FOLHA DE SÃO PAULO - 09/09/10
Instantâneo fornecido pela Pnad mostra ainda um país muito primitivo e lerdo no avanço social e econômico
A PARCELA dos brasileiros com pelo menos 11 anos de estudo mais que dobrou de 1995 para 2009. Isto é, trata-se da proporção dos brasileiros que completaram pelo menos o ensino médio. "Mais que dobrar" parece um grande progresso. É?
Bem, em 1995, 15,5% da população havia estudado mais de 11 anos. No ano passado, essa proporção subira para 33,3%, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, a Pnad de 2009, cujos primeiros resultados foram divulgados ontem pelo IBGE.
O ritmo de aumento da parcela da população que ao menos se graduou no colegial flutua em torno de 1,5 ponto percentual desde 2002.
Nessa toada, metade da população terá completado pelo menos o segundo grau em 2022, oito anos depois da Copa, seis anos depois da Olimpíada do Rio, mais de uma década depois do início da construção do trem-bala, caso esse disparate se torne realidade. Note-se que 67% dos brasileiros têm mais de 20 anos ou mais -20 anos parece idade suficiente para ter terminado o ensino médio (o que deveria ocorrer aos 17 ou aos 18 anos de idade).
Nossos devaneios de potência juvenil ou média, para nem falar de sonhos de suprema elegância, poder e cultura, ficam desmoralizados diante da estatística. O quadro fica ainda pior quando se lembra que a qualidade da escola, fundamental ou média, costuma nos colocar nos três últimos lugares dos rankings de desempenho estudantil (que em geral dizem respeito a 40 a 50 países).
O país se recupera ainda da década e meia de estagnação e tumulto econômicos, o que ajudaria a explicar o mau resultado? Com um pouco mais de progresso da renda e ordem fiscal seria possível melhorar a educação? Talvez. Mas foram assim tão excepcionais as melhorias de renda e do mercado de trabalho?
Não, não se trata aqui mais uma vez da disputa fanática entre fernandinos tucanos e petistas lulistas. Políticas de governos têm, sim, alguma influência no desenvolvimento do mercado de trabalho, mas muita vez os efeitos de tais políticas são notáveis apenas anos após encerrado um governo. O que interessa aqui é só a radiografia de um país que se imagina "potência emergente".
A renda média dos domicílios cresceu, em média, 3,6% de 2004 para cá, em termos reais. O número de pessoas por domicílio caiu -a renda per capita domiciliar cresceu, pois, um pouco mais que 3,7% ao ano. Mas de 1998 a 2003 a renda média domiciliar caíra 4% ao ano. Parte importante da sensação de bem-estar dos últimos anos é mais um alívio do que grande progresso.
O índice de distribuição de renda melhorou também, como se sabe. Logo, a renda dos mais pobres cresceu mais. Porém, as séries históricas de dados divulgadas ontem pelo IBGE mostram que a distribuição de renda de 2002 era tão ruim (ou boa) como a de 1981. Durante duas décadas, o país se tornou ainda mais injusto do que sempre o foi.
Apenas 54,1% dos trabalhadores ocupados contribuíam para algum instituto de previdência no ano passado. Melhorou -eram 43,6% em 1992. Mas a estatística incrementada de 2009 quer dizer apenas que quase metade dos trabalhadores não terá cobertura previdenciária na velhice ou doença, ou precisará de uma aposentadoria ou Bolsa inteiramente bancada pelo Estado, tanto problema social como fiscal.
Entrevista:O Estado inteligente
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