O GLOBO - 29/09
Esta semana o Banco Central divulgou o panorama de como está o crédito no Brasil e ressaltou, claro, a boa notícia da menor taxa de juros para o crédito das pessoas físicas desde o Plano Real. Mas o que preocupa é o tamanho da inadimplência. O percentual ficou estável, em 7,9%, mas como o volume do crédito cresceu, o total da dívida sem pagamento tem subido de forma assustadora.
O estoque de crédito inadimplente na economia brasileira, ou seja, com atraso de pelo menos três meses, cresceu 26,5% em um ano até agosto. Saiu de R$ 66 bilhões para R$ 83 bilhões.
O crédito podre, que não é pago há seis meses, cresceu 20,2% nesse período.
A redução da Selic em cinco pontos percentuais desde setembro do ano passado e a pressão do governo para que os bancos reduzam juros na ponta estão surtindo efeito. Os juros médios da economia, cobrados de pessoas físicas e jurídicas, caíram para 30,1%. Nos últimos 12 meses, a redução foi de 9,6%. O spread, nesse mesmo período, caiu 5,3%.
Ainda há espaço para cair mais e isso é bom.
Outra boa notícia é que o prazo para o pagamento das dívidas está maior. Os bancos estão alongando o tempo que os tomadores de recursos têm para pagar os empréstimos e isso ajuda a prestação caber no bolso. Em agosto, o prazo médio subiu para 507 dias, aumento de 14% nos últimos 12 meses.
Há, porém, problemas. Mesmo com juros menores, prazos maiores que facilitam pagamentos, a inadimplência continua alta. Esse indicador pode ser analisado de duas formas e nas duas há razão para ficar atento.
A primeira mostra uma estabilidade da inadimplência em patamar elevado. No caso das famílias, são 7,9% de todos os recursos que foram tomados emprestados. Para efeito de comparação, em janeiro deste ano, a taxa estava em 7,1%. Em janeiro do ano passado estava em 5,1%. Por mais que o governo e alguns economistas digam que a inadimplência vai cair, o fato é que o ciclo de alta ainda não começou a ser revertido. Para as empresas, a inadimplência subiu para 4,1%.
Em janeiro do ano passado, estava em 3,5%.
Também subiu e não voltou a cair.
A segunda maneira de olhar a inadimplência preocupa mais. Ela mostra o estoque de crédito em atraso na economia. Compara o volume de dinheiro que deveria ter sido pago aos bancos e não foi. Nessa forma de olhar o problema é que a inadimplência subiu 26,5% em 12 meses. As provisões que os bancos precisam fazer para se proteger dos calotes subiu 19%. É dinheiro que precisa ficar parado nos balanços das instituições financeiras.
O crédito podre - com atraso de seis meses - subiu 3,1% apenas em agosto. Dos R$ 83 bilhões de crédito inadimplente na economia brasileira, R$ 71 bi estão atrasados há seis meses. Esse montante, na verdade, é maior, porque o BC só contabiliza dívidas financeiras. Atrasos em contas de luz, água, por exemplo, e crediário de lojas não são medidos.
O PIB crescerá apenas 1,6% este ano, como projetou esta semana o Banco Central. Mas os empréstimos estão sendo concedidos numa velocidade de 17%. O BC classifica esse ritmo de "moderado".
Tudo fica mais arriscado porque o governo está genuinamente convencido de que é preciso estimular mais o endividamento, mesmo que à custa de subsídio público, como vai acontecer na transferência de R$ 21 bilhões para o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, via medida provisória, para que eles aumentem a oferta de crédito.
As crises americana e europeia começaram exatamente pelo excesso de endividamento das empresas e das famílias durante um longo período.
Melhor evitar o risco de repetir erro alheio.
O estoque de crédito inadimplente na economia brasileira, ou seja, com atraso de pelo menos três meses, cresceu 26,5% em um ano até agosto. Saiu de R$ 66 bilhões para R$ 83 bilhões.
O crédito podre, que não é pago há seis meses, cresceu 20,2% nesse período.
A redução da Selic em cinco pontos percentuais desde setembro do ano passado e a pressão do governo para que os bancos reduzam juros na ponta estão surtindo efeito. Os juros médios da economia, cobrados de pessoas físicas e jurídicas, caíram para 30,1%. Nos últimos 12 meses, a redução foi de 9,6%. O spread, nesse mesmo período, caiu 5,3%.
Ainda há espaço para cair mais e isso é bom.
Outra boa notícia é que o prazo para o pagamento das dívidas está maior. Os bancos estão alongando o tempo que os tomadores de recursos têm para pagar os empréstimos e isso ajuda a prestação caber no bolso. Em agosto, o prazo médio subiu para 507 dias, aumento de 14% nos últimos 12 meses.
Há, porém, problemas. Mesmo com juros menores, prazos maiores que facilitam pagamentos, a inadimplência continua alta. Esse indicador pode ser analisado de duas formas e nas duas há razão para ficar atento.
A primeira mostra uma estabilidade da inadimplência em patamar elevado. No caso das famílias, são 7,9% de todos os recursos que foram tomados emprestados. Para efeito de comparação, em janeiro deste ano, a taxa estava em 7,1%. Em janeiro do ano passado estava em 5,1%. Por mais que o governo e alguns economistas digam que a inadimplência vai cair, o fato é que o ciclo de alta ainda não começou a ser revertido. Para as empresas, a inadimplência subiu para 4,1%.
Em janeiro do ano passado, estava em 3,5%.
Também subiu e não voltou a cair.
A segunda maneira de olhar a inadimplência preocupa mais. Ela mostra o estoque de crédito em atraso na economia. Compara o volume de dinheiro que deveria ter sido pago aos bancos e não foi. Nessa forma de olhar o problema é que a inadimplência subiu 26,5% em 12 meses. As provisões que os bancos precisam fazer para se proteger dos calotes subiu 19%. É dinheiro que precisa ficar parado nos balanços das instituições financeiras.
O crédito podre - com atraso de seis meses - subiu 3,1% apenas em agosto. Dos R$ 83 bilhões de crédito inadimplente na economia brasileira, R$ 71 bi estão atrasados há seis meses. Esse montante, na verdade, é maior, porque o BC só contabiliza dívidas financeiras. Atrasos em contas de luz, água, por exemplo, e crediário de lojas não são medidos.
O PIB crescerá apenas 1,6% este ano, como projetou esta semana o Banco Central. Mas os empréstimos estão sendo concedidos numa velocidade de 17%. O BC classifica esse ritmo de "moderado".
Tudo fica mais arriscado porque o governo está genuinamente convencido de que é preciso estimular mais o endividamento, mesmo que à custa de subsídio público, como vai acontecer na transferência de R$ 21 bilhões para o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, via medida provisória, para que eles aumentem a oferta de crédito.
As crises americana e europeia começaram exatamente pelo excesso de endividamento das empresas e das famílias durante um longo período.
Melhor evitar o risco de repetir erro alheio.