Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, janeiro 29, 2009

Obama e Lula Eliane Cantanhede


Folha de S. Paulo - 29/01/2009
 

Pela expectativa mundial, até 2050, ou pelo menos até 2030, 80% da energia consumida no planeta ainda será de origem fóssil. É importante investir em pesquisa, tecnologia e produção de energias alternativas, como os biocombustíveis, mas não se pode ficar só nisso. A canetada ambiental de Barack Obama merece aplausos.
Os países mais ricos são também os maiores poluidores, daí por que George W. Bush brincou ao sair de uma reunião internacional: "Adeus do maior poluidor do mundo!".
Adeus e já vai tarde. Para compensar o tempo perdido, Obama defendeu o Protocolo de Kyoto e seus sucedâneos e deve fazer moções para China e Índia seguirem a mesma linha de apoio.
E vai da assinatura à prática, liberando os Estados para endurecerem nas exigências ambientais e exigindo que as empresas deem tratos à bola para entregar ao mercado carros com capacidade para 14,9 quilômetros por litro. O que, segundo ele, poderá economizar 2 milhões de barris de petróleo por dia, algo correspondente à importação do produto do golfo Pérsico.
Nesse tema, como de resto em todo tema ambiental, o Brasil está sempre no foco. Em energia tradicional, tornou-se autossuficiente em petróleo, já exporta e acaba de anunciar ao mundo o pré-sal. Em energia alternativa, tem recursos naturais, proporções continentais, clima e tecnologia de ponta.
Essas circunstâncias, aliadas à projeção do Brasil, facilitam a agenda e a aproximação entre Obama e Lula, que se falaram depois da eleição e depois da posse e estão prontos para ter um encontro em Washington. Eis a chance de repetirem o bom diálogo de FHC e Clinton e do próprio Lula e Bush. Com a facilidade de que Hillary Clinton, a secretária de Estado, tem bons conhecidos no país. Se Lula relevar os laços dela com os tucanos, tem tudo para dar certo. Melhor ainda se for capaz de tirar proveito disso.

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