O Estado de S. Paulo - 22/07/2009 |
O novo presidente da União Nacional dos Estudantes, Augusto Chagas, acha "legítimo" o governo federal patrocinar o "movimento estudantil" e não vê, portanto, fundamento nas críticas ao fato de a UNE receber milhares de reais dos cofres públicos para realizar o seu congresso nacional e muitos milhões para reconstruir sua sede. É uma maneira de ver a vida. Bem como é uma opção da entidade apoiar o grupo político que bem entender. Se o "movimento estudantil" se sente representado, confortável, ou não, nessa posição, é uma questão a ser resolvida entre os estudantes, a direção da UNE e os saudosos do velho espírito combativo retratado no lema "a UNE somos nós, nossa força, nossa voz". Há algum tempo, a voz passou a ter um dono só. E, por isso mesmo, o público - ou parte dele - tem todo o direito de reclamar o destino do dinheiro coletivo. Bem como não tem mais condições de vislumbrar a mais tênue diferença entre um político que recebe favores do Estado para integrar a maioria do governo no Congresso e uma entidade que se curva a qualquer descalabro em troca de dinheiro em espécie. O novo presidente da UNE, um estudante profissional de 27 anos de idade, eleito por pouco mais de 2 mil estudantes em pleito indireto e há anos devidamente manipulado pelo aparelho do PC do B, acha que protestar contra a CPI da Petrobrás sob o gentil patrocínio do acionista majoritário da empresa é exercer o sagrado direito à liberdade de expressão. "Não vejo problema no fato de a UNE ter opinião", diz, aproveitando o ensejo para se associar a quem lhe paga (com o dinheiro alheio) no repúdio aos reparos - gerais, não só da oposição como quer fazer crer em seu sofisma - à presença na presidência do Senado e conduta moral e legal do senador José Sarney. "A mera saída de Sarney não resolve nada", afirma como quem adere à campanha "eu também me lixo para a opinião pública". Realmente, "a mera saída" não resolve e pode até mesmo servir como lenitivo para aplacar consciências. Por isso mesmo, o que se defende não é a "mera saída" por conta das irregularidades gerais cometidas na Casa, mas o afastamento por causa das denúncias de malversação do poder político que pesam contra o senador e a escolha de um presidente que possa conduzir o Senado para fora do mar de lama. Mas tal providência não mobiliza a UNE, assim como aos estudantes do Brasil não parece causar desconforto esse tipo de posição por parte de alguém que diz representá-los. Há duas possibilidades de explicação para a indiferença, uma ruim e outra péssima. A ruim, a ausência de legitimidade real da entidade. A péssima, o desinteresse da estudantada em tratar as questões nacionais com mais seriedade que protestos carnavalescos movidos ao horroroso simbolismo da "pizza". O novo presidente da UNE não estabelece relação de causa e efeito entre a dinheirama ganha do governo federal e o protesto contra a CPI da Petrobrás. "Não acreditamos que a CPI tenha o objetivo de apurar irregularidades." Não seria, então, o caso de esperar o início dos trabalhos e, uma vez configurada como verdadeira essa desconfiança, protestar contra a falta de empenho na investigação? Talvez o novo presidente da UNE não tenha se dado conta, mas defende a mesma posição da tropa de choque comandada por Renan Calheiros, certamente alvo de zombaria e indignação nas rodas de sua convivência social, política e familiar. O novo presidente da UNE ficaria chocado se comparado ao suplente Wellington Salgado? Pois não deveria. Ter opinião é uma coisa. Isso o novo presidente da UNE faz quando revela sua preferência pela candidatura da ministra Dilma Rousseff. Quanto a isso, é como ele diz, não há nenhum problema. A história muda de figura quando essa opinião é vendida como mercadoria. Repetindo: ter opinião é uma coisa. Vendê-la é outra bem diferente. Implica uma decisão consciente, no mínimo, de abrir mão da moral para criticar o fisiologismo reinante na casa do vizinho. Isso vale para a UNE, mas vale também para sindicatos e entidades ditas representativas de movimentos sociais, cuja função não é atacar ou defender governos, mas lutar pelas demandas de seus representados e, quando acham que devem, se engajar nas melhores causas. Sem prejuízo da opinião, mas também sem benefícios financeiros. Como dois e dois Tão certo quanto o espetáculo à parte que o presidente do Conselho de Ética do Senado, o suplente Paulo Duque, continuará estrelando até ser derrubado do posto, é o arranca-rabo que se avizinha no comando da CPI da Petrobrás. Entre o presidente, o suplente petista João Pedro, e o relator, o pemedebista Romero Jucá. Guardadas as proporções, reproduzirá o embate PT-PMDB no esquema de defesa do presidente da Casa, José Sarney. É de se conferir se aí também o presidente Lula fará o mesmo tipo de arbitragem. |
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
quarta-feira, julho 22, 2009
Dora KramerTeúdos e manteúdos
Arquivo do blog
-
▼
2009
(3759)
-
▼
julho
(384)
- Clipping de 31/07/2009
- Dora Kramer Tigre de papel
- Celso Ming-Parar pra ver
- Merval Pereira -A nova classe
- Segunda onda Fernando Gabeira
- Luiz Carlos Mendonça de Barros A mensagem do Copom
- Míriam Leitão Ordem do futuro
- EDITORIAIS-31/7/2009
- Clipping de 30/07/2009
- Celso Ming Não é mais o mesmo
- Perigo à vista para o futuro do pré-sal David Zylb...
