Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
domingo, setembro 09, 2012
O Brasil abre um novo caminho - GAUDÊNCIO TORQUATO
O Estado de S.Paulo - 09/09
Os devotos de São Tomé, que só acreditam vendo, começam a perder as apostas feitas com os devotos de São Judas Tadeu, o patrocinador das causas impossíveis. Pois é, o santo que dá um jeitinho nas dificuldades está mostrando o seu poder de milagreiro até na esburacada estrada da política.
Vejam: a Justiça da Suíça autorizou a devolução aos cofres do Tesouro Nacional de US$ 6,8 milhões que estavam na conta do ex-juiz Nicolau dos Santos Neto (Lalau); há poucos dias o Grupo OK, do ex-senador Luiz Estevão, concordou em devolver à União R$ 468 milhões que teriam sido desviados de verba pública para construção do prédio do TRT em São Paulo. O Supremo Tribunal Federal (STF) condenou à prisão um ex-presidente da Câmara dos Deputados, a segunda autoridade na linha de sucessão da Presidência da República; puniu também dirigentes de bancos por gestão fraudulenta. E continua a julgar o caso de "maior desvio de dinheiro público flagrado no Brasil", dando sinais de que os culpados no processo que reúne 38 réus serão implacavelmente condenados. No plano eleitoral surpresas emergem. É o caso de São Paulo, onde um candidato com curto espaço no programa de rádio e TV assume a liderança da campanha.
As situações narradas evidenciam a tese de que por estas plagas tudo é possível. As cartas marcadas do baralho já não ganham o jogo. O País começa a respirar ares de modernização institucional.
Por modernização deve-se entender mudança de valores, atitudes e expectativas. Comporta, como ensina Samuel Huntington, aspectos relacionados a padrões de vida, mobilidade social e ampliação de conhecimentos por meio da educação. São inegáveis os avanços em algumas áreas, apesar de ainda existirem imensos arquipélagos de atraso, particularmente na saúde e na educação. Na frente da mobilidade registra-se o ingresso de 30 milhões de brasileiros na classe C. A modernização, portanto, soma conquistas em diversas esferas: educacional, econômica, ascensão social, com reflexos na política. Nesta, por exemplo, cria ondas de mobilização pública, motivando os cidadãos a trocar velhos costumes por novos padrões de socialização e comportamento. Intensifica-se o desejo de maior participação da sociedade no processo decisório, situação expressa nas pressões sobre a base política e na escolha mais criteriosa dos atores que farão a representação nos Parlamentos e nos Executivos.
Na paisagem retocada com as tintas da modernização chama a atenção a multiplicação dos centros do poder. Antes restrito às Casas Legislativas e ao Executivo da União, dos Estados e municípios, o poder político agora se refunde e se redistribui pela miríade de novos circuitos de representação - movimentos, associações, grupos, entidades em defesa de minorias, gêneros, etnias e categorias profissionais -, que passam a difundir propostas, ocupar e fazer barulho nos corredores dos Parlamentos e da administração pública.
Diz-se, com propriedade, que esta nova ordem política se aproxima de uma meta ansiada pela sociedade contemporânea, qual seja, a democracia participativa. Mesmo que lhe faltem elementos para compor o escopo da democracia direta - como a defesa do ideal de toda a coletividade, e não apenas de setores -, o fato é que os pulmões da sociedade brasileira estão recebendo uma lufada de ar fresco. A racionalidade expande-se na esteira de um processo de autonomia individual e grupal, pelo qual as decisões passam a ser iluminadas pela chama dos direitos humanos e por acentuado sentimento de cidadania.
Sob essa nova textura se desenvolvem fenômenos e eventos que costuram a nova vestimenta institucional. Veja-se, por exemplo, o julgamento do mensalão. A esta altura já é possível inferir que as decisões dos ministros da Corte Suprema determinarão mudanças no modus operandi da política. Zelo e atenção às regras são valores que, de imediato, se incorporam ao cotidiano dos representantes. Ganha força a tese de que nenhum político, do mais ao menos graduado, nenhum cidadão e nenhuma instituição, por mais poderosa que seja, estarão imunes aos olhos (atentos) da Justiça. Um julgamento como o da Ação Penal 470, cuja transparência tem sido plena, tem o condão de resgatar a confiança social na Justiça e contribui para jogar uma pá de cal no conceito de que apenas os pobres vão para a cadeia. O processo abrirá o debate sobre um ordenamento político estribado no dever moral, o qual conduzirá o corpo político, também monitorado por novos polos de poder, a promover os ajustes necessários para atender ao clamor de núcleos participativos e críticos. Sairão fortalecidas, também, as estruturas de defesa social, fiscalização, apuração e controle, que reúnem Ministério Público, Polícia Federal, Tribunal de Contas da União, Advocacia-Geral da União, Procuradoria-Geral da União, entre outras.
O próprio edifício do Direito recebe uma argamassa de prestígio não só pelas aulas magnas proferidas pelos ministros do STF, mas pela expressão de brilhantes advogados que demonstraram suas qualidades. Nunca se viu uma ação penal ser tão dissecada e submetida a um escancarado portal midiático, a partir da própria TV Justiça, o que propiciou um exame por "juízes" de outras instâncias, como políticos e operadores do Direito de todas as frentes.
A par desse evento, de simbolismo ímpar e impacto extraordinário sobre a área política, constatamos, com alegria cívica, uma montanha de recursos retornando aos cofres públicos. Quantos brasileiros acreditavam nessa hipótese?
Fecha-se a narrativa com o eleitorado. Em algumas praças ele mostra autonomia ao contrariar previsões e desmanchar hipóteses. Em São Paulo, põe na frente da corrida um perfil apartado da clássica polarização entre grandes partidos. O que explica isso? Pequena resposta: a galera das arquibancadas também quer impor regras ao time, como faz o técnico.
