O Estado de S. Paulo |
3/4/2008 |
O governo Lula parece reconhecer que o consumo não pode crescer tão mais do que a capacidade de oferta da economia; não gosta da idéia de novo aumento dos juros, mas também não sabe como evitar que isso aconteça. Ontem, o presidente Lula avisou que não quer reforçar o superávit primário (sobra de arrecadação para reduzir a dívida)para ajudar o Banco Central a combater a inflação. E ficou nisso. Não apontou outra solução. Também ontem, no jornal Valor, o colunista Cristiano Romero revelou que toma corpo dentro do governo uma corrente, cansada de juros altos, que defende a revogação da política de metas de inflação a ser substituída por uma política de metas de câmbio. É uma proposta um tanto vaga que implicaria mudar a arrumação da política econômica. Define a cotação ideal para o câmbio e, a partir dela, reacomoda os demais móveis da sala. A idéia é uma resposta confusa para o chamado Trilema de Mundell. Robert Mundell, Prêmio Nobel de Economia de 1999, observou que numa economia aberta não é possível alcançar três objetivos simultaneamente: livre movimento dos capitais; câmbio fixo; e autonomia para executar a política de juros. São objetivos que impõem restrições entre si. O câmbio fixo foi abandonado em 1999 porque não parou mais em pé. A partir daí foi preciso adotar o Sistema de Metas de Inflação, que permitiu o controle dos preços. Mas, ao fixar os juros, o governo não pode mais controlar o câmbio. Se, no entanto, o governo optasse pela volta ao câmbio fixo, não poderia conter os juros. E isso é assim porque para controlar o câmbio o Banco Central teria de comprar dólares quando eles sobrassem no mercado, o que puxaria as cotações do câmbio para baixo; ou teria de vender moeda estrangeira quando as cotações promovessem alta indesejável da cotação do câmbio. E, quando compra dólares, despeja dinheiro na praça e isso produz inflação. Assim, a política do câmbio fixo, tal como adotada pela Argentina, traz embutido em si mesma um grande risco de disparada da inflação, o que está acontecendo agora. Por isso, se o presidente Lula decidiu que seu governo vai combater, custe o que custar, “a desgraçada da inflação”, não há como abrir mão do controle do volume de moeda na economia e, portanto, dos juros. Assim, essa proposta de voltar ao câmbio fixo exigiria mudanças drásticas, com alta probabilidade de desarrumar tudo. De qualquer maneira, uma das razões pelas quais os juros estão onde estão é a de que o governo gasta demais, essas despesas se transformam em consumo e, quando o consumo fica muito acima da capacidade de oferta do sistema produtivo, é preciso adotar a linha dura dos juros. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, entendeu que o Banco Central não pode ficar sozinho nessa. E pareceu ter comprado a proposta dos economistas heterodoxos de reforçar o superávit primário. A idéia central parece correta: derrubar despesas públicas e, assim, ajudar a conter o consumo. Falta saber de quanto terá de ser o aumento do superávit primário para garantir a inflação dentro da meta sem elevar os juros. E falta saber o que de fato quer o presidente Lula. CONFIRA Mais devagar - Em março, as reservas aumentaram apenas US$ 2,3 bilhões, menos da metade do que aumentaram em fevereiro. Isso mostra que já não há mais tanta sobra de dólares,conseqüência do estreitamento do superávit comercial. |
Entrevista:O Estado inteligente
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quinta-feira, abril 03, 2008
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