O Estado de S. Paulo - 03/09/2010
Depois de mais de um ano de vacilações, algumas grandes incertezas que cercavam o processo de aumento de capital da Petrobrás foram afinal dirimidas. Falta resolver outras, como o preço por ação pelo qual será realizada a oferta pública.
Trata-se provavelmente da maior operação desse tipo em toda a história global, a ser completada num momento de crise internacional, em que o apetite por aplicações de risco não é lá essas coisas. Pode alcançar US$ 85 bilhões. Além disso, será realizada sob o impacto do megavazamento de petróleo no Golfo do México, o maior desastre dessa natureza, que quase afundou a BP, responsável pelo poço.
Apesar disso, as primeiras informações que chegam são de que "é forte o interesse por essa oferta pública".
Tal como vem sendo formatado, o aumento de capital pretende amarrar um punhado de objetivos fixados pelo governo Lula: garantir mais privilégios à Petrobrás na exploração do pré-sal; aumentar a participação do Tesouro num contexto de escassez de recursos (por isso a subscrição da parcela da União é feita em espécie - petróleo depositado no fundo da terra - e não em dinheiro vivo); e atrair investimentos privados que são os que de fato vão fornecer energia financeira à Petrobrás.
Como será grande o contingente de acionistas minoritários brasileiros sem condições de subscrever a sua parte, as sobras deverão ser adquiridas pela União e pelos interessados, brasileiros e estrangeiros. A Petrobrás sairá desse processo mais estatal e mais estrangeira.
O preço final dos 5 bilhões de barris que serão transferidos à Petrobrás, a US$ 8,51 por barril, ficou acima das apostas iniciais do mercado. Mas sobre o "valor justo", no máximo se podem obter esclarecimentos e nunca uma certeza cabal. São nada menos que sete poços (veja mapa), cada um com suas características, a exigir diferentes alocações de recursos técnicos e financeiros para sua exploração.
O cacife da União, definido a partir do preço médio do barril, é de US$ 42,5 bilhões, metade do aumento de capital autorizado. Ou seja, a União entra no jogo disposta não só a subscrever sua parte (32%), mas também as sobras, até metade do aumento autorizado.
Não está claro, ainda, se na subscrição das sobras, a União vai contentar-se com ficar apenas com as ações ordinárias (com direito a voto) ou se terá interesse também nas preferenciais.
Além de diluir sua participação no capital da Petrobrás, o acionista minoritário terá retorno imediato menor por suas aplicações. Fácil entender por quê: os investimentos a serem feitos com a capitalização levarão de cinco a oito anos para maturar. Enquanto isso, a Petrobrás estará produzindo mais ou menos os mesmos resultados (lucro líquido entre R$ 8 bilhões e R$ 9 bilhões por trimestre), a serem distribuídos por um capital 30% maior.
De qualquer maneira, o atual acionista se beneficiará de dois fatores: (1) incorporação às reservas da Petrobrás de 5 bilhões de barris de petróleo destituídos de risco de reservatório - uma vantagem rara; e (2) maior liquidez na negociação das ações nas bolsas.
O impacto no câmbio que advirá da entrada de pelo menos US$ 20 bilhões em recursos novos não será o único a ser provocado pelo processo de capitalização. De algum lugar, os subscritores do novo capital terão de tirar dinheiro. E isso aponta para certo aumento do movimento de resgates dos fundos de renda fixa ou de vendas de outras ações no mercado.
Entrevista:O Estado inteligente
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