Entrevista:O Estado inteligente

sábado, setembro 05, 2009

VEJA CArta ao leitor


Como escapar da armadilha

Dida Sampaio/AE

Em um momento ensolarado da economia pairam as sombras do gigantismo estatal


Medido em relação a si mesmo e ao mundo, o Brasil atravessa o período positivo mais duradouro de sua história. Deixou para trás os tempos em que, ancorado nos títulos de campeão mundial de inflação, de dívida externa, desigualdade social e instabilidade, era o "país do futuro" que nunca chegava. Nos últimos quinze anos o Brasil vem avançando rapidamente. Agora, enquanto o mundo ainda convalesce da crise, o país colhe os resultados de seus esforços e desfruta ao lado da China a condição de polo preferencial de atração de investimentos. Sinais animadores estão por toda parte. A bolsa valoriza-se mais do que suas congêneres, a economia real sofreu menos do que se previa e projeta crescimento de 4% para 2010.

A turvar o céu de bons indicadores paira, porém, a sombra da concepção errada sobre as causas do ciclo virtuoso. Nas altas esferas do poder, confunde-se propositalmente a correta condução da política econômica que aliviou os impactos da crise mundial sobre o Brasil com a ampliação do papel do estado na economia e no controle da vida dos brasileiros. A ideia é tão anacrônica que se pode atribuir seu renascimento a uma jogada eleitoreira. Uma tentativa da situação de
colar no candidato de oposição em 2010 o epíteto de vendilhão da pátria.

É bom ter em mente que o estado-empresário e policialesco que algemava boi no pasto para controlar o preço da carne foi responsável, no passado, por colar o casco do Brasil no fundo do abismo do atraso. Escapamos de lá por aprender a valorizar os agentes que produzem riqueza em uma sociedade aberta: os trabalhadores e as empresas. Governos não produzem um centavo. Governos simplesmente recebem pelo voto o poder temporário para escolher como gastar o dinheiro repassado ao Tesouro pelos pagadores de impostos. Esquecer essa verdade pode nos fazer retroceder a tempos sombrios. Diversas reportagens e a coluna de Maílson da Nóbrega mostram nesta edição algumas manifestações do culto estatizante em voga. São elas o aumento da já indecente carga de impostos, a tentação de controlar as escolhas individuais, o reajuste das aposentadorias acima da inflação, a iniciativa de inchar ainda mais a máquina estatal e a proposta de um modelo pouco transparente para a exploração do petróleo. É uma armadilha antiga. Não há por que cair nela de novo.

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