- O orçamento da eleição permanente: Rolf Kuntz
- Editoriais
- Míriam Leitão Visão turva
- Dora Kramer Operação mãos sujas
- Merval Pereira Sem solução
- EDITORIAIS
- Clipping de 29/07/2009
- Niall Ferguson,“Chimérica” é o grande desafio
- Celso Ming,É mesmo preciso mudar?
- PAULO RABELLO DE CASTRO O novo cenário WWW
- RUY CASTRO Dependência e morte
- Los hermanos Miriam Leitão
- Merval Pereira Pouco risco
- Dora Kramer O olho do juiz
- O PAC, cada vez mais caro
- Vamos proclamar a República? Sandra Cavalcanti
- Celso Ming -Os bancos reagem à caderneta
- Clipping de 28/07/2009
- Míriam Leitão Preço da concessão
- Yoshiaki Nakano A vez dos países emergentes
- EDITORIAIS
- Dora Kramer Caminhando contra o vento
- Merval Pereira Plebiscito ou eleição?
- Rubens Barbosa,CONTRADIÇÃO INTERNA
- EDITORIAIS
- Clipping de 27/07/2009
- O problema é Chávez Igor Gielow
- O outono do patriarca Marco Antonio Villa
- O enigma PAULO GUEDES
- O dever da liberdade Carlos Alberto Di Franco
- O Brasil precisa de mais Carlos Alberto Sardenberg
- Um garoto de sucesso
- Como nunca antes na história
- E o general Golbery, afinal, não se enganou José d...
- AUGUSTO NUNES A soma que jamais deu certo
- EDITORIAIS
- Fazer a coisa certa Suely Caldas
- Melhorar é possível Dora Kramer
- MARIANO GRONDONA El peronismo, entre la lealtad y ...
- JOAQUÍN MORALES SOLÁ Un cambio de roles entre los ...
- Vasto mundo Miriam Leitão
- A gripe suína num boteco do Leblon JOÃO UBALDO RIB...
- Nem Chávez nem Fujimori Sergio Fausto
- Pupilos de Lula no divã Gaudêncio Torquato
- Sonda errada Miriam Leitão
- EDITORIAIS
- Choque e eufemismo Cesar Maia
- Moralidade, Hitler e paisagens Clóvis Rossi
- Salve-se quem (ainda) puder Dora Kramer
- VEJA Carta ao Leitor
- VEJA Entrevista Steven Marks A falha foi do Airbus
- Cidades Espírito de cacique cuida do clima para go...
- A fase nada boa do craque Romário
- Saúde A finasterida e o câncer de próstata
- Ambiente A contaminação das praias cariocas
- Ciência Os chimpanzés também morrem de aids
- Há vagas para brasileiros: nos Emirados
- A ópera-bufa de Berlusconi
- Entrevista: Avigdor Lieberman, chanceler israelense
- Itaipu A luz vai subir
- O impacto do novo corte na Selic
- O Cade multa a AmBev em 352 milhões
- Daniel Dantas: os erros e acertos do processo
- Os novos magros do Congresso
- A UNE assume a chapa-branca
- Petrobras Uma chance para aumentar a transparência
- Gripe: há motivo para pânico?
- Brasil Sarney: retrato do fisiologismo.
- Lya Luft Crime e Castigo
- MILLÔR
- Radar
- Maílson da Nóbrega Ludopédio no gramado
- Roberto Pompeu de Toledo Mártires da glória
- O cinquentenário da morte de Villa-Lobos
- Entrevista: Brüno (ex-Borat)
- O Grupo Baader Meinhof
- VEJA Recomenda
- da Veja Os mais vendidos
- AUGUSTO NUNES Quem está pagando as contas do hondu...
- Simpáticos, cordiais e canalhas Nelson Motta
- O presidente sem autocensura
- Editoriais
- Clipping de 24/07/2009
- Melhorou Celso Ming
- Fora de esquadro Dora Kramer
- Anormal profundo Panorama Econômico - Mírian Leitão
- Além dos números tradicionais Luiz Carlos Mendonça...
- CARLOS ALBERTO SARDENBERG O atraso e as pesquisas
- Juro menor pesa mais no investimento Alberto Tamer
-
▼
julho
(384)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA