THE NEW YORK TIMES
O Estado de S. Paulo - 21/01/2010
Depois de mais de 25 anos de rápido crescimento, a economia chinesa baseada na exportação está fadada a um grande desaquecimento, mesmo com o país investindo pesado para manter seu vigor. É o que diz um especialista estudioso das causas da crise financeira global.
Para o renomado economista e autor Richard Duncan, diante do lento crescimento global e um consumidor sem recursos nos Estados Unidos, há poucas esperanças de que a China conseguirá manter em movimento por muito mais tempo uma economia movida pelas suas fábricas.
"Nos últimos 25 anos, a China adotou um modelo de crescimento conduzido pelas exportações e depois vem dando murros em ponta de faca com a economia americana em crise", disse Richard Duncan em entrevista para o Market Watch.
Duncan foi chefe da área de estratégia de investimentos globais do ABN Amro, com sede em Londres. Em 2003 escreveu "The Dollar Crisis" (A Crise do dólar), onde alertou que os desequilíbrios no comércio global provocariam um colapso do sistema financeiro.
Para ele, a China está em apuros por causa do crédito excessivo. Anos de empréstimo fácil e entradas de capital estrangeiro cada vez maiores sobrecarregaram a economia com um excedente de capacidade industrial, a ponto de a China hoje produzir mais do que consome.
As expectativas de que Pequim conseguirá estimular o consumo doméstico para preencher o vazio não se concretizarão, disse ele, uma vez que os salários são baixos demais para suportar uma demanda suficientemente significativa que devolva a lucratividade para o setor corporativo.
A implosão de Dubai por causa do endividamento, no ano passado, reduziu e muito a lista dos que conseguiram evitar ser as próximas vítimas da crise financeira, disse ele.
"Toda bolha estoura....e a China não será uma exceção indefinidamente", disse ele. A China não é a única a se defrontar com uma desaceleração do crescimento econômico.
Muitas economias asiáticas que dependem das exportações terão dificuldades à medida que a crise global provar ser mais estrutural do que cíclica, disse Duncan.
Manter a moeda desvalorizada ante o dólar, na tentativa de impulsionar as exportações, já não é mais uma alternativa viável para a economia crescer, disse o especialista.
O mais recente trabalho de Duncan ? "The Corruption of Capitalism: A Strategy to Rebalance the Global Economy and Restore Economic Growth" (A corrupção do capitalismo: uma estratégica para reequilibrar a economia global e restaurar o crescimento econômico) ? examina porque o sistema financeiro global implodiu e chega a algumas conclusões duras.
Duncan diz que não há esperança de ressuscitar um sistema comercial global escorado pelo "LSD monetário" ? termo cunhado por um ministro francês da Economia, nos anos 70, para descrever o sistema cambial flutuante implantado com o fim do padrão ouro.
A bolha de crédito que levou os preços dos imóveis nos Estados Unidos às alturas em 2006 ? mesmo ano em que o déficit de conta corrente americano inflou para quase US$ 800 bilhões ? foi o momento culminante da desordem monetária que se iniciou com o desaparecimento do sistema de Bretton Woods nos anos 70, disse.
O colapso subsequente que aniquilou grande parte do sistema bancário do país foi o equivalente a uma "Nova Depressão".
E esse apoio do governo provavelmente vai se tornar um elemento permanente da paisagem financeira nos próximos anos, ou décadas. "O Japão é um exemplo muito bom do que deve suceder nos Estados Unidos e na China", diz.
A boa notícia é que o governo americano deverá financiar os enormes déficits orçamentários sem recorrer à impressão de mais dinheiro, disse Duncan.
A margem de manobra propiciada por esses gastos financiados pelo déficit darão ao antigo motor da economia global uma janela de aproximadamente cinco a dez anos para ela se reestruturar em torno dos setores de alta tecnologia do futuro. A chave, diz, é não desperdiçar o estímulo financeiro.
Duncan defende uma estratégia agressiva de ajuda, de trilhões de dólares, para apoiar setores como o de biotecnologia e energia solar.
A ideia é dar aos Estados Unidos uma liderança "insuperável" no campos das novas tecnologias. E isso significa produzir bens que o mundo necessita e que não podem ser produzidos em outras partes a preços mais baixos.
*O autor é jornalista
Entrevista:O Estado inteligente
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