Entrevista:O Estado inteligente

sábado, janeiro 24, 2009

Alckmin se alinha a Serra

Alckmin agora é Serra

Após anos de disputas internas, Alckmin
aceita a liderança de Serra e fortalece
o PSDB para a eleição de 2010


Fábio Portela

Ricardo Nogueira/Folha Imagem

ENFIM, JUNTOS
Alckmin (à esq.) ouviu o recado das urnas e desistiu de se contrapor a Serra. Agora, está engajado no projeto que pretende levar o atual governador de São Paulo ao Planalto em 2010

O governador de São Paulo, José Serra, fez uma manobra habilíssima na semana passada que o aproxima ainda mais de tornar-se o candidato tucano ao Palácio do Planalto em 2010. Ele convenceu o ex-governador paulista Geraldo Alckmin a participar de seu governo. Um dos grandes expoentes do tucanato, Alckmin será o secretário de Desenvolvimento de São Paulo. A pasta detém um dos maiores orçamentos do governo local, mas interessa ao resto do país por outros motivos. Alckmin não aceitou apenas integrar a gestão José Serra. Passou a ser também um soldado de seu projeto de suceder o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Há quatro anos, Serra se digladiava com Alckmin pelo controle do PSDB paulista. Em 2006, eles disputaram a candidatura do PSDB a presidente. Alckmin levou a melhor, mas perdeu a eleição. Em 2008, o embate se repetiu. Serra queria que os tucanos apoiassem a reeleição do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, do DEM. Alckmin rejeitou os muitos apelos de Serra, concorreu com Kassab e perdeu. Agora abraçou o projeto serrista e ao mesmo tempo o seu próprio. Sem o apoio de Serra, Alckmin tem chances remotas de se lançar ao governo ou ao Senado pelo PSDB em 2010.

É a terceira grande tacada que Serra dá em um ano. A primeira foi a conquista do apoio irrestrito do DEM ao seu projeto. Fez isso trabalhando para manter Kassab como prefeito de São Paulo, o cargo mais visível que os democratas têm no país hoje. A segunda grande vitória foi se reaproximar do PMDB paulista e de seu comandante, o ex-governador Orestes Quércia. Durante anos, ele foi um desafeto de Serra. Hoje, trabalha para que seu partido indique um candidato a vice-presidente na chapa do tucano. Com o apoio de Alckmin, Serra conseguiu congregar a maioria das grandes lideranças do estado. Também conta com a simpatia do PPS, do PTB, do PP e do PV. Só o PT e seus satélites não lhe emprestam apoio.

O projeto "Serra 2010" não tem contestação em São Paulo. Mas o governador ainda precisa acertar os ponteiros além de suas fronteiras. Ou seja, conquistar a adesão do outro pré-candidato tucano, o governador mineiro Aécio Neves, que cumpre seu segundo mandato com níveis recordes de aprovação. Aécio conseguiu um feito tão raro quanto o de Serra: envolveu todo o estado em sua pretensão. Isso inclui até parcelas do PT local. É um ato nada desprezível, considerando-se que Minas é o segundo maior colégio eleitoral do país, com 10% do total de votos. Antes de ungir Serra como candidato, o PSDB cobra dele a conquista explícita do apoio de Aécio. De preferência, que o mineiro aceite também ser o candidato a vice. Aécio reluta. Está empenhado em angariar apoio para seu próprio projeto presidencial. Na semana passada, perdeu um de seus grandes aliados, Geraldo Alckmin, mas continua no páreo. Aécio sabe que, quanto mais projeção obtiver como candidato de amplitude nacional, mais influência terá quando a hora da decisão chegar. Nada tem a ganhar apoiando Serra agora.

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