O GLOBO
Este ano começou animado no mercado de fusões e aquisições. Aqui e no exterior diariamente saem notícias sobre novas operações ou ofertas. A crise atingiu algumas empresas tornando-as vulneráveis ao ataque de concorrentes mais fortes, o dólar fraco aumentou as chances para companhias brasileiras no exterior. Há muitos motivos para a agitação neste mercado e desafios para os órgãos reguladores.
A crise do ano passado num primeiro momento parou todo o mercado pelo aumento da aversão ao risco e falta de crédito. Em seguida, como fragilizou inúmeras empresas, acabou abrindo oportunidades que têm sido aproveitadas por concorrentes. No agregado, o começo da crise não foi de crescimento do mercado de fusões, mas houve casos emblemáticos, como os da Sadia e Perdigão, e Votorantim e Aracruz.
No exterior, também houve casos de resgate de empresas. O real forte cria um ambiente especialmente propício para companhias brasileiras fazerem aquisições no exterior porque grupos tradicionais estão com baixo preço de ativos. As operações devem acontecer em setores de Tecnologia da Informação; Alimentos e bebidas; e Telecomunicações, segundo especialistas.
Difícil é saber o número exato de fusões de 2009. Cada consultoria tem um número. Pelos dados da Pricewaterhouse Coopers, em 2009 houve estabilidade na comparação com 2008, com 644 fusões contra 643. Já pelo balanço da KPMG, houve redução de 30%. Os números da Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae) são mais parecidos com os da KPMG. Segundo a Seae, foram 467 os casos de "concentração", como eles dizem, que deram entrada por lá para análise. Isso é 27% menos do que no ano anterior.
Contabilidade à parte, os números indicam que houve uma queda no começo do ano, e crescimento no final.
- A partir do segundo semestre de 2009, com a recuperação, o número de fusões voltou a acelerar e agora entramos em 2010 com a expectativa de quebrar o recorde de 721 negócios de 2007 - afirmou o economista da Pricewaterhouse Alexandre Pierantoni.
De setembro de 2008, quando começou a crise, ao fim de 2009, foram negócios bilionários. Além da fusão entre Sadia e Perdigão, criando a Brasil Foods, houve a união entre Itaú e Unibanco; a compra do Nossa Caixa pelo Banco do Brasil; a aquisição das operações do UBS no Brasil pelo banco BTG; a compra do Banco Votorantim pelo BB; da Aracruz pela Votorantim Celulose e Papel; do banco Ibi pelo Bradesco; da CPFL pela Camargo Corrêa; do Ponto Frio pelo Pão de Açúcar. E ainda a fusão entre o Pão de Açúcar e as Casas Bahia.
As operações têm criado desafios para os reguladores brasileiros. O processo de decisão sobre concentração continua no Brasil dividido em três órgãos diferentes. A Seae, a SDE (Secretaria de Defesa Econômica) e o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). O Congresso ainda não aprovou a criação da nova agência reguladora. O secretário de acompanhamento econômico, Antônio Henrique Pinheiro, acha que a nova regulamentação será positiva.
- É extremamente positiva porque hoje os órgãos de defesa da concorrência só se manifestam depois que as fusões estão acertadas entre as empresas. Pela nova lei, haverá uma análise prévia para dizer se a fusão é possível ou não. Depois do fato ter se concretizado, haverá uma nova análise - disse.
A CVM não tem conseguido dar uma resposta satisfatória aos casos em que há dúvidas sobre vazamento da informação. O salto espetacular que houve na valorização das ações da Globex, veículo usado pelo Pão de Açúcar na operação com as Casas Bahia, é só um exemplo da impotência do órgão.
O capital nacional esteve presente em 64% das transações em 2009, com forte presença do BNDES. No caso da Perdigão comprando a Sadia, por exemplo, o BNDES financiou a operação e ainda comprou participação. A compra da Brasil Telecom pela Oi, ainda em 2008, foi financiada por um mega empréstimo do banco público.
Aqui e lá fora os anúncios de operações são quase diários. A Kraft aumentou sua oferta hostil pela Cadbury, depois de ter vendido uma unidade de pizza para a Nestlé. A Heineken anunciou a compra da rival mexicana Femsa, que fabrica a Kaiser no Brasil; Petrobras e Brasken estão negociando a compra da Quattor, que vai formar uma mega empresa na área petroquímica. Camargo Corrêa fez proposta pela Cimpor, que havia recebido oferta da CSN. Enfim, dia sim, dia não, acontecem anúncios de propostas, ofertas hostis, fechamento de operações.
No mundo, o número e o valor das transações em 2009 caiu 27% em relação a 2008, de acordo com a consultoria americana Mergermarket. Mas os processo de fusões de empresas com insolvência foram recorde histórico: 543, o que corresponde a soma dos três anos anteriores. Em valores, as operações de insolvência cresceram 370% em relação a 2008, totalizando US$95,5 bilhões.
No Brasil, em alguns setores, a crise fez com que o processo de fusões se intensificasse. Foi o que aconteceu com o setor de açúcar e álcool. André Castello Branco, sócio de finanças corporativas da KPMG, explica que as empresas do segmento estavam fortemente alavancadas porque investiram muito nos últimos anos, acreditando num boom de vendas de etanol. Quando chegou a crise de crédito, no final de 2008, a solução para muitas foi o processo de fusão.
No final de 2009, o segundo maior grupo sucroalcooleiro do país, Santelisa Vale, teve 60% da participação comprada pelo grupo francês Louis Dreyfus Commodities (LDC). No setor de carnes, a JBS Friboi foi ao exterior comprar a Pilgrims Pride, maior abatedor de frangos dos EUA.
A valorização do real e o baixo preço de muitos ativos vão levar empresas brasileiras a buscar opções de compra no exterior. Este será um ano intenso.
Entrevista:O Estado inteligente
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