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A UNE, fábrica de carteirinhas que dão direito à meia-entrada, é monitorada por militantes do Partido Comunista do Brasil, que prega a instauração da ditadura do proletariado. Nesse regime de partido único, não há eleições livres e oposicionistas se reúnem só na cadeia. "Em nome da democracia", que sempre menosprezou por ser coisa de burguês, a UNE exige a volta de Manuel Zelaya à presidência de Honduras.
O MST faz de conta que luta pela reforma agrária para declarar guerra ao sistema capitalista. Quem deseja a morte do capitalismo só pode sonhar com a ressurreição do comunismo, que sobrevive na semiclandestinidade com o codinome "socialismo revolucionário". O MST acha que o direito de propriedade é um odioso privilégio das elites dominantes, que o convívio dos contrários é conversa fiada de neoliberal e que quem não pensa assim merece a guilhotina. "Em nome da liberdade" que sempre menosprezou por ser coisa de reacionário, a sigla fora-da-lei exige a volta de Zelaya ao emprego que perdeu.
O PT está sob o controle de remanescentes dos grupos extremistas que embarcaram na luta armada contra o regime militar. O cientista político Daniel Aarão Reis, ex-dirigente de uma dessas organizações, analisou todos os documentos produzidos nos anos 60 e 70 pelos prolixos comandantes da guerrilha urbana. São quilômetros de parágrafos. A palavra democracia não aparece uma única vez. Nenhuma. A turma não queria a restauração da democracia. Queria substituir a ditadura militar pela ditadura do proletariado. Hoje no PT, os nostálgicos dos anos de chumbo também exigem a volta de Zelaya. "Em nome da democracia", claro.
A soma dessas más companhias não permite afirmar que o novo chefe de governo de Honduras é o homem certo. Mas é mais que suficiente para convencer até um bebê de colo de que Manuel Zelaya é o homem errado