Folha de S Paulo
O MAIOR impacto do aperto de crédito que o Banco Central e o Ministério da Fazenda iniciaram mais ou menos em novembro ainda virá.
Apenas agora a taxa de juros real básica na praça começou a passar de 7% (trata-se aqui da taxa real ex-ante, como diz o jargão, do juro no mercado para daqui a 360 dias descontada a expectativa de inflação para os próximos 12 meses).
Entre o começo de 2010 e o começo de 2011, a taxa real flutuara entre 5,5% e 6,5%, em parte porque era mordida pelo avanço das expectativas de inflação, em parte porque o BC havia maneirado nos juros.
O Banco Central ainda pode elevar a taxa básica de juros, empurrar a taxa do mercado um pouco mais para cima e, enfim, faz pouco mais de um mês as expectativas de inflação caem. Logo, o juro real ainda vai subir, talvez até o final do terceiro trimestre. Tratar de meio ponto percentual parece ninharia, mas o peteleco no juro real vira um pontapé na taxa para o consumidor comum.
O aumento da taxa básica de juros, "do BC", mais as medidas de contenção de dinheiro disponível para crédito nos bancos, entre outras, levaram a taxa anual média de financiamento de veículos, por exemplo, de 22,8% (em novembro de 2010) para 30,9% em abril deste ano, último dado disponível.
A inadimplência das pessoas físicas cresce desde janeiro. Vai piorar, não só porque a economia vai crescer e empregar menos ou devido à alta de juros. A partir deste junho, é preciso pagar mensalmente pelo menos 15% da fatura do cartão de crédito (comumente, na praça, eram exigidos 10%). Em dezembro, 20%.
Dívidas no cartão são uma fatia grande do financiamento a pessoas físicas. Do total das concessões de crédito de abril, 29,4% ocorriam via cartão de crédito. Em resumo, quem puder pagar a conta vai ter menos dinheiro disponível para novas compras. Ainda que sobre algum, de qualquer modo, as taxas para a compra de bens duráveis estarão ainda mais desanimadoras.
Mas os salários ainda vão aumentar, costumam dizer economistas que trabalham para bancos e consultorias. Pior, acreditam, alguns sindicatos conseguiriam reajustes que repassariam a alta inflação passada para os salários dos próximos 12 meses, o que se chama de indexação. Pode ser, mas saberemos disso apenas lá por outubro.
Ainda assim, considere-se:
1) Importa mais o avanço da massa salarial (a soma dos salários) do que o reajuste de algumas categorias, mesmo que essas sirvam de referência para os demais trabalhadores reivindicar seus aumentos. Pode haver reajustes grandes; mas pode haver menos emprego;
2) No último trimestre, a situação da economia vai permitir que o eventual reajuste de salários seja repassado para os preços?
3) A massa salarial já deixou de crescer, mas o impacto das medidas de contenção de crédito e do gasto público ainda nem começou a chegar ao mercado de trabalho.
Isto posto, é cedo para saber qual o efeito disso tudo na inflação, que, porém, deve continuar desagradável até o ano que vem, o bastante para o BC deixar os juros no ponto mais alto até fins de 2012. O crescimento deve ser menor, decerto. Pelo menos os economistas dos dois maiores bancos privados brasileiros, Bradesco e Itaú, acreditam que o PIB cresce em torno de 3,7% neste 2011. Só.
Entrevista:O Estado inteligente
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