FOLHA DE S. PAULO
O aumento no volume de crédito ao setor privado mostra o extraordinário dinamismo da economia
OS ANALISTAS contam com dados semanais para acompanhar a dinâmica da economia brasileira. O Brasil é o país das estatísticas econômicas. Em minhas conversas, sempre dou o exemplo das informações sobre o nosso comércio exterior, disponíveis todas as segundas-feiras.
Nos Estados Unidos, é preciso esperar dois meses para ter acesso aos números mensais de importação e de exportação.
Essa abundância de dados é uma herança de épocas passadas, quando olhávamos para os dados econômicos como quem acompanha os sinais vitais de um paciente preso a uma UTI sofisticada. Estou convencido de que informações em excesso atrapalham o trabalho dos economistas.
Afogados em uma floresta de dados, perdem a visão geral e não acompanham as evoluções de prazo mais longo do tecido econômico. Na Quest Investimentos, onde exerço minha profissão com gosto e empenho, procuro evitar essa armadilha reservando boa parte do meu tempo para acompanhar os movimentos de mais longo prazo, muitas vezes pouco visíveis. Com essa posição, consigo ler de forma diferente várias informações a que tenho acesso no dia a dia.
Na semana passada, ao acompanhar o noticiário diário de várias agências de notícias, deparei-me com a informação de que o volume de títulos privados de crédito em circulação no Brasil igualou o de títulos públicos. Confesso que levei um choque. Uma das características marcantes de nosso mercado financeiro sempre foi a insaciável absorção de recursos financeiros pelo governo federal, ficando o setor privado de lado. Os economistas chamam isso de "crowding out".
Com minha atenção voltada para essa informação, pedi a Marina Santos, que trabalha comigo, que consolidasse os dados. O resultado foi impressionante. Em dezembro de 2002, o volume de títulos de crédito de responsabilidade do Tesouro no mercado brasileiro -sem contar os emitidos no exterior- era sete vezes maior do que o emitido por empresas privadas.
Pois em maio deste ano essa relação tinha caído para 1,14 vez. Essa mesma comparação, usando como medida de crédito privado o total de crédito bancário mais os títulos negociados no mercado de capitais, nos mostra o mesmo comportamento: a relação caiu de 2,1 em dezembro de 2002 para apenas 0,8 em maio deste ano.
Outra forma de olhar esses números é considerar a taxa de crescimento de cada um. No caso da dívida pública, tivemos um crescimento anual de 5% nesse período; já a dívida privada (crédito bancário mais os papéis emitidos no mercado de capitais) aumentou à taxa de 24% ao ano, velocidade muito superior à do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) nominal.
Esses números mostram um fenômeno pouco destacado no debate de hoje: o tamanho relativo do setor público reduziu-se de forma importante desde a época das privatizações. O aumento no volume de crédito ao setor privado mostra o extraordinário dinamismo da economia brasileira. A guinada conservadora do governo Lula na economia e a bonança mundial permitiram ao setor privado crescer muito mais do que a área estatal.
Esse fenômeno seria ainda mais vibrante se o governo tivesse aproveitado esse bom momento para: 1) exigir do Estado brasileiro um aumento de sua produtividade; e 2) reformar as regras de funcionamento de setores importantes como estradas, ferrovias e portos. Mas, pelo menos, deixamos para trás o aleijão de muitas décadas que era o governo expulsando o setor privado dos mercados de crédito.
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
Arquivo do blog
-
▼
2009
(3759)
-
▼
julho
(384)
- Clipping de 31/07/2009
- Dora Kramer Tigre de papel
- Celso Ming-Parar pra ver
- Merval Pereira -A nova classe
- Segunda onda Fernando Gabeira
- Luiz Carlos Mendonça de Barros A mensagem do Copom
- Míriam Leitão Ordem do futuro
- EDITORIAIS-31/7/2009
- Clipping de 30/07/2009
- Celso Ming Não é mais o mesmo
- Perigo à vista para o futuro do pré-sal David Zylb...
- O orçamento da eleição permanente: Rolf Kuntz
- Editoriais
- Míriam Leitão Visão turva
- Dora Kramer Operação mãos sujas
- Merval Pereira Sem solução
- EDITORIAIS
- Clipping de 29/07/2009
- Niall Ferguson,“Chimérica” é o grande desafio
- Celso Ming,É mesmo preciso mudar?
- PAULO RABELLO DE CASTRO O novo cenário WWW
- RUY CASTRO Dependência e morte
- Los hermanos Miriam Leitão
- Merval Pereira Pouco risco
- Dora Kramer O olho do juiz
- O PAC, cada vez mais caro
- Vamos proclamar a República? Sandra Cavalcanti
- Celso Ming -Os bancos reagem à caderneta
- Clipping de 28/07/2009
- Míriam Leitão Preço da concessão
- Yoshiaki Nakano A vez dos países emergentes
- EDITORIAIS
- Dora Kramer Caminhando contra o vento
- Merval Pereira Plebiscito ou eleição?
- Rubens Barbosa,CONTRADIÇÃO INTERNA
- EDITORIAIS
- Clipping de 27/07/2009
- O problema é Chávez Igor Gielow
- O outono do patriarca Marco Antonio Villa
- O enigma PAULO GUEDES
- O dever da liberdade Carlos Alberto Di Franco
- O Brasil precisa de mais Carlos Alberto Sardenberg
- Um garoto de sucesso
- Como nunca antes na história
- E o general Golbery, afinal, não se enganou José d...
- AUGUSTO NUNES A soma que jamais deu certo
- EDITORIAIS
- Fazer a coisa certa Suely Caldas
- Melhorar é possível Dora Kramer
- MARIANO GRONDONA El peronismo, entre la lealtad y ...
- JOAQUÍN MORALES SOLÁ Un cambio de roles entre los ...
- Vasto mundo Miriam Leitão
- A gripe suína num boteco do Leblon JOÃO UBALDO RIB...
- Nem Chávez nem Fujimori Sergio Fausto
- Pupilos de Lula no divã Gaudêncio Torquato
- Sonda errada Miriam Leitão
- EDITORIAIS
- Choque e eufemismo Cesar Maia
- Moralidade, Hitler e paisagens Clóvis Rossi
- Salve-se quem (ainda) puder Dora Kramer
- VEJA Carta ao Leitor
- VEJA Entrevista Steven Marks A falha foi do Airbus
- Cidades Espírito de cacique cuida do clima para go...
- A fase nada boa do craque Romário
- Saúde A finasterida e o câncer de próstata
- Ambiente A contaminação das praias cariocas
- Ciência Os chimpanzés também morrem de aids
- Há vagas para brasileiros: nos Emirados
- A ópera-bufa de Berlusconi
- Entrevista: Avigdor Lieberman, chanceler israelense
- Itaipu A luz vai subir
- O impacto do novo corte na Selic
- O Cade multa a AmBev em 352 milhões
- Daniel Dantas: os erros e acertos do processo
- Os novos magros do Congresso
- A UNE assume a chapa-branca
- Petrobras Uma chance para aumentar a transparência
- Gripe: há motivo para pânico?
- Brasil Sarney: retrato do fisiologismo.
- Lya Luft Crime e Castigo
- MILLÔR
- Radar
- Maílson da Nóbrega Ludopédio no gramado
- Roberto Pompeu de Toledo Mártires da glória
- O cinquentenário da morte de Villa-Lobos
- Entrevista: Brüno (ex-Borat)
- O Grupo Baader Meinhof
- VEJA Recomenda
- da Veja Os mais vendidos
- AUGUSTO NUNES Quem está pagando as contas do hondu...
- Simpáticos, cordiais e canalhas Nelson Motta
- O presidente sem autocensura
- Editoriais
- Clipping de 24/07/2009
- Melhorou Celso Ming
- Fora de esquadro Dora Kramer
- Anormal profundo Panorama Econômico - Mírian Leitão
- Além dos números tradicionais Luiz Carlos Mendonça...
- CARLOS ALBERTO SARDENBERG O atraso e as pesquisas
- Juro menor pesa mais no investimento Alberto Tamer
-
▼
julho
(384)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA