RIO DE JANEIRO - Amijubi, Zuzeco e Fuleco. Qual desses nomes você mais deplora, despreza ou detesta? São os inventados e propostos pela Fifa para designar o tatu-bola, que ela elegeu como mascote da Copa de 2014 no Brasil. A Fifa os pôs em votação pela internet e espera que, até 25 de novembro, um deles seja sacramentado pelo povo brasileiro.
Sacramento esse que nenhuma diferença fará para a Fifa. Qualquer nome lhe servirá, desde que artificial -fora do dicionário-, à prova de prévio domínio alheio e que ela possa registrar internacionalmente como propriedade industrial. O que já fez com os três nomes. Seja qual for o escolhido, nosso bravo tatu-bola -um abundante e legítimo espécime brasileiro, também existente apenas em certos países vizinhos e de forma esparsa- contribuirá com centenas de milhões de dólares para as burras da entidade.
Escolhido o nome, o planeta será inundado de Amijubis, Zuzecos ou Fulecos em outdoors, posters, bonecos, chaveiros, adesivos, brinquedos, gibis, desenhos, comerciais, anúncios em cinemas e toda quinquilharia eletrônica que se imagine. Sempre que esse nome for escrito, lido ou pronunciado, ouvir-se-á o apito do "copyright" e uma moeda pingará na conta da Fifa.
A ninguém espantou até agora que a Fifa terá se tornado proprietária de uma palavra que, artificial ou não, pertence à língua portuguesa. E nem surpreende que, tão ciosa de seus direitos, ela só tenha se esquecido de consultar o principal interessado: o tatu-bola. Quem pode garantir que ele gostará de ver seu bom nome ligado a uma daquelas execráveis alcunhas?
Seria divertido ver a Sociedade Protetora dos Animais, o Partido Verde e outras instituições de defesa do ambiente, como representantes autorizados do tatu-bola, acionando a Fifa por injúria, abuso da imagem e exploração indevida.