Arquivo do blog
-
▼
2012
(2586)
-
▼
setembro
(407)
- Os males do Brasil - ROBERTO POMPEU DE TOLEDO
- Outro lado do mensalão - MAÍLSON DA NÓBREGA
- A raiz do problema - DORA KRAMER
- O pós-mensalão - MERVAL PEREIRA
- A democracia tutelar - CLAUDIO DE MOURA CASTRO
- O valor da educação - SUELY CALDAS
- Tapar o sol - FERREIRA GULLAR
- O clandestino - DANUZA LEÃO
- A hora da saideira - JOÃO UBALDO RIBEIRO
- O mais grave dos riscos - MIRIAM LEITÃO
- Pressão por mudanças - CELSO MING
- Enquanto isso, no Senado... - EDITORIAL O ESTADÃO
- Consumo evitou PIB menor - ALBERTO TAMER
- A realidade distorcida - JOÃO BOSCO RABELLO
- PLula está definhando? - EDITORIAL O ESTADÃO
- João Grilo era feliz e não sabia - GAUDÊNCIO TORQUATO
- No gogó da Grande Mãe - VINICIUS TORRES FREIRE
- Reinaldo Azevedo
- Casa Nova, por Carlos Brickmann
- Oportunidade perdida - MERVAL PEREIRA
- Risco conhecido - MIRIAM LEITÃO
- A hora do investimento - CELSO MING
- O novo e o velho - EDITORIAL FOLHA DE SP
- As contas da estagnação - EDITORIAL O ESTADÃO
- Prazeres na "nuvem" - RUY CASTRO
- A loucura do rigor europeu - PAUL KRUGMAN
- O remédio como doença - NELSON MOTTA
- O PT na hora do lobo - FERNANDO GABEIRA
- Pontos divergentes - MERVAL PEREIRA
- A hora H - DORA KRAMER
- Dois anos de PIB magro - MIRIAM LEITÃO
- PIB com baixa reação - CELSO MING
- Improvisação e imediatismo-ROGÉRIO FURQUIM WERNECK
- O sonho real - Ruy Castro
- CLAUDIO HUMBERTO
- Governo do PT é uma fraude - ROBERTO FREIRE
- O humor negro do BC Editorial Estadão
- Liberdade ameaçada Editoral da Folha
- A quebra de sigilos pela Receita - EDITORIAL O GLOBO
- Censura em rede Editorial da FOLHA
- Os gêmeos - IGOR GIELOW
- À flor da pele - MERVAL PEREIRA
- Cultura do rapapé - DORA KRAMER
- Aperto e emissões demais - CELSO MING
- A China no centro - MIRIAM LEITÃO
- EUA 'primarizam' importação - ALBERTO TAMER
- CLAUDIO HUMBERTO
- O escolhido e o mensalão - EDITORIAL O ESTADÃO
- Economia ainda de cama - VINICIUS TORRES FREIRE
- O etanol é para valer? - ADRIANO PIRES
- Os dólares do 'seu' Jacques. E os de Dilma Carlos ...
- A teoria política da corrupção Demétrio Magnoli
- Dilma e a ética pública - MERVAL PEREIRA
- Comparação indevida - DORA KRAMER
- Aperta que vai - CELSO MING
- Ainda que tardia - MIRIAM LEITÃO
- Crise na Comissão de Ética Editorial Estadão
- A crise embutida num indulto a mensaleiros - EDITO...
- Bravo tatu-bola - RUY CASTRO
- CLAUDIO HUMBERTO
- Marcha a ré na exportação Rolf Kuntz
- Rezar? Roberto DaMatta
- Os réus morais do mensalão José Neumanne
- Portos: nova rodada de concessões? Josef Barat
- A política de rabo preso
- Ele merece perdão?
- O mensalão bate na porta
- Favela ou curral?
- Ferreira Gullar - Uma visão crítica das coisas
- VEJA 2285 24/09/2012
- 25/09/2012
- Só com censura - J.R. GUZZO
- Escândalo olímpico - EDGAR ALVES
- A esquerda venceu? - RENATO JANINE RIBEIRO
- os comissários da ignorância - LUIZ FELIPE PONDÉ
- Fim em si - RUY CASTRO
- Populismo, mensalão e voto - JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
- Miau! Miau! Miau! - RICARDO NOBLAT
- Hoje só amanhã - MELCHIADES FILHO
- Democracias - DENIS LERRER ROSENFIELD
- Desliguem as câmeras no STF já - GUILHERME FIÚZA
- Buscando a excelência - LYA LUFT
- Dilma e os fatos da vida - ROLF KUNTZ
- Triste realidade - MERVAL PEREIRA
- Depois do vendaval - DORA KRAMER
- Os investimentos de Dona Dilma - SUELY CALDAS
- A arte de nosso tempo - FERREIRA GULLAR
- Meia solução - CELSO MING
- Meia solução - CELSO MING
- Paralimpíadas é a mãe - JOÃO UBALDO RIBEIRO
- Recorde de audiência - DANUZA LEÃO
- Os bancos centrais mudaram? - HENRIQUE MEIRELLES
- Risco de indulto para mensaleiros - VINICIUS SASSINE
- O compromisso com o erro - JOÃO BOSCO RABELLO
- Direito no centro da atenção - MIRIAM LEITÃO
- BCs se animam e vão à luta - ALBERTO TAMER
- E se Jesus voltasse à Terra? - LEE SIEGEL
- Oráculo chinês - EDITORIAL FOLHA DE SP
- Reeleições 'ad infinitum'? - SERGIO FAUSTO
- Não há deuses na política - GAUDÊNCIO TORQUATO
-
▼
setembro
(407)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA