O Estado de S. Paulo - 18/02/2010
A crise é a mesma, mas vai mudando de forma e de nome. Começou sendo conhecida como a crise das hipotecas podres (subprime). Depois, passou a ser a crise dos bancos e de seus ativos tóxicos. Agora, é a crise das dívidas soberanas, cujos elos mais fracos foram primeiramente a Islândia, o protetorado de Dubai, agora a Grécia e demais Pigs europeus. Mas dela não escapam nem os grandões: Estados Unidos, Alemanha e Japão.
Ninguém sabe qual será a fase seguinte da metamorfose. Não ajuda reafirmar que se trata de mais uma crise do capitalismo global porque não há outro sistema a colocar no lugar.
Está acontecendo num momento delicado da economia ocidental. Contra a recuperação do sistema produtivo, conspira um punhado de fatores adversos: alto nível de desemprego, envelhecimento rápido da população e perda de importância da atividade industrial. Os Estados Unidos têm quase 17 milhões de desempregados e teriam de recriar 8 milhões de postos de trabalho para voltar aos níveis de ocupação de 2007, imediatamente anterior à crise. A área do euro tem 15 milhões de desempregados e o Japão, 3 milhões. (Veja o Confira.)
Os pequenos surtos de recuperação, especialmente nos Estados Unidos, demonstram que a produção deverá ser retomada com menos emprego de mão de obra. Não é mais a robotização que vai fechando postos de trabalho, e sim a maior utilização de Tecnologia da Informação, que dispensa áreas de almoxarifado, equipamentos e logística.
Os países de alta renda são apanhados no contrapé. Estão se dando conta de que vinham protegendo (com quase US$ 300 bilhões anuais em subsídios) a agricultura, um setor da produção que hoje emprega pouca gente. Pode também ser questionada a conhecida compulsão dos dirigentes políticos para defender o emprego industrial, num quadro de perda de importância da indústria em relação ao setor de serviços. Por que despejar dezenas de bilhões de dólares na salvação da GM e da Chrysler se a exportação de serviços é mais promissora nos Estados Unidos?
O alto nível de desemprego vai sangrando mais a Europa, onde é generosa a distribuição de seguro-desemprego e cujo mercado de trabalho está aberto aos imigrantes. Por toda parte, vão crescendo as despesas com proteção social num quadro de queda da arrecadação e deterioração das finanças públicas.
O envelhecimento da população global piora tudo. Os cinquentões são vulneráveis às dispensas. E são os que mais recorrem aos serviços de saúde pública.
Uma das despesas óbvias a serem cortadas pelas autoridades pressionadas a reequilibrar as finanças de seus países é a da previdência social, como a Grécia já decidiu fazer, e como os Estados Unidos julgam inevitável à medida que vai engrossando a safra de aposentadorias da geração baby boom (nascidos entre 1946 e 1964).
Enfim, reagir a uma crise quando o organismo econômico e social está sadio é mais fácil. Hoje, não são apenas os tumultos financeiros que precisam ser contidos. É o organismo econômico inteiro, velho e debilitado.
O momento é bom para os emergentes, especialmente para o Brasil, que teria muito a perder se não aproveitasse as oportunidades que se abrem.
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
Arquivo do blog
-
▼
2010
(1998)
-
▼
fevereiro
(171)
- No afã de ‘justificar’ Cuba, Lula ‘esquece’ Honduras-
- A morte de Zapata e a omissão de Lula
- Apoiar assassinos, e não ter remorsos
- Celso Ming - Lições da austeridade
- JOAQUÍN MORALES SOLÁ La amenaza de un virtual cier...
- MARIANO GRONDONA El día en que todos nombraron al ...
- Miriam Leitão Refúgio dos ricos
- Rubens Ricupero Paz perpétua
- Ferreira Gullar Pega mal
- MERVAL PEREIRA Palpite infeliz
- SERGIO FAUSTO Basta ter olhos para ver
- SUELY CALDAS Estatais? Para que?
- JANIO DE FREITAS Cuba e seus amigos
- DANUZA LEÃO O melhor dos mundos
- CLÓVIS ROSSI Ladeira acima
- JOÃO UBALDO RIBEIRO Tempos modernos
- GAUDÊNCIO TORQUATO Os eixos da identidade de Dilma
- Celso Ming - O lucro do Banco do Brasil
- Merval Pereira Temores
- EDITORIAL - O GLOBO Tática de ocas
- VILAS-BÔAS CORRÊA - COISAS DA POLÍTICA Lula pisou ...
- CLÓVIS ROSSI Cuba, sonho que virou pesadelo
- MERVAL PEREIRA Temores
- MÍRIAM LEITÃO Gregos e nós
- O roteiro final do mensalão
- Reinaldo Azevedo: NOTA DE PIMENTEL É DESASTRADA.
- MÍRIAM LEITÃO Ilha presídio
- CELSO MING Reinício do aperto
- Banda turva-EDITORIAL - FOLHA DE SÃO PAULO
- JOÃO MELLÃO NETO- QUEM TEM MEDO DOS POPULISTAS?
- Duas faces-EDITORIAL de O GLOBO
- Do lado dos perpetradores - Editorial de O ESTADO ...
- "Lost" Fernando de Barros e Silva
- Os meios e as mensagens-Nelson Motta
- Acordo Brasil-Irã-Merval Pereira
- Modelo démodé Míriam Leitão
- Mexer no coração Merval Pereira
- CELSO MING Vespas sem ferrão
- FABIO GIAMBIAGI O atraso argentino
- LUIZ FELIPE LAMPREIA A casca de banana do outro la...
- ALBERTO TAMER OMC, em risco, admite: Doha acabou
- CARLOS ALBERTO SARDENBERG Novos cotistas
- ARNALDO JABOR RAUL CASTRO CULPA OS AMERICANOS PEL...
- Como vocês já devem saber, morreu o preso político...
- AUGUSTO NUNES
- Equívocos da banda larga Editorial de O Estado de ...
- Falta César Celso Ming
- O caldo volta a engrossar VINICIUS TORRES FREIRE
- Internet aberta:: Melchiades Filho
- Dirceubrás: Fernando de Barros e Silva
- Cautela suprema- Merval Pereira
- Reinaldo Azevedo-EIS AÍ, BRANQUELOS! FAÇAM BOM PRO...
- Josef Barat* -Flertando com o passado?
- RODRIGO ALVARES Petistas da Saúde temem confronto ...
- A misteriosa sacolinha brasileira de Madonna-Monic...
- CARLOS ALBERTO SARDENBERG Quem sabe comprar um com...
- “Metástase institucional” Denise Rothenburg
- FERNANDO DE BARROS E SILVA Mensalão, raça, catarse
- Não parece. Mas Lula garante que há uma universida...
- AUGUSTO NUNES-CELSO ARNALDO DÁ UM RASANTE NA PISTA...
- Nada de novo no front petista-Lucia Hipolito
- JOÃO UBALDO RIBEIRO Tudo bem, é verdade, confesso.
- Yoshiaki Nakano-A grande transformação social
- Celso Lafer-Nabuco e a governabilidade
- FERREIRA GULLAR As muitas caras de Da Vinci
- MERVAL PEREIRA O lulismo e o petismo
- SUELY CALDAS Lula, Dilma e suas diferenças...
- DANUZA LEÃO É sempre ao contrário
- GAUDÊNCIO TORQUATO O último samba de Brasília
- CELSO MING E quem regula o Estado?
- Celso Ming -Beliscada nos juros
- AUGUSTO NUNES sobre entrevista de Lula ao Estadão
- CLÓVIS ROSSI Licença para queimar a casa (a sua)
- FERNANDO DE BARROS E SILVA "A mulher do Lula"
- MERVAL PEREIRA Queda de braço
- MERVAL PEREIRA Medo da intervenção
- CELSO MING Bendita e maldita
- NELSON MOTTA Carnavais, fantasias e desastres
- FERNANDO DE BARROS E SILVA ESQUERDA FESTIVA
- LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS Todos os olhos na e...
- REINALDO AZEVEDO:
- A Serra o que é de Serra Roberto Macedo
- MERVAL PEREIRA O fim da picada
- ROLF KUNTZ Gargalos e tropeços
- DEMÉTRIO MAGNOLI Fora da lei
- ALBERTO TAMER Obama nem quer falar mais com os eur...
- CELSO MING Metamorfose
- Roberto Romano: “Segredo e censura, irmãos siameses”
- ROBERTO Da MATTA A sina da coluna: fim de festa
- Ainda os efeitos da crise bancária- Luiz Carlos Me...
- AUGUSTO NUNES-AGORA QUE O CARNAVAL PASSOU, É HORA ...
- JOSÉ NÊUMANNE Arbítrio balança o berço da impunidade
- FERNANDO DE BARROS E SILVA Meirelles na manga
- CELSO MING O euro sem chão
- MERVAL PEREIRA Folia eleitoral
- O caixa automático e o especulador -VINICIUS TORRE...
- CELSO MING Decreto não muda o juro
- Classe média à vista-Wilson Figueiredo
- CARLOS ALBERTO SARDENBERG Os Estados Unidos saindo...
- Joseph Siglitz - Liderança, com algemas
-
▼
fevereiro
(171)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA