical das Nações Unidas chega a elevar esse número para 16 bilhões de pessoas no final do século.
uma marca importante quando, em outubro de 2011, chegou a uma população de mais de 7 bilhões de pessoas.
Além do número em si, a questão é que quase todo esse crescimento vai ocorrer em países que são frágeis política e economicamente, e também em termos de meio ambiente.
A distribuição geográfica das populações está mudando rapidamente. Neste mesmo ano em que o mundo pode chegar a mais de 10 bilhões de pessoas, a Índia passará a China como a nação mais populosa.
A Nigéria será a quinta em população, Japão e Rússia não estarão mais entre as dez maiores populações mundiais, mas os Estados Unidos continuarão no grupo dos dez países mais populosos.
Para que os governantes produzam dividendos, e não desastres a partir desse crescimento mundial, é preciso implementar políticas integradas, foi o que um grupo de políticos e especialistas em população sugeriu em um dos painéis do Fórum de Davos.
Uma política para atender ao aumento da população tem que unir educação, criação de empregos, saúde e investimentos em recursos humanos.
A Coreia do Sul, durante o período de 1965 a 1980, demonstrou a eficácia dessas políticas integradas aliada a investimentos em infraestrutura física e a mercados abertos.
Dar poder para os jovens é fundamental para lidar com o crescimento da população.
Uma política educacional pode dar condições às jovens de escolher sobre sua fertilidade, aumenta a produtividade, e dá à mulher opções além da maternidade.
Estudos demonstram que a média de idade nos casamentos aumenta quando o nível educacional é mais elevado.
Uma política interligada faz com que os casais tenham acesso a informações sobre planejamento familiar e contracepção.
Bangladesh seria um exemplo de país que fez um grande progresso na educação feminina e tem conseguido taxas de nascimento declinantes.
Uma consequência do aumento da população mundial em 50% será a necessidade de a produção de comida dobrar.
Existem tecnologias para aumentar a produtividade das fazendas, mas outros problemas, como infraestrutura de armazenamento e corrupção, devem ser levados em conta, ressaltaram os especialistas.
Por outro lado, nações em desenvolvimento com um grande crescimento populacional podem ganhar, dependendo da idade média.
A Índia vai ter uma população de 685 milhões de pessoas em idade de trabalho por volta de 2015. Para se aproveitar desta vantagem competitiva, está fazendo um programa especial para a educação, tendo que treinar 4 milhões de professores primários.
Muitas das maiores pressões, como água, energia e segurança alimentar, vêm juntas com o desafio do crescimento populacional.
As desigualdades na distribuição de renda no mundo globalizado, exacerbadas pela entrada no mundo do consumo de milhões de pessoas que saíram da pobreza na última década nas diversas partes do mundo emergente, também foi tema de debates em Davos, com a certeza de que se não for possível reduzir essa diferença, estaremos criando um ambiente favorável a conflitos.
Se por um lado a ascensão social foi um fenômeno mundial registrado antes da crise de 2008, o aumento do consumo por novas populações traz problemas na cadeia de distribuição de alimentos, e as mudanças climáticas são um dos temas principais quando se discute essa reorganização.
Sobre esse assunto, o geógrafo Jared Diamond, professor na Universidade da Califórnia, Los Angeles, autor dos livros "Colapso e "Armas, germes e aço", há muito tempo tem refletido e já escreveu diversos trabalhos sobre o tema.
Quando o mundo tinha ainda 6,5 bilhões de pessoas, ele fez uma conta, e eu registrei na coluna, medindo a diferença de estilo de vida entre o Primeiro Mundo e os países emergentes.
Chegou à conclusão de que o índice médio de consumo de recursos naturais como óleo e metais, o desperdício de materiais como o plástico, e a produção de efeito estufa, são cerca de 32 vezes maior nos Estados Unidos, na Europa Ocidental, no Japão e na Austrália do que no mundo em desenvolvimento.
Mais do que o número de habitantes do planeta, Diamond adverte que o que importa é o total do consumo do mundo.
A China, com seu 1,3 bilhão de habitantes, está entre os países que melhoraram o nível de vida de sua população, embora ainda tenha um padrão de consumo 11 vezes abaixo dos Estados Unidos.
Pelos cálculos do geógrafo Jared Diamond, bastaria que somente a China conseguisse atingir o nível de consumo dos países desenvolvidos, sem que nenhum outro país alterasse seus padrões de consumo, nem aumentasse sua população, e mesmo que a imigração cessasse, para que o consumo mundial dobrasse.
E se todo o mundo em desenvolvimento conseguisse atingir os índices de consumo do Primeiro Mundo, seria como se o mundo passasse a ter 72 bilhões de habitantes.
Diamond diz que, em vez de pensar que o aumento de consumo seria um problema, teríamos que pensar que a ambição de atingir padrões do primeiro mundo é natural.
E, como o mundo não tem condições de manter o mesmo padrão de consumo para todos os seus habitantes, a solução seria reduzi-lo para que todos pudessem ter um consumo razoável, evitando os desperdícios.
Esse sentimento solidário seria uma saída para uma crise que se avizinha. Mas dificilmente a Humanidade atingirá este nível.
