Quatro momentos de Lula provam que um grosseirão sem cura agora se fantasia de doutor honoris causa em boas maneiras
Aconselhado pelo medo de vaia a manter distância do estádio bilionário que concebeu em parceria com a Odebrecht, Lula acompanhou pela TV a goleada sonora imposta a Dilma Rousseff, durante o jogo contra a Croácia, por milhares de brasileiros que cantaram o Hino Nacional a capela e festejaram a vitória da Seleção. O padrinho só entrou em combate quando a afilhada já batera em retirada.
"Eu vi uma parte da manifestação contra a presidenta Dilma e eu fiquei pensando que não é nem dinheiro nem escola nem títulos de doutor que dão educação para as pessoas", começou a aula de farisaísmo. "Educação se recebe dentro de casa. Eu nunca tive coragem de faltar com respeito a um presidente da República".
Conversa de 171. Em 1987, por exemplo, quando o chefe de governo era José Sarney, Lula não perdia chances de referir-se como "o maior ladrão da Nova República" ao futuro amigo de infância. E quem o conhece sabe que seu vocabulário não passaria de 300 palavras se fossem suprimidos os palavrões e termos chulos que usa de meio em meio minuto quando não há plateias por perto.
No ótimo Viagens com o Presidente, os jornalistas Eduardo Scolese e Leonencio Nossa relatam episódios que testemunharam ou histórias que colheram durante os quatro anos em que os repórteres da Folha e do Estadão seguiram os passos do chefe de governo. Confira quatro momentos. Diferentemente do livro, que expõe com crueza o estilo do grosseirão sem cura, asteriscos fazem o papel de vogais e consoantes nas expressões cuja publicação é vetada pelas normas do site de VEJA:
VIZINHOS NA MIRA
O fato se dá em Tóquio, no Japão, no final de maio de 2005. Uma dose caprichada de uísque com gelo e, antes mesmo do inicio do jantar, Lula manda servir o segundo, o terceiro e o quarto copos. Visivelmente alterado:
— "Tem horas, meus caros, que eu tenho vontade de mandar o Kirchner para a p*** que o pariu. É verdade. Eu tenho mesmo – afirma, aos gritos. — A verdade é que nós temos que ter saco para aturar a Argentina. E o Jorge Battle, do Uruguai? Aquele lá não é uruguaio po*** nenhuma. Foi criado nos Estados Unidos. É filhote dos americanos. O Chile é uma merda. O Chile é uma piada. Eles fazem os acordos lá deles com os americanos. Querem mais é que a gente se fo** por aqui. Eles estão cag***do para nós" (págs 270 e 271)
EXAME DE PRÓSTATA
Numa audiência com a ministra do Meio Ambiente Marina Silva, na época em que o governo começa a discutir a transposição de parte das águas do Francisco, o Presidente ouve opiniões contrárias dela e dos tecnicos:
- Marina, essa coisa de Meio Ambiente é igual a um exame de prostata. Não dá para ficar virgem toda a vida. Uma hora eles vão ter que enfiar o dedo no ** da gente. Companheira, se é para enfiar, é melhor enfiar logo" (Pág 71).
MARCO AURÉLIO GARCIA
Antes de uma cerimônia no palácio, Lula se próxima do assessor para assuntos internacionais, o professor Marco Aurelio Garcia, e diz:
— Marco Aurélio, eu já mandei você tomar no ** hoje"?
O professor sorri" (Pág. 71).
ORADOR EXIGENTE
Na suíte do hotel, recebe das mãos de assessores discurso sobre combate mundial à fome. Diante do ministro Celso Amorim e dos auxiliares do Planalto e do Itamaraty, folheia rapidamente a papelada e arremessa a metros de distância:
— "Enfiem no ** esse discurso, c****ho. Não é isso que eu quero, po***. Eu não vou ler essa merda. Vai todo mundo tomar no** Mudem isso, rápido." (Pág. 249).
Esses exemplos bastam para exibir o reizinho nu. Inquieto com as rachaduras no poste que instalou no Planalto, o presidente honorário do grande clube dos cafajestes tenta impedir o desastre fantasiado de doutor honoris causa em boas maneiras. Haja cinismo.
Enviada do meu iPad