Ao virar a carta da manga de Lula para a sucessão de 2010 depois que o ás Dirceu e o rei Palocci saíram do jogo, Dilma Rousseff deixou evidente que não tinha equipe e arregimentou o próprio Palocci e os dois José Eduardo do PT, o Dutra e o Cardozo. Eles viraram pau-para-toda-obra e ganharam apelidos irreverentes: eram os "três porquinhos" ou os "três mosqueteiros" da campanha.
Dutra, doente, saiu de cena. Palocci foi soterrado pela fortuna súbita e inexplicável. E José Eduardo Cardozo, por onde anda? Ministros da Justiça têm importância decisiva em qualquer governo, até em regimes militares. Petrônio Portella, do governo Figueiredo, já tinha até engatilhado a candidatura à Presidência, quando morreu.
Mas vamos focar a era Lula. Márcio Thomaz Bastos tinha o escovão mais requisitado da República: vivia tentando apagar os rastros dos colegas, como o do próprio Palocci na quebra do sigilo do caseiro Francenildo. Tarso Genro era falante, tinha ideias incríveis para tudo e até deflagrou a crise Cesare Battisti ao jogar no lixo o parecer do Itamaraty e a decisão de um conselho ligado ao seu ministério para manter o italiano no Brasil.
Cardozo, porém, está mais para Antonio Patriota do que para dr. Márcio ou Genro: o pau está comendo, mas, afora uma declaraçãozinha ou outra, ninguém sabe e ninguém vê o ministro da Justiça.
Palocci sangrou semanas. Dilma ficou cara a cara com as feras do PMDB e do PT, foi o sujeito oculto no bate-boca de Palocci com o vice Temer, ameaçou romper com o PMDB e enfrentou o presidente da Câmara, Marco Maia.
No máximo, Dilma tinha ao lado Helena Chagas, que não é política, e Gilberto Carvalho, antes de mais nada lulista. Cardozo ficou à distância. Ou porque quis, ou porque Dilma cansou de porquinhos e mosqueteiros convenientes em campanhas, mas de pouca valia na articulação política do governo.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO