Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
sábado, janeiro 23, 2010
A falta de apelo e a apelação Editorial de O ESTADO DE S. PAULO
Com a inestimável contribuição do presidente do PSDB, o senador pernambucano Sérgio Guerra, o presidente Lula e a sua criatura eleitoral, a ministra Dilma Rousseff, deram esta semana a largada para o festival de capoeira política com que pretendem suprir as carências aparentemente insanáveis da candidata em se afirmar como presidenciável dotada de luz própria. No primeiro comício do ano, travestido de ação administrativa - a inauguração de uma barragem no empobrecido Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais -, a ministra acionou o seu conhecido temperamento agreste para instalar no coração do eleitorado o medo de que uma eventual vitória da oposição abra as portas para o desmanche dos programas sociais de Lula.
O pretexto para a investida foi uma entrevista do senador Guerra. Nela, com a sutileza de um helicóptero americano pousando diante do semidestruído palácio do governo do Haiti, Guerra anunciou que os tucanos acabarão com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), por se tratar de uma ficção. No diagnóstico, ele está certo. O PAC é uma invencionice publicitária para Lula mostrar serviço no descuidado setor de infraestrutura e turbinar o nome Dilma, "a mãe" do programa. Perto de 2/3 das 7.700 obras que o integram ainda não saíram do papel. Apenas 10% foram concluídas. Mas uma coisa é apontar o fiasco que expõe a lorota da capacidade gerencial da ministra. Outra é ajudar o presidente aprovado por 80% da população, prometendo acabar com seja lá o que for que tenha feito.
Deu no que deu. A declaração do senador - de tão desastrosa que poderia vir de um petista infiltrado na cúpula tucana - proporcionou a Dilma a chance de "chutar do peito para cima", como diria o seu patrocinador. "Vira e mexe querem acabar com algum programa do governo Lula. Em 2006, queriam acabar com o Bolsa-Família", aterrorizou. Dias depois, o Planalto propagou a versão de que ela tinha dado prova de traquejo ao chamar a oposição para a briga. Na realidade, observadores independentes registraram a esqualidez do desempenho da candidata, a sua fala desprovida de força e empatia genuínas, a sua atitude subalterna em relação ao chefe de quem é a antítese no quesito carisma e a quem não cessa de invocar para se associar a ele como que por osmose.
Eis por que Lula avisou que levará a ministra a tantas inaugurações quantas puder nestes primeiros três meses - só até o fim de fevereiro deverão ser pelo menos 11, em 7 Estados -, pois a partir de abril "a Dilma já não estará mais no governo e quem for candidato não pode nem subir no palanque comigo". A compreensível insegurança do presidente com os futuros voos solos da sua eleita o leva a exacerbar a mobilização do governo em seu favor e a escalar no vale-tudo.
Na quinta-feira, transformou a primeira reunião ministerial do ano em sessão de comitê eleitoral, reiterando a estratégia de fazer da sucessão um plebiscito. "Quero", anunciou autocraticamente, "fazer a campanha do quem sou eu e quem és tu." "Eu" não seria Dilma, mas o governo Lula, nem "tu" seria José Serra, mas o governo Fernando Henrique.
Num assomo de cinismo, mesmo para os seus padrões, exortou a equipe a evitar o "jogo rasteiro" da oposição, para que a disputa "não seja de baixo nível" - e de um só fôlego disse que Guerra é um "babaca". A grosseria não saiu sem querer. O autor sabia que ela seria relatada à imprensa. Foi, portanto, o prenúncio de um deliberado ciclo de selvageria política.
Diferentemente da ministra, que precisa tomar aulas de comunicação com o povo dia sim, o outro também - pelo visto, com resultados que devem desacorçoar os seus tutores -, ninguém precisa ensinar coisa alguma a Lula em matéria de xingatório de botequim. Ainda que a partir de abril Dilma não possa mais subir ao seu "palanque", ele poderá usar à farta as suas aparições públicas para agredir a oposição, seguro de que esta não poderá lhe dar o devido troco.
Os nexos entre a baixaria e as limitações da candidata são evidentes. Imagine-se, apenas para raciocinar, que Dilma tivesse a metade do poder do seu mentor para empolgar as massas e que a maioria dos brasileiros a considerasse um dos seus, a exemplo de Lula.
Nesse caso, o recurso à truculência na campanha seria supérfluo por definição.
É a completa falta de apelo de Dilma que acentua o pendor de Lula para a apelação.
Arquivo do blog
-
▼
2010
(1998)
-
▼
janeiro
(183)
- CELSO MING - Eles vão mal das pernas
- CLÓVIS ROSSI Porto Alegre em Davos
- DANUZA LEÃO O preço a pagar
- Suely Caldas:Mistério na Petrobrás
- Fagulhas autoritárias Gaudêncio Torquato
- Sergio Fausto - Liderança à altura
- Maria Helena Rubinato :Não se pode bater o sino e ...
- Tudo azul na mídia oficial Miro Teixeira
- Merval Pereira: Um processo virtuoso
- Ferreira Gullar:Casos e acasos
- Rubens Ricupero:: Todo ano é Haiti
- VEJA Edição 2150. 3 de fevereiro de 2010
- Celso Ming - Fatiar os bancos
- Luiz Garcia - Aposentados em Brasília
- Merval Pereira - Anticlímax
- Depois da queda Luiz Felipe Lampreia
- Truques fiscais - Regina Alvarez
- Merval Pereira Como controlar?
- Celso Ming - Participação nos lucros
- A China dominará o mundo?
- Exageros no Haiti Editorial de O Globo
- MERVAL PEREIRA As culpas de Davos
- Míriam Leitão Chavez sempre sobreviveu, mas desta ...
- Arrogância e falta de medida Rubens Ricupero
- Mais Europa, não menos - Celso Ming
- Lula e Davos Merval Pereira
- O Brasil e a Conferência de Copenhague Rubens Barbosa
- Haiti: na capital devastada, as cenas macabras que...
- Nobel da paz critica Lula (Giulio Sanmartini)
- A salvo da lei- Ricardo Noblat
- O mundo atrapalhado - Carlos Alberto Sardenberg
- Lula - imagem estilhaçada- Carlos Alberto Di Franco
- A anistia de Lula Daniel Piza
- Uma mulher e tanto José Serra
- Chavismo em crise
- A nova classe Merval Pereira
- Cavalo de Troia Celso Ming
- Comitê central Dora Kramer
- FERREIRA GULLAR Uns mentem, outros deliram
- DANUZA LEÃO Ser escrava
- VINICIUS TORRES FREIRE A política menor do plano O...
- Guerrilha e redemocratização IVES GANDRA DA SILVA ...
- A falta de apelo e a apelação Editorial de O ESTAD...
- Dora Kramer Parceria de adversários
- Atentado ao futuro
- Merval Pereira Máquina politizada
- Carta ao Leitor
- Entrevista Peter Ward
- Claudio de Moura Castro
- Radar Lauro Jardim
- O Google enfrenta o governo chinês
- Manuscrito das memórias de Newton está na internet
- Novas descobertas sobre um povo antigo do Acre
- O novo número 1 do tabuleiro
- Maílson da Nóbrega
- O eleitor escolheu a direita
- O ex-senador John Edwards reconhece filha ilegítima
- Diogo Mainardi
- Invictus, uma história de Nelson Mandela
- Zumbilândia, uma comédia com mortos-vivos
- A Senhora do Jogo, de Sidney Sheldon, supostamente
- VEJA Recomenda e Os mais vendidos
- J. R. Guzzo
- Reinaldo Azevedo:O FALSÍSSIMO EM VERISSIMO. OU: A ...
- Merval Pereira Troca de chumbo
- Dora Kramer Desmonte exemplar
- MERVAL PEREIRA - Parcerias estratégicas
- O rombo vai aumentar - Celso Ming
- Comparação incomparável - Dora Kramer
- O Bonaparte ausente : Demétrio Magnoli
- O assalto ao poder, fase 2 : Rolf Kuntz*
- Desaquecimento chinês está próximo: Chris Oliver*
- 'Marolinha' foi vagalhão : Roberto Macedo
- CUT prepara greves em apoia à Dilma
- A DITADURA DE ESQUERDA CHEGANDO. VINGANÇA OU MALUQ...
- Merval Pereira -Forjando a união
- Dora Kramer - Banho de sol
- Celso Ming A população envelhece
- O fantasma da vingança espreita a eleição José Nê...
- O Chile e nós - Merval Pereira
- Míriam Leitão Desafios e riscos
- Heróis ou vilões? -/Rodrigo Constantino
- As novas bolhas Celso Ming
- Pernas curtas Dora Kramer
- Anistia é irreversível PAULO BROSSARD
- O Capoeirista-Mary Zaidan
- Um desumano Programa de Direitos Humanos PAULO RAB...
- Ricardo Noblat Serra vai bem, obrigado!
- Marco Antonio Rocha O plano para pôr a Ágora no poder
- Direitos humanos Denis Lerrer Rosenfield
- Direitos desumanos /Ives Granda Martins Filho
- A Venezuela e a maldição do petróleo Adriano Pires
- CELSO MING - "Quero o meu de volta"
- AUGUSTO NUNES:O Haiti não precisa de circo
- Amargo começo - Miriam Leitão
- Argentina: mandar todos embora, outra vez? JOAQUÍN...
- Demétrio Magnoli -Direitos humanos reciclavéis
- Dora Kramer Instituição questionada
- Merval Pereira:: O papel de cada um
- Surtos e sustos Gaudêncio Torquato
-
▼
janeiro
(183)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA