Estadão
Sábado, o PT homologou a candidatura da presidente Dilma para a Presidência da República, com a proposta de "continuar para melhorar".
Até agora, nem a presidente Dilma nem as autoridades da área econômica do atual governo explicaram à opinião pública o que seria essa melhoria. Como mudou mais de uma vez, um novo governo Dilma pode seguir mudando. Falta saber se seria o suficiente para virar o atual curso paralisante da economia.
Na oposição prevalece o ponto de vista de que um eventual segundo mandato será continuação do jeito Dilma de governar e de nada além de mais do mesmo, com os mesmos resultados: crescimento decepcionante do PIB e inflação no teto da meta.
Como atitude inicial de um governo reconduzido ao poder pelo voto, esse ponto de vista teria lá suas justificativas: implicaria certo grau de aprovação popular ao que foi feito no primeiro mandato. No entanto, a dinâmica própria da economia não parece capaz de sustentar uma política desse tipo.
Caso se reeleja, a presidente Dilma até poderia manter seu estilo centralizador e personalista de governar, mas é improvável que sustentasse por muito tempo o atual arranjo de política econômica, que deu errado.
Três são as hipóteses de política econômica a considerar em caso de vitória da presidente Dilma.
A primeira seria a de que, uma vez recarregadas as baterias de capital político, bastariam alguns ajustes para que o atual quadro de estagflação fosse prontamente revertido. É o diagnóstico de que não há nada de especialmente errado na política econômica e o de que o desânimo tem mais a ver com a onda pessimista difundida pelos analistas. Como até mesmo as lideranças do PT estão descontentes com os resultados da economia, é improvável que esse ponto de vista prevaleça.
Não falta dentro do atual governo quem argumente que a atual incapacidade de mostrar resultados não tem a ver com a opção pela Nova Matriz de Política Econômica, mas, sim, com a falta de aprofundamento das atuais diretrizes desenvolvimentistas. É a maneira de pensar de quem recomenda muito mais do mesmo: rédeas soltas na administração das finanças públicas (política fiscal frouxa), derrubada dos juros para catapultar o consumo e desvalorização mais radical do real (alta do dólar) para dar competitividade à indústria - e esta seria a segunda hipótese aqui avaliada.
Seria a receita para uma trombada imediata no barranco. A confiança ficaria ainda mais abalada; os investimentos minguariam; os US$ 30 bilhões de capitais externos que hoje estão tirando proveito dos juros altos e do câmbio estável bateriam em retirada; e a inflação seguiria seu curso.
As duas opções acima se esgotariam rapidamente. E, nessas condições, não sobraria para a segunda administração Dilma outra saída senão dar um choque de ortodoxia, do tipo Antonio Palocci, capaz de mudar de rumo e de estratégia, para que a economia voltasse a curso sustentável, de crescimento razoável e de inflação na meta.
Em todo o caso, os fatos e a política têm dinâmicas próprias, como as manifestações de junho de 2013 também tiveram. É o que recomenda cautela e caldo de galinha.
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