Ontem, o Copom manteve os juros básicos (Selic) nos 10,75% ao ano, patamar em que provavelmente deverão ficar neste resto de ano.
Embora em queda no longo curso, são juros básicos ainda altos demais para uma economia que precisa de investimentos. No mundo rico prevalecem hoje juros reais (descontada a inflação) negativos, enquanto por aqui estão em torno dos 5% ao ano. Nessas condições, são um dos principais fatores do alto custo Brasil, especialmente quando comparados com os custos nação de outras paragens com as quais o País compete mais diretamente, especialmente no comércio exterior.
A tendência de juros baixos no mundo por um longo período é excelente condição que pode permitir a redução deles também por aqui, desde que algo mais se faça para que isso aconteça. Algumas dessas providências exigirão mudanças no mercado financeiro. Outras, no sistema de metas de inflação.
Para que os juros caiam, parece inevitável, por exemplo, que se elimine uma das mais graves distorções, que é a utilização de títulos públicos com renda pós-fixada atrelada aos juros básicos, principalmente a Letra Financeira do Tesouro (LFT), criada em 1987, durante o Plano Cruzado, quando ajudou a evitar fuga de dólares.
A LFT tem sido bastante criticada na medida em que impossibilita a formação de um mercado de títulos de longo prazo no País. É que a remuneração de um título que deveria ser de prazo longo, acaba sendo de prazo curtíssimo. Isso posto, não consegue formar poupança que possa casar com financiamentos mais esticados.
Mas, do ponto de vista da política monetária, a LFT impede perdas patrimoniais, caso os juros tenham de aumentar, porque está amarrada à Selic, ou seja, será o que forem os juros básicos. Explica-se: em toda parte, a remuneração dos títulos públicos é prefixada e pune o mercado quando produz inflação. Mas, no Brasil, mais de 40% da dívida em títulos da União está em LFTs. É o carro de corrida que não tem aerofólios e exige muito mais do sistema de freios. Ou seja, exige que o Banco Central redobre a dose dos juros para dar eficácia à política monetária cujo objetivo é controlar a inflação.
O outro emperrador do funcionamento do sistema de metas é a persistência no Brasil de uma enorme faixa de preços que não tem nenhuma relação com o volume de dinheiro na economia e que, assim, não reage à política de juros. Esses preços são reajustados de acordo com o definido em leis ou em contratos, que, em geral, impõem como critério de reajustes um índice de inflação. É o caso dos preços administrados (tarifas de telefone, água, energia elétrica e aluguéis), que correspondem a alguma coisa entre 30% e 35% da planilha do custo de vida. Na maioria das vezes, são reajustados pelo IGP-M, índice que reflete com grande peso as variações dos preços das matérias-primas e do dólar. No caso dos preços administrados, tanto faz que o Copom aumente ou baixe a Selic. O efeito sobre eles é apenas residual. E isso exige, também, mais dose de juros do Copom para reduzir a inflação.
Sem uma profunda revisão nesses dois pontos, vai ser difícil dar mais eficiência ao sistema de metas e, ao mesmo tempo, garantir a derrubada dos juros básicos no Brasil.
Bombando
As importações do Brasil continuam disparando. Na acumulada do ano (até agosto) cresceram 45,7%, enquanto, no mesmo período, as exportações aumentaram 28,0%.
É a produção
Bens de capital, matérias-primas e produtos intermediários perfazem 68,9% das importações totais. No ano passado, eram 71,0%.
Perda de peso
Neste ano, os manufaturados correspondem a 39,7% das exportações. Em 2009, foram 42,5%
Embora em queda no longo curso, são juros básicos ainda altos demais para uma economia que precisa de investimentos. No mundo rico prevalecem hoje juros reais (descontada a inflação) negativos, enquanto por aqui estão em torno dos 5% ao ano. Nessas condições, são um dos principais fatores do alto custo Brasil, especialmente quando comparados com os custos nação de outras paragens com as quais o País compete mais diretamente, especialmente no comércio exterior.
A tendência de juros baixos no mundo por um longo período é excelente condição que pode permitir a redução deles também por aqui, desde que algo mais se faça para que isso aconteça. Algumas dessas providências exigirão mudanças no mercado financeiro. Outras, no sistema de metas de inflação.
Para que os juros caiam, parece inevitável, por exemplo, que se elimine uma das mais graves distorções, que é a utilização de títulos públicos com renda pós-fixada atrelada aos juros básicos, principalmente a Letra Financeira do Tesouro (LFT), criada em 1987, durante o Plano Cruzado, quando ajudou a evitar fuga de dólares.
A LFT tem sido bastante criticada na medida em que impossibilita a formação de um mercado de títulos de longo prazo no País. É que a remuneração de um título que deveria ser de prazo longo, acaba sendo de prazo curtíssimo. Isso posto, não consegue formar poupança que possa casar com financiamentos mais esticados.
Mas, do ponto de vista da política monetária, a LFT impede perdas patrimoniais, caso os juros tenham de aumentar, porque está amarrada à Selic, ou seja, será o que forem os juros básicos. Explica-se: em toda parte, a remuneração dos títulos públicos é prefixada e pune o mercado quando produz inflação. Mas, no Brasil, mais de 40% da dívida em títulos da União está em LFTs. É o carro de corrida que não tem aerofólios e exige muito mais do sistema de freios. Ou seja, exige que o Banco Central redobre a dose dos juros para dar eficácia à política monetária cujo objetivo é controlar a inflação.
O outro emperrador do funcionamento do sistema de metas é a persistência no Brasil de uma enorme faixa de preços que não tem nenhuma relação com o volume de dinheiro na economia e que, assim, não reage à política de juros. Esses preços são reajustados de acordo com o definido em leis ou em contratos, que, em geral, impõem como critério de reajustes um índice de inflação. É o caso dos preços administrados (tarifas de telefone, água, energia elétrica e aluguéis), que correspondem a alguma coisa entre 30% e 35% da planilha do custo de vida. Na maioria das vezes, são reajustados pelo IGP-M, índice que reflete com grande peso as variações dos preços das matérias-primas e do dólar. No caso dos preços administrados, tanto faz que o Copom aumente ou baixe a Selic. O efeito sobre eles é apenas residual. E isso exige, também, mais dose de juros do Copom para reduzir a inflação.
Sem uma profunda revisão nesses dois pontos, vai ser difícil dar mais eficiência ao sistema de metas e, ao mesmo tempo, garantir a derrubada dos juros básicos no Brasil.
Bombando
As importações do Brasil continuam disparando. Na acumulada do ano (até agosto) cresceram 45,7%, enquanto, no mesmo período, as exportações aumentaram 28,0%.
É a produção
Bens de capital, matérias-primas e produtos intermediários perfazem 68,9% das importações totais. No ano passado, eram 71,0%.
Perda de peso
Neste ano, os manufaturados correspondem a 39,7% das exportações. Em 2009, foram 42,5%