O consenso entre os especialistas é que o mundo chegará a ter uma população, por volta de 2050, de até 10,5 bilhões de pessoas. Uma previsão mais radical das Nações Unidas chega a elevar esse número para 16 bilhões de pessoas no final do século.
uma marca importante quando, em outubro de 2011, chegou a uma população de mais de 7 bilhões de pessoas.
Além do número em si, a questão é que quase todo esse crescimento vai ocorrer em países que são frágeis política e economicamente, e também em termos de meio ambiente.
A distribuição geográfica das populações está mudando rapidamente. Neste mesmo ano em que o mundo pode chegar a mais de 10 bilhões de pessoas, a Índia passará a China como a nação mais populosa.
A Nigéria será a quinta em população, Japão e Rússia não estarão mais entre as dez maiores populações mundiais, mas os Estados Unidos continuarão no grupo dos dez países mais populosos.
Para que os governantes produzam dividendos, e não desastres a partir desse crescimento mundial, é preciso implementar políticas integradas, foi o que um grupo de políticos e especialistas em população sugeriu em um dos painéis do Fórum de Davos.
Uma política para atender ao aumento da população tem que unir educação, criação de empregos, saúde e investimentos em recursos humanos.
A Coreia do Sul, durante o período de 1965 a 1980, demonstrou a eficácia dessas políticas integradas aliada a investimentos em infraestrutura física e a mercados abertos.
Dar poder para os jovens é fundamental para lidar com o crescimento da população.
Uma política educacional pode dar condições às jovens de escolher sobre sua fertilidade, aumenta a produtividade, e dá à mulher opções além da maternidade.
Estudos demonstram que a média de idade nos casamentos aumenta quando o nível educacional é mais elevado.
Uma política interligada faz com que os casais tenham acesso a informações sobre planejamento familiar e contracepção.
Bangladesh seria um exemplo de país que fez um grande progresso na educação feminina e tem conseguido taxas de nascimento declinantes.
Uma consequência do aumento da população mundial em 50% será a necessidade de a produção de comida dobrar.
Existem tecnologias para aumentar a produtividade das fazendas, mas outros problemas, como infraestrutura de armazenamento e corrupção, devem ser levados em conta, ressaltaram os especialistas.
Por outro lado, nações em desenvolvimento com um grande crescimento populacional podem ganhar, dependendo da idade média.
A Índia vai ter uma população de 685 milhões de pessoas em idade de trabalho por volta de 2015. Para se aproveitar desta vantagem competitiva, está fazendo um programa especial para a educação, tendo que treinar 4 milhões de professores primários.
Muitas das maiores pressões, como água, energia e segurança alimentar, vêm juntas com o desafio do crescimento populacional.
As desigualdades na distribuição de renda no mundo globalizado, exacerbadas pela entrada no mundo do consumo de milhões de pessoas que saíram da pobreza na última década nas diversas partes do mundo emergente, também foi tema de debates em Davos, com a certeza de que se não for possível reduzir essa diferença, estaremos criando um ambiente favorável a conflitos.
Se por um lado a ascensão social foi um fenômeno mundial registrado antes da crise de 2008, o aumento do consumo por novas populações traz problemas na cadeia de distribuição de alimentos, e as mudanças climáticas são um dos temas principais quando se discute essa reorganização.
Sobre esse assunto, o geógrafo Jared Diamond, professor na Universidade da Califórnia, Los Angeles, autor dos livros "Colapso e "Armas, germes e aço", há muito tempo tem refletido e já escreveu diversos trabalhos sobre o tema.
Quando o mundo tinha ainda 6,5 bilhões de pessoas, ele fez uma conta, e eu registrei na coluna, medindo a diferença de estilo de vida entre o Primeiro Mundo e os países emergentes.
Chegou à conclusão de que o índice médio de consumo de recursos naturais como óleo e metais, o desperdício de materiais como o plástico, e a produção de efeito estufa, são cerca de 32 vezes maior nos Estados Unidos, na Europa Ocidental, no Japão e na Austrália do que no mundo em desenvolvimento.
Mais do que o número de habitantes do planeta, Diamond adverte que o que importa é o total do consumo do mundo.
A China, com seu 1,3 bilhão de habitantes, está entre os países que melhoraram o nível de vida de sua população, embora ainda tenha um padrão de consumo 11 vezes abaixo dos Estados Unidos.
Pelos cálculos do geógrafo Jared Diamond, bastaria que somente a China conseguisse atingir o nível de consumo dos países desenvolvidos, sem que nenhum outro país alterasse seus padrões de consumo, nem aumentasse sua população, e mesmo que a imigração cessasse, para que o consumo mundial dobrasse.
E se todo o mundo em desenvolvimento conseguisse atingir os índices de consumo do Primeiro Mundo, seria como se o mundo passasse a ter 72 bilhões de habitantes.
Diamond diz que, em vez de pensar que o aumento de consumo seria um problema, teríamos que pensar que a ambição de atingir padrões do primeiro mundo é natural.
E, como o mundo não tem condições de manter o mesmo padrão de consumo para todos os seus habitantes, a solução seria reduzi-lo para que todos pudessem ter um consumo razoável, evitando os desperdícios.
Esse sentimento solidário seria uma saída para uma crise que se avizinha. Mas dificilmente a Humanidade atingirá este nível.