O Estado de S. Paulo - 16/09/2010
O governo japonês iniciou ontem uma ampla operação de intervenção nos mercados internacionais de câmbio com o objetivo de impedir a excessiva valorização de sua moeda, o iene.
É uma operação que consiste em vender ienes recebendo dólares em pagamento. Só ontem, apenas o governo japonês deve ter vendido mais de 1 trilhão de ienes. Mas, a partir do momento em que essa nova música passou a ser tocada no salão de baile, um grande número de possuidores de ienes também entrou no mesmo passo de dança: começou a vender.
Intervenções assim não aconteciam há seis anos e meio. De janeiro até terça-feira, o iene havia valorizado 10%.
A economia do Japão não está menos doente do que a dos Estados Unidos e a da Europa. Essa valorização das cotações parece ter tido como causa principal as compras de ienes e de títulos em ienes realizadas pelo governo da China. As cotações fecharam ontem a 85,75 ienes por dólar, uma desvalorização de 3,3% em relação ao ponto mais alto.
Não há indicação de qual será o novo piso cambial procurado nem até quando o governo japonês planeja absorver dólares. Entre janeiro de 2003 e março de 2004, período da intervenção anterior, vendeu 35 trilhões de ienes, o correspondente então a cerca de US$ 300 bilhões. Em agosto, as reservas internacionais do Japão estavam a US$ 1,07 trilhão.
Não se sabe ainda se o Banco do Japão (banco central) vai retirar o excesso de ienes dos mercados por meio de emissão de títulos e cumprir assim operações de esterilização monetária. De qualquer maneira, nas próximas semanas deverá prevalecer enorme liquidez em ienes, fato que poderá derrubar mais os juros já rastejantes em ienes e estimular a especulação internacional com juros (arbitragem). O Brasil provavelmente sofrerá o impacto da entrada de mais moeda japonesa.
Em outros tempos, intervenções pesadas nos mercados de câmbio se faziam com colaboração de outros governos. Desta vez, o Japão deve trabalhar sozinho porque praticamente todos os outros governos (inclusive o dos Estados Unidos) estão interessados na desvalorização de sua própria moeda em relação ao dólar e não deverão colaborar com uma operação que vai provocar efeito oposto.
O principal objetivo do Japão é estancar a perda de competitividade do produto japonês no mercado global. Fácil entender por que isso vinha acontecendo: quanto menos ienes valesse cada dólar, menor seria o faturamento em ienes obtido pelo exportador japonês.
Apesar dos persistentes problemas da economia japonesa, o verdadeiro foco de preocupações não é o Japão. São os rombos da economia americana, cujo conserto ainda não foi encomendado.
Uma ação dessa magnitude nos mercados de câmbio não vai ficar sem consequências. São esperadas agora reações defensivas de outros governos, a começar pelo dos Estados Unidos, cuja moeda se valorizou ontem não só em relação ao iene, mas também a outras moedas.
Falta dizer que tudo isso são apenas sintomas de um problema bem mais profundo: os enormes desequilíbrios da ordem financeira global, que começaram em 1972, com o desatrelamento do dólar em relação ao ouro.
CONFIRA
Greenspan X Krugman
Os dois estão em extremos opostos. O ex-presidente do Fed Alan Greenspan quer pôr fim às despesas públicas para acabar com a crise. O Prêmio Nobel de Economia Paul Krugman defende novos e mais generosos despejos de recursos públicos para o mesmo objetivo.
Acabar com isso
Ontem, Greenspan afirmou que os pacotes fiscais não serviram para grande coisa. "É preciso que a economia se cure sozinha." E recomendou aumento (e não redução) de impostos combinado com forte corte das despesas públicas. Nada menos que a receita da Alemanha.
Entrevista:O Estado inteligente
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