Entrevista:O Estado inteligente

sábado, janeiro 31, 2009

Especial Robinho: dinheiro, fama e confusão

POR QUE ELES
NÃO CRESCEM?

A acusação de ter cometido agressão sexual em uma boate
da Inglaterra revela a face imatura de Robinho – a mesma
de outros atletas que saltaram da pobreza para o estrelato


Thaís Oyama, de Manchester, e Fábio Portela

Nigel Roadis/Reuters
UMA FALTA PERIGOSA
Os tabloides sensacionalistas ingleses estão fazendo a festa com a falta de comportamento adequado de Robinho. Ao contrário dele, a moça que o acusa não quer sair do imbróglio chupando o dedo

Talento precoce do Santos, galáctico do Real Madrid e atual detentor do título de jogador mais caro do mundo no Manchester City, o atacante Robson de Souza, o Robinho, de 25 anos, é sempre lembrado por seu futebol alegre. Em campo, inventa dribles, cria malabarismos e apresenta comemorações inusitadas para seus gols. Quando está jogando, parece um menino, o que nos gramados é das suas maiores qualidades. Na semana passada, descobriu-se que – infelizmente – esse jeito de moleque não se restringe à bola. Depois que tira o uniforme, ele continua a se comportar como um adolescente sem freios. Essa face imatura de Robinho começou a ser revelada na última terça-feira, por uma acusação gravíssima: uma jovem inglesa de 18 anos diz ter sido agredida sexualmente por ele em uma boate de Leeds, cidade vizinha a Manchester, onde o jogador mora com a mulher e o filho. Robinho teve de ir a uma delegacia para se explicar e evitou a imprensa ao longo da semana. Sua vacilação ao comentar a acusação abertamente ajudou a apimentar o caso. Robinho decidiu se calar porque, de fato, trocou carícias íntimas com a moça durante uma noitada. Ele garante enfaticamente que tudo foi consensual, mas resiste tanto a dar detalhes sobre a relação quanto a admitir publicamente a aventura para não expor ainda mais Vivian Juns Guglielmetti, que conheceu aos 13 anos e com quem tem um filho.

A boate onde tudo ocorreu chama-se The Space e fica no centro do agito noturno de Leeds. Com tintas gastas e chapelaria empoeirada, oferece apenas três ambientes: uma pequena pista de dança iluminada de roxo por luzes estroboscópicas, um salão onde fica o bar e, em frente a ele, a área vip, isolada por uma corda de 1 metro e meio de comprimento. Foi lá que Robinho e um grupo de cinco amigos, entre eles o irmão de sua mulher e outro brasileiro, Jô, que joga com ele no Manchester City, consumiram dez garrafas de champanhe no último dia 14. A área vip é um recinto que comporta vinte pessoas, espremidas. Há dois sofás, duas mesas, um minibar e um banheiro. Como está dois degraus acima do salão do bar, oferece visão privilegiada do lugar. Quando Robinho e seus amigos chegaram, o The Space promovia a "noite dos estudantes", em que universitários têm desconto: pagam 6 libras, no lugar do preço cheio, 10 libras. O grupo entrou de graça, já que, além de ostentar o título de jogador mais caro do mundo, o brasileiro é freguês assíduo da casa. A partir daí, pessoas próximas ao brasileiro relatam a seguinte versão: por volta das 2 da manhã, Robinho chamou a tal moça, uma loira, que estava no piso de baixo, para juntar-se ao seu grupo na sala vip. Os dois começaram a se beijar e a se agarrar.

Paul Ellis/AFP
O PORTUGUÊS IMATURO
Cristiano Ronaldo, o melhor jogador do mundo, foi acusado de cometer estupro em 2005, mas o processo foi encerrado por falta de provas. Neste ano, ele espatifou uma Ferrari de 300 000 dólares


