Entrevista:O Estado inteligente

sábado, setembro 25, 2010

A concentração anormal-Maria Helena Rubinato



A concentração anormal

 Segundo o ministro Paulo Bernardo, há uma concentração anormal de denúncias nessa época. Ainda segundo o mesmo ministro, a publicação da denúncia é uma atividade normal da imprensa.

Puxa, que alívio!

E eu que pensava que essa concentração anormal, esse denuncismo desenfreado, fosse uma espécie de vodu! Uma mágica nova inventada e "copiraitada" pela imprensa brasileira, malvada e ingrata!

Mas não. E como palavra de ministro não volta atrás, fico tranquila. É uma atividade normal da imprensa.

Creio que o ministro deve essa explicação ao presidente Lula. O Chefe da Nação, além de estar vivendo aquele momento delicado em que vê a descida da rampa cada vez mais próxima, ainda está sofrendo por se imaginar vítima de um grupo de nove ou dez famílias que se uniram para acabar com a trajetória de sua candidata rumo ao Planalto, essencial para que a descida da já mencionada rampa não seja definitiva.

O ministro que, pelo visto, já absorveu bem o que é e para que serve a imprensa, podia aproveitar e ler para o presidente o artigo de hoje de Luiz Garcia na página 7 de O Globo, onde o Luiz explica muito bem que a "mídia! (leia-se imprensa) não é a turma da esquina que resolveu se unir contra o pobre e desprotegido governo.

Seria de bom alvitre, também (desculpem o alvitre, mas acabo de completar 73 anos e achei por bem começar a usar uma linguagem mais de acordo com minha idade), fazer ver ao presidente Lula que ou bem ele confirma que deve seu sucesso à imprensa, como foi dito por ele recentemente ao assinar a Declaração de Chapultepec, ou bem ele acusa a imprensa maligna de estar a fim de lhe usurpar a coroa. Ou sim, ou sopas.

Da minha parte, gostaria também que o presidente Lula explicasse porque acreditou piamente na informação que foi passada ao distinto público, pela imprensa, sobre as aventuras e desventuras de dona Erenice.

O presidente, após saber, repito, pela imprensa, dos feitos de dona Erenice, declarou que ela perdeu uma grande chance de ser uma grande funcionária pública.

Coitada, não?

O grupelho de nove ou dez famílias que está sempre inventando moda, incauto representante do macarthismo tupiniquim, segundo a brilhante dona Luiza Erundina, inventou essas denúncias e no ato o governo demitiu a fiel amiga de dona Dilma?

Sabemos todos que o presidente Lula, quando em palanque, incorpora o grande comunicador Chacrinha e que está ali para confundir e não para explicar, mas assim também já é exagero! A cabeça do eleitor fica inteiramente trumbicada e isso pode acabar se refletindo no dia 3 de outubro.

Quem avisa nem sempre amigo é, é verdade, mas o dado concreto é que as denúncias tinham fundamento e que o papel da imprensa está sendo brilhantemente cumprido: "a rotina de prestar serviços ao cidadão aqui fora" (ainda segundo Luiz Garcia em seu artigo "Porões e Salões").

Em conclusão: a imprensa vai para o trono ou não vai?


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