O ESTADO DE S. PAULO
Para todos os efeitos, PT, PMDB e PSDB atuam nas eleições das presidências da Câmara e do Senado já na condição de protagonistas da campanha eleitoral de 2010.
Mas as ações em curso não se entendem com a lógica da sucessão presidencial. Vejamos o PSDB, tido como o fiel da balança no Senado.
Diz que apoia o nome de José Sarney a fim de assegurar o apoio do PMDB ao candidato tucano a presidente da República e de não dar a presidência da Casa ao PT para não reforçar o adversário de daqui a dois anos.
Ora, se o candidato for o governador José Serra, como parece hoje, Sarney não ficará com ele em nenhuma circunstância. Ou, se ficar, será por conta dos ditames do poder, o que independe dos votos tucanos na disputa de agora.
Além disso, a adesão a Sarney não agrada, para dizer o mínimo, ao grupo do PMDB dito "da Câmara" - de vínculos estreitos com o tucanato - pelo potencial de prejuízo que essa candidatura pode causar aos planos de Michel Temer, presidente do partido, de se eleger à presidência da Câmara.
Por que interessaria ao PSDB pôr em risco os projetos da ala amiga para agradar à inimiga? Seria se arriscar a perder o certo e não ganhar o duvidoso.
Quanto ao apoio ao PT, não seria novidade nem teria necessariamente o condão de produzir desdobramentos.
Em 2007 muito se especulou a respeito do apoio do PSDB, notadamente dos governadores José Serra e Aécio Neves ao petista Arlindo Chinaglia para a presidência da Câmara.
O PSDB alegava respeito ao princípio da proporcionalidade, sendo que o PMDB era a maior bancada da Casa. Os tucanos ponderaram, então, que seguiam o acordo firmado entre PT e PMDB para um rodízio futuro.
Ninguém acreditou. A interpretação à época foi a de que Aécio queria mesmo é ter a primeira vice-presidência, na figura do deputado Nárcio Rodrigues, e que Serra já se ajeitava com o PT com vistas a amenizar conflitos e, no ensejo, levar o PSDB à presidência da Assembleia Legislativa da Bahia, onde dispunha de dois deputados. Uma ode à proporcionalidade, não?
O futuro chegou e aquele rodízio tão celebrado anda na corda bamba. O PMDB resolveu levar os termos do acerto ao pé da letra e ignorar que nas entrelinhas estava implícita a inclusão do Senado no acordo pelo qual a vez agora caberia ao PT na presidência.
Se não mudar de ideia nos próximos dez dias, o PSDB estará linha contrária ao compromisso que dizia seguir dois anos atrás.
Se decisão é mesmo produto de duas intenções - não fortalecer o PT, adversário em 2010, e reforçar os músculos do PMDB com o intuito de conquistar para a candidatura Serra o partido em geral e o grupo de Sarney em particular -, então era falsa a conclusão sobre os agrados de Serra ao PT com vistas a 2010.
Ou a estratégia de 2007 não resistiu ao tempo e à imposição das circunstâncias. Do mesmo modo como as jogadas de agora podem não sobreviver aos fatos.
Se é que o fato no horizonte é mesmo a sucessão presidencial e não uma mera disputa de poder no âmbito do Congresso.
O método
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra chega aos 25 anos, carcomido pelo desgaste. É uma sombra do que já foi, um best-seller do passado, quando chegou a amealhar 70% do apoio da população nas pesquisas de opinião.
Muito da situação minguante se deve ao governo Luiz Inácio da Silva, o mais leniente com as ilegalidades do MST e companhia, mas o mais indiferente às reivindicações do movimento.
Talvez porque o conheça por dentro e sabe que não há reivindicações de fato em jogo. O que há é uma maneira de confrontar o Estado e a sociedade sob a ótica do conflito pelo conflito.
Objetivamente, a indulgência traduzida na indiferença resultou em perdas: redução brutal dos assentamentos, do número acampamentos, das verbas federais carreadas para a sustentação do movimento por iniciativa do governo Fernando Henrique Cardoso, compelido pelo PT a tratar com fidalguia os "movimentos sociais". Ainda que ilegais, sem razão social nem reconhecimento jurídico para escapar da responsabilidade legal.
Seria um mérito, não tivesse sido alcançado ao custo da parceria do Estado com a agressão sistemática às leis. Considerando que os fins não justificam os meios, no balanço de perdas e ganhos saiu derrotado o Estado de Direito.
Assim é
A nomeação de Geraldo Alckmin para a Secretaria de Desenvolvimento de São Paulo não significa necessariamente a abertura da porta de acesso à candidatura para o governo do Estado em 2010.Até poderá vir a ser, embora seja difícil. Por enquanto, quaisquer que tenham sido os termos das conversas entre o governador e o ex-governador, por enquanto Alckmin foi convidado para não criar confusão antes da hora. E, de preferência, muito menos na hora H.
Para todos os efeitos, PT, PMDB e PSDB atuam nas eleições das presidências da Câmara e do Senado já na condição de protagonistas da campanha eleitoral de 2010.
Mas as ações em curso não se entendem com a lógica da sucessão presidencial. Vejamos o PSDB, tido como o fiel da balança no Senado.
Diz que apoia o nome de José Sarney a fim de assegurar o apoio do PMDB ao candidato tucano a presidente da República e de não dar a presidência da Casa ao PT para não reforçar o adversário de daqui a dois anos.
Ora, se o candidato for o governador José Serra, como parece hoje, Sarney não ficará com ele em nenhuma circunstância. Ou, se ficar, será por conta dos ditames do poder, o que independe dos votos tucanos na disputa de agora.
Além disso, a adesão a Sarney não agrada, para dizer o mínimo, ao grupo do PMDB dito "da Câmara" - de vínculos estreitos com o tucanato - pelo potencial de prejuízo que essa candidatura pode causar aos planos de Michel Temer, presidente do partido, de se eleger à presidência da Câmara.
Por que interessaria ao PSDB pôr em risco os projetos da ala amiga para agradar à inimiga? Seria se arriscar a perder o certo e não ganhar o duvidoso.
Quanto ao apoio ao PT, não seria novidade nem teria necessariamente o condão de produzir desdobramentos.
Em 2007 muito se especulou a respeito do apoio do PSDB, notadamente dos governadores José Serra e Aécio Neves ao petista Arlindo Chinaglia para a presidência da Câmara.
O PSDB alegava respeito ao princípio da proporcionalidade, sendo que o PMDB era a maior bancada da Casa. Os tucanos ponderaram, então, que seguiam o acordo firmado entre PT e PMDB para um rodízio futuro.
Ninguém acreditou. A interpretação à época foi a de que Aécio queria mesmo é ter a primeira vice-presidência, na figura do deputado Nárcio Rodrigues, e que Serra já se ajeitava com o PT com vistas a amenizar conflitos e, no ensejo, levar o PSDB à presidência da Assembleia Legislativa da Bahia, onde dispunha de dois deputados. Uma ode à proporcionalidade, não?
O futuro chegou e aquele rodízio tão celebrado anda na corda bamba. O PMDB resolveu levar os termos do acerto ao pé da letra e ignorar que nas entrelinhas estava implícita a inclusão do Senado no acordo pelo qual a vez agora caberia ao PT na presidência.
Se não mudar de ideia nos próximos dez dias, o PSDB estará linha contrária ao compromisso que dizia seguir dois anos atrás.
Se decisão é mesmo produto de duas intenções - não fortalecer o PT, adversário em 2010, e reforçar os músculos do PMDB com o intuito de conquistar para a candidatura Serra o partido em geral e o grupo de Sarney em particular -, então era falsa a conclusão sobre os agrados de Serra ao PT com vistas a 2010.
Ou a estratégia de 2007 não resistiu ao tempo e à imposição das circunstâncias. Do mesmo modo como as jogadas de agora podem não sobreviver aos fatos.
Se é que o fato no horizonte é mesmo a sucessão presidencial e não uma mera disputa de poder no âmbito do Congresso.
O método
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra chega aos 25 anos, carcomido pelo desgaste. É uma sombra do que já foi, um best-seller do passado, quando chegou a amealhar 70% do apoio da população nas pesquisas de opinião.
Muito da situação minguante se deve ao governo Luiz Inácio da Silva, o mais leniente com as ilegalidades do MST e companhia, mas o mais indiferente às reivindicações do movimento.
Talvez porque o conheça por dentro e sabe que não há reivindicações de fato em jogo. O que há é uma maneira de confrontar o Estado e a sociedade sob a ótica do conflito pelo conflito.
Objetivamente, a indulgência traduzida na indiferença resultou em perdas: redução brutal dos assentamentos, do número acampamentos, das verbas federais carreadas para a sustentação do movimento por iniciativa do governo Fernando Henrique Cardoso, compelido pelo PT a tratar com fidalguia os "movimentos sociais". Ainda que ilegais, sem razão social nem reconhecimento jurídico para escapar da responsabilidade legal.
Seria um mérito, não tivesse sido alcançado ao custo da parceria do Estado com a agressão sistemática às leis. Considerando que os fins não justificam os meios, no balanço de perdas e ganhos saiu derrotado o Estado de Direito.
Assim é
A nomeação de Geraldo Alckmin para a Secretaria de Desenvolvimento de São Paulo não significa necessariamente a abertura da porta de acesso à candidatura para o governo do Estado em 2010.Até poderá vir a ser, embora seja difícil. Por enquanto, quaisquer que tenham sido os termos das conversas entre o governador e o ex-governador, por enquanto Alckmin foi convidado para não criar confusão antes da hora. E, de preferência, muito menos na hora H.
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