Depois de deixar a moça, Robinho diz que ela voltou a procurá-lo falando sobre dinheiro. Ele desconversou. Quando o brasileiro foi embora, a inglesa seguiu atrás dele dizendo: "Take me away with you" (Leve-me com você). De acordo com o DJ da casa, após a negativa, ela permaneceu na boate por mais uma hora. Alguns dias mais tarde, o jogador recebeu uma notificação da polícia inglesa informando que ele estava sendo investigado por crime sexual. Apavorado, abandonou a concentração de seu time – que estava treinando em Tenerife, na Espanha –, pegou um avião e voou para o Brasil. Teve medo de ser preso caso permanecesse na Europa, sem contar com advogados criminalistas. Só voltou à Inglaterra no domingo 25, quando já havia feito contato com Chris Nathaniel, um especialista em ajudar celebridades com problemas de imagem. A polícia queria ir até a casa de Robinho e levá-lo sob custódia à delegacia. Os advogados do jogador alegaram que isso causaria tumulto, por causa da imprensa, e que ele iria por sua conta na data marcada. Na terça 27, dia do depoimento, Robinho chegou à delegacia acompanhado de um advogado e do administrador de seus negócios, Bernardo Assunção. Foram usados dois Mercedes para despistar os jornalistas. O jogador dirigiu-se até a porta da delegacia – mas, ao atravessá-la, passou a ser escoltado por policiais. Manteve-se, assim, a formalidade da lei. Robinho não foi preso em nenhum momento, mas interrogado e liberado sob o compromisso de não deixar o país. Declarou ser inocente da acusação de "atentado sexual grave" – que, segundo a legislação penal inglesa, inclui "estupro e penetração não consentida, vaginal ou anal, feita com algum objeto ou parte do corpo". Robinho foi obrigado a fornecer material para um exame de DNA. A coleta foi feita com o uso de uma escova dental esfregada em sua gengiva. A realização do exame indica que a polícia encontrou sêmen no corpo ou na roupa da moça.

O jogador tem pelo menos dois elementos a seu favor. Primeiro: não há nenhum episódio de agressividade – muito menos sexual – em seu passado. "Ele jamais estupraria ou abusaria de alguém. Ele foi inocente com essa moça. A ‘maria chuteira’ inglesa fez tudo de caso pensado", diz Wagner Ribeiro, que foi empresário de Robinho durante sete anos. Segundo: o lugar onde tudo ocorreu tem uma fama péssima. VEJA ouviu frequentadores de diversos bares e clubes de Leeds e todos são unânimes: o The Space é reduto das "party girls" (garotas festeiras, na tradução literal, mas que sugere meninas vulgares). Das pessoas ouvidas pela reportagem, nenhuma conhece a suposta vítima do jogador, mas todas relataram um boato desfavorável a ela: depois de ter feito sexo com Robinho, teria sido aconselhada por uma amiga a vender a história para um tabloide sensacionalista, que a teria recusado. Proibidos de falar sobre o assunto, funcionários do The Space tratam o episódio com ironia. "Tudo o que posso dizer é que estava aqui naquela noite e não vi nenhuma menina sair chorando devastada", conta o porteiro do clube.

O constrangimento a que Robinho se expôs com a noitada em Leeds engrossa a lista de vexames protagonizados nos últimos tempos por jogadores brasileiros de sucesso. O envolvimento recorrente de atletas estrelados em episódios escandalosos tem uma explicação de fundo psicológico. Muitos deles não têm preparo emocional nem cultural para lidar com o mundo de dinheiro, sucesso e fama ao qual são apresentados quando vão viver na Europa. O problema origina-se, em geral, numa infância pobre tanto em termos materiais como de valores. Segundo a psicóloga Suzy Fleury, que já trabalhou com os atletas da seleção brasileira, muitos dos garotos que vão tentar a sorte nas categorias de base dos clubes contam com estruturas familiares frágeis. E os que se destacam logo deixam os estudos de lado. A família e a educação são fundamentais para formar a personalidade e a visão de mundo de qualquer pessoa. Quando há falhas nessas duas áreas, o resultado é um adulto despreparado para lidar, entre outras coisas, com a vertiginosa ascensão financeira e social que os jogadores de futebol experimentam no início da vida adulta. "O dinheiro e a fama criam armadilhas muito sedutoras para quem vem de uma condição precária em termos morais, intelectuais e emocionais na infância", explica Suzy.

Antonio Gauderio/Folha Imagem
CABEÇA NO FUTEBOL
Robinho, com 18 anos, virou um astro graças às suas pedaladas na final do Brasileiro de 2002. Fora do campo, teve poucas oportunidades para se desenvolver emocionalmente

Há muitos exemplos de jogadores que não conseguem amadurecer. Um dos mais vistosos é Ronaldo, o Fenômeno, que atualmente sua em bicas nos treinos do Corinthians para tentar entrar em forma. Entre 2002 e 2007, era o mais animado integrante do milionário elenco do Real Madrid na hora de organizar festinhas de embalo. Seus companheiros de noitadas eram o inglês David Beckham e o próprio Robinho. Eles não iam a boates: divertiam-se a cada semana na casa de um deles, sempre acompanhados por uma penca de beldades. Ronaldo nunca conseguiu emplacar um relacionamento duradouro. No ano passado, quando sua atual mulher, Bia Antony, estava grávida e ele dizia ter encontrado o equilíbrio, viveu a pior cena de sua vida. Foi parar em uma delegacia do Rio de Janeiro, acusado de dar um calote em três travestis com quem havia passado a noite. O trio ainda insinuou que ele havia consumido cocaína. Ronaldo se desculpou, foi perdoado pela mulher, mas não tomou jeito. Na semana passada, foi a uma boate cara em São Paulo. Encheu a cara, fumou a noite toda e tentou agarrar todas as moças que passaram pela sua frente. Às que recusavam ceder, indagava, trôpego: "Por que você não quer me beijar? Você não é corintiana, pô?".

Outro que levava uma vida desenfreada é Adriano, que em sua fase áurea chegou a ser chamado de Imperador pela torcida do Inter de Milão. Com o colega de equipe Maicon, ele se notabilizou por organizar verdadeiras orgias nos hotéis de luxo de Milão ao longo de 2006. A dupla tinha duas preferências: prostitutas brasileiras e suítes com piscinas grandes. As farras eram tão intensas que, no dia seguinte, as piscinas precisavam ser drenadas para limpar a imundice: uma mistura de latas de cerveja, camisinhas, sapatos e peças de roupa íntima. Adriano chegou à beira do alcoolismo. Declarou publicamente que precisava beber para conseguir dormir. Depois de um ano fora do Inter, o que incluiu um empréstimo ao São Paulo, Adriano está aprontando menos em Milão.

O talento para a encrenca não é exclusividade dos atletas brasileiros, obviamente. O português Cristiano Ronaldo, do Manchester United, é um ícone da imaturidade. Em 2005, foi preso, sob acusação de estupro. Pagou fiança e se livrou do processo por falta de provas. O caso, aliás, vem sendo usado pelos advogados de Robinho para mostrar que a Inglaterra está cheia de mulheres dispostas a fazer sexo com jogadores famosos e, em seguida, levantar acusações infundadas para tentar receber algum dinheiro. Cristiano Ronaldo se livrou do problema, mas no começo deste ano fez mais uma molecagem: arrebentou uma Ferrari de 300 000 dólares em um túnel. Os americanos Kobe Bryant, astro da liga americana de basquete, e Mike Tyson, um dos maiores boxeadores da história, também engrossam a lista dos atletas imaturos.

Quase todos seguiram o mesmo roteiro, da infância pobre, em meio a uma família pouco estruturada, ao estrelato e à fortuna repentinos. Essa é a história de vida de Robinho. Ele nasceu em 1984, no município de São Vicente, no litoral de São Paulo. A família era paupérrima. O pai, Gilvam, trabalhava na manutenção de tubulações de esgoto e costumava exagerar na bebida. A mãe, Marina, era faxineira. Os dois sempre tiveram uma vida conjugal acidentada. Hoje, embora sigam casados, ele mora no Guarujá, em São Paulo, e ela passa a maior parte do tempo em Salvador, na Bahia.

Robinho cresceu jogando bola nas ruas. Aos 7 anos, seus dribles lhe renderam uma vaga para jogar futebol de salão no Esporte Clube Beira-Mar. Treinava em troca do lanche diário. Ele costumava assistir ao exercício das crianças mais velhas apenas para entrar na fila do sanduíche mais uma vez. Seu primeiro empresário entregava cestas básicas à sua família. A vida começou a mudar quando chegou às categorias de base do Santos, onde se tornou profissional em 2002. Passou a ganhar 1 000 reais por mês. Na temporada de estreia pela categoria profissional, com apenas 18 anos, foi uma das estrelas do time que venceu o Campeonato Brasileiro. Pouco antes do título, seu salário passou para 25 000 reais. Valor que seria multiplicado por dez antes de ele deixar o clube, em 2005.

A taça do Brasileiro – e as pedaladas que fez sobre a bola no jogo final, contra o Corinthians – o transformou em celebridade. O Santos o vendeu ao Real Madrid, clube de projeção planetária, por 30 milhões de dólares, o maior valor que um time brasileiro recebeu até hoje por um jogador. Com a camisa do Real Madrid, Robinho foi bicampeão espanhol, mas se ressentia por não ganhar tanto quanto outros atletas do elenco. Seu salário era de 2 milhões de euros por ano, um quarto do que recebiam outras estrelas. Por isso, aceitou a proposta para jogar no Manchester City, da Inglaterra, no mesmo dia em que foi feita. O time inglês pagou 43 milhões de euros por ele. Foi a transação mais alta de 2008. O ex-menino pobre de São Vicente passou a receber 6 milhões de euros por ano, o equivalente a 48 500 reais por dia.

Com o mundo aos seus pés, Robinho pôs em risco sua reputação na busca por alguns segundos de satisfação com uma desconhecida no banheiro de um inferninho inglês. Agora, corre para recuperar sua imagem. A contratação de Chris Nathaniel para lhe servir de anteparo mostra que, culpado ou inocente, ele talvez se emende a partir do episódio na boate The Space. Além de habituado aos meandros da Justiça britânica, Nathaniel é conhecido por ter endireitado dois notórios bad boys do futebol inglês: Rio Ferdinand, do Manchester United, e John Terry, do Chelsea. Nathaniel fala baixo e grosso, só se comunica com Robinho por meio de um intérprete e é pouco afeito a intimidades. Por seu intermédio, foi contratado um detetive para investigar a moça que acusa Robinho. Quando conheceu o brasileiro, Nathaniel disse a ele: "Se você quiser continuar usando amigos como conselheiros profissionais, vá em frente – você é o Robinho, afinal. Agora, se me contratar, vai ter de me obedecer. E, se me obedecer, vai ser não apenas um dos melhores jogadores do mundo, mas um ícone do futebol, como David Beckham". Ganhou o emprego no mesmo dia.

Com reportagem de Kalleo Coura e Naiara Magalhães

A síndrome de Peter Pan dos astros do esporte

A pedido de VEJA, especialistas em psicologia esportiva traçaram o perfil dos atletas que não amadurecem e vivem metidos em confusão. A maioria enfrentou uma infância pobre, mas teve uma ascensão financeira meteórica no início da vida adulta. Sem suporte familiar e da escola, muitos ficam desorientados com o dinheiro e a fama e passam a apresentar comportamento social inadequado – ou até mesmo autodestrutivo.

A infância
Esportistas talentosos são cobrados por resultados desde muito cedo.

Eles passam muito tempo longe da família, nos treinos. Muitas vezes, o treinador ou o empresário assume o papel do pai.

Os estudos ficam relegados a segundo plano, comprometendo a formação intelectual.

Logo que se destacam, são pressionados pela família para vencer na profissão, para garantir a todos um futuro melhor.

O sucesso
No fim da adolescência, esses atletas passam a chamar a atenção de grandes clubes e patrocinadores, dispostos a pagar milhões de dólares ou euros por eles.

Ainda muito jovens, entram em um mundo completamente novo, repleto de dinheiro, fama, mulheres e carrões.

Sem uma base familiar e emocional sólida, muitos passam a se comportar como eternos adolescentes, hipnotizados por sua vida de celebridade. Sentem-se intocáveis devido ao estrelato.

O resultado: passam a esbanjar dinheiro, participar de orgias, beber demais e até a consumir drogas. Têm dificuldades em manter relacionamentos sólidos e duradouros.

Fontes: Suzy Fleury e Dietmar Samulski

Ronaldo
Envolvido há anos em episódios que incluem noitadas, bebedeiras e mulheres, Ronaldo protagonizou, em 2008, o pior escândalo de sua carreira – foi parar em uma delegacia carioca acusado de dar o calote em três travestis que passaram a madrugada com ele em um motel de quinta categoria. Suspeita-se que tenham consumido cocaína. O episódio repercutiu no mundo todo. Depois disso, ele parecia ter tomado jeito, mas na semana passada voltou à carga: apareceu em uma boate de luxo em São Paulo, bêbado, beijando várias mulheres, fumando um cigarro atrás do outro, tirando a camisa e se contorcendo para ver a calcinha das mulheres por baixo do vestido, como um adolescente.

 

Mike Tyson
É um peso-pesado da violência sexual. Em 1988, foi acusado de abusar da própria mulher, a atriz Robin Givens. O casamento naufragou, mas Tyson continuou o mesmo: em 1992 foi condenado e cumpriu três anos de prisão por estuprar uma candidata a miss América Negra, Desiree Washington, em um hotel em Indianápolis. Arrasou sua fortuna para se livrar dos processos judiciais por agressão e estupro. Só com advogados, foram mais de 9 milhões de dólares.

 

Adriano
O próprio atacante já admitiu ter problemas com o consumo exagerado de álcool, se disse chateado com o estigma de "cachaceiro" e afirmou que precisava tomar um rumo na vida. Sua pior fase foi entre 2006 e 2007. Ele e o lateral Maicon, seu companheiro na Inter de Milão, organizavam festas quentíssimas em hotéis luxuosos após os jogos de domingo. Só eram chamadas profissionais do sexo. A cerveja, a cachaça e o cigarro rolavam soltos. Nessa fase, ele precisava beber todos os dias, para dormir.


Timothy A. Clary/AFP

Kobe Bryant
Considerado por muitos o melhor jogador de basquete da atualidade, Bryant foi acusado, em 2003, de estuprar uma jovem de 19 anos, funcionária do hotel de luxo Lodge & Spa, onde ele havia se hospedado. No ano seguinte, livrou-se do processo porque a promotoria retirou a acusação – isso aconteceu depois que um legista declarou que as feridas vaginais detectadas na moça não correspondiam às de um estupro, corroborando a versão do jogador de que a relação sexual havia sido consensual.

 

Um cartola das arábias

O Manchester City, em que joga Robinho, é um dos times mais antigos da Inglaterra – foi fundado em 1880 –, mas nunca teve resultados expressivos. Ganhou apenas duas vezes o campeonato inglês, em 1937 e 1968. Sempre viveu à sombra do outro clube da cidade, o poderoso Manchester United, atual vencedor da Copa dos Campeões, o principal torneio da Europa. No ano passado, o City lutava para não cair para a segunda divisão. Seu dono era o obscuro Thaksin Shinawatra, um ex-premiê da Tailândia enrolado em processos por corrupção em seu país. Em setembro de 2008, ele vendeu o clube por 300 milhões de dólares ao xeque Mansur bin Zayed, irmão do presidente dos Emirados Árabes Unidos. Mansur tem um patrimônio pessoal estimado em 22 bilhões de dólares – mais que o dobro da fortuna do magnata russo Roman Abramovich, dono do Chelsea, treinado por Luiz Felipe Scolari. Com tanto dinheiro em caixa, ele fechou a maior negociação da temporada: no mesmo dia em que comprou o clube, pagou 43 milhões de euros para tirar Robinho do Real Madrid. O principal operador de Mansur é o iraniano Kia Joorabchian, que ficou conhecido no Brasil ao liderar a parceria do Corinthians com o nebuloso grupo MSI, em 2005. Há três semanas, o xeque voltou a agitar o mundo do futebol, ao oferecer 115 milhões de euros ao Milan pelo meia brasileiro Kaká. Seria a maior transação da história do futebol, mas Kaká preferiu os milhões e a tradição do Milan aos milhões – e por enquanto não mais que isso – do Manchester City.

 

Da miséria à fortuna

Álbum de família
Robinho em 1994, com colegas de seu primeiro time, o Portuários: na infância, jogava em troca de lanches e cestas básicas


Alexandre Battibugli
Pouco mais que um menino, Robinho foi apontado por Pelé como uma promessa do Santos


Almeida Rocha/Folha Imagem
A consagração veio em 2002: campeão brasileiro de futebol com apenas 18 anos


Andrea Comas/Reuters
Já em sua primeira temporada no milionário time do Real Madrid, em 2005, Robinho foi apontado como um dos melhores da Europa


Ricardo Nogueira/Folha Imagem
Em 2007, o personagem que ele encarnou, de jogador milionário e farrista, tornou-se maior que o homem

 

O jogador mais caro do mundo

Quando saiu do Santos, em 2005, Robinho recebia 250 000 reais por mês.

Foi para o Real Madrid para ganhar o triplo desse valor.

Para que ele saísse do Real Madrid, o Manchester City pagou 43 milhões de euros, o que o tornou o jogador mais caro do mundo em 2008.

No time inglês, ele recebe 6 milhões de euros por ano, em valores líquidos.

Seus contratos de patrocínio lhe rendem mais 5 milhões de euros por ano.

O aluguel de sua casa em Manchester equivale a 49 000 reais por mês.

Sua mansão no condomínio Acapulco, no Guarujá, custou 3 milhões de reais.

O mais novo de seus carros, um Lamborghini Gallardo, custou 560 000 reais.

Sua garagem ainda tem um Audi Q7 e um Mercedes ML.

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