A direção nacional do PT não dissimula: vetou a aliança do prefeito petista Fernando Pimentel com o governador tucano Aécio Neves para não fortalecer quem representa potencial ameaça aos seus planos de continuar no poder.
O secretário-geral do partido, deputado José Eduardo Cardozo, disse clara e taxativamente: "Esse acordo foi vetado porque sinalizava que a eleição de 2008 era uma referência para 2010 e não vamos permitir nenhuma aproximação programática com o PSDB."
No que tange à retirada da azeitona da empada de Aécio Neves, tudo resolvido do ponto de vista da cúpula petista, que se esqueceu, contudo, de analisar o panorama sob a ótica da azeitona e da empada petistas.
Se mantido o veto e candidatura única do PT à Prefeitura de Belo Horizonte, o resultado mais provável é uma derrota. A preferência por perder sozinho no lugar de compartilhar uma vitória é um direito.
No entanto, uma decisão que o PT deveria ter tomado antes. Antes de o eleitorado mineiro se acostumar, e aprovar em patamar superior a 80%, com a idéia de que prefeito e governador ficariam juntos na eleição municipal, "inaugurando uma maneira nova de fazer política, pondo os interesses da sociedade acima das divergências partidárias".
Sempre foi evidente que Aécio tinha muito mais a ganhar com a aliança. Mas o presidente Luiz Inácio da Silva viu nela uma oportunidade de investir na divisão do adversário e ainda tirar dividendos da imagem de agregador de todas as forças, e deixou andar.
Aécio cresceu como patrono do acerto, o PT viu no acordo de São Paulo com o PMDB um sinal de que o PSDB às vezes não é tão tonto quanto se esforça para fazer parecer, e recuou.
Resultado: vai brigar com o eleitor, diante de quem ficará com o ônus da intransigência e da indiferença aos benefícios que a aliança poderia render à cidade em virtude de suas conveniências partidárias.
É certo que não dará a Aécio o troféu do acordo PT-PSDB. Mas nem por isso o governador com os índices de aprovação que tem ficará mais frágil ou desagradará à população.
Continuará com o bônus de fiador da boa convivência e, no que toca a formação de parcerias, não terá dificuldades. Se o PT não quer embarcar na canoa dele, não faltará quem queira. O PMDB, por exemplo, vai adorar.
Em virtude das evidentes desvantagens, o PT precisará recorrer a malabarismos para administrar o prejuízo. O primeiro deles, pôr Lula o mais distante possível da confusão.
Isso se faz espalhando versões sobre a "irritação" do presidente com o veto, como se fosse possível uma decisão desse porte sem o conhecimento de Lula.
Ricardo Berzoini não tem autonomia, foi eleito presidente do PT exclusivamente por representar uma garantia de que o partido não atuaria em divergência com Lula no estratégico período de montagem do cenário da sucessão.
Acreditar que Lula não tem nada a ver com isso é o mesmo que dar crédito às negativas do governador José Serra sobre sua participação na adesão do PMDB paulista à candidatura de Gilberto Kassab.
O que o presidente da República poderá fazer, uma vez avaliados os danos, é aparecer como salvador da aliança, caso veja no ato a chance de proporcionar essa felicidade às Gerais.
Quem avisa
Desde março, o PT vinha ponderando à ministra Marta Suplicy sobre a necessidade de apressar a admissão oficial de sua candidatura, a fim de atropelar as negociações dos adversários com potenciais partidos aliados.
Teimosa, Marta preferiu esticar a corda. Queria porque queria uma manifestação pública de apoio do presidente Lula.
Recebeu o recado de que a esse preço Lula não compraria a candidatura, bem como não daria garantias de retorno ao ministério em caso de derrota.
O presidente pôs seu marqueteiro João Santana à disposição e considerou o gesto suficiente para a candidata vender aos analistas e ao eleitor a tese da "identificação" entre as duas formas petistas de governar.
E, assim, o Planalto achou que tinha feito a sua parte, o partido sossegou confiante na popularidade de Lula e nas dificuldades do PSDB, e Marta talvez tenha acreditado que o registro recente de seu crescimento nas pesquisas alimentaria ambições e manteria os postulantes a parceiros no aguardo de sua decisão.
Diante do acordo Serra-Quércia, o PT improvisou em Brasília um ato de apoio a Marta. Não foi como ela queria, com Lula à frente, mas teve peso suficiente para permitir à ministra sair do encontro "muito propensa" a aceitar a candidatura.
Subliminar
Na hipótese de Geraldo Alckmin continuar na disputa, a eleição de São Paulo será em si uma peça de propaganda para o ex-ministro da Saúde e governador José Serra: Alckmin como produto da marca original e Kassab no papel de genérico do PSDB.
O secretário-geral do partido, deputado José Eduardo Cardozo, disse clara e taxativamente: "Esse acordo foi vetado porque sinalizava que a eleição de 2008 era uma referência para 2010 e não vamos permitir nenhuma aproximação programática com o PSDB."
No que tange à retirada da azeitona da empada de Aécio Neves, tudo resolvido do ponto de vista da cúpula petista, que se esqueceu, contudo, de analisar o panorama sob a ótica da azeitona e da empada petistas.
Se mantido o veto e candidatura única do PT à Prefeitura de Belo Horizonte, o resultado mais provável é uma derrota. A preferência por perder sozinho no lugar de compartilhar uma vitória é um direito.
No entanto, uma decisão que o PT deveria ter tomado antes. Antes de o eleitorado mineiro se acostumar, e aprovar em patamar superior a 80%, com a idéia de que prefeito e governador ficariam juntos na eleição municipal, "inaugurando uma maneira nova de fazer política, pondo os interesses da sociedade acima das divergências partidárias".
Sempre foi evidente que Aécio tinha muito mais a ganhar com a aliança. Mas o presidente Luiz Inácio da Silva viu nela uma oportunidade de investir na divisão do adversário e ainda tirar dividendos da imagem de agregador de todas as forças, e deixou andar.
Aécio cresceu como patrono do acerto, o PT viu no acordo de São Paulo com o PMDB um sinal de que o PSDB às vezes não é tão tonto quanto se esforça para fazer parecer, e recuou.
Resultado: vai brigar com o eleitor, diante de quem ficará com o ônus da intransigência e da indiferença aos benefícios que a aliança poderia render à cidade em virtude de suas conveniências partidárias.
É certo que não dará a Aécio o troféu do acordo PT-PSDB. Mas nem por isso o governador com os índices de aprovação que tem ficará mais frágil ou desagradará à população.
Continuará com o bônus de fiador da boa convivência e, no que toca a formação de parcerias, não terá dificuldades. Se o PT não quer embarcar na canoa dele, não faltará quem queira. O PMDB, por exemplo, vai adorar.
Em virtude das evidentes desvantagens, o PT precisará recorrer a malabarismos para administrar o prejuízo. O primeiro deles, pôr Lula o mais distante possível da confusão.
Isso se faz espalhando versões sobre a "irritação" do presidente com o veto, como se fosse possível uma decisão desse porte sem o conhecimento de Lula.
Ricardo Berzoini não tem autonomia, foi eleito presidente do PT exclusivamente por representar uma garantia de que o partido não atuaria em divergência com Lula no estratégico período de montagem do cenário da sucessão.
Acreditar que Lula não tem nada a ver com isso é o mesmo que dar crédito às negativas do governador José Serra sobre sua participação na adesão do PMDB paulista à candidatura de Gilberto Kassab.
O que o presidente da República poderá fazer, uma vez avaliados os danos, é aparecer como salvador da aliança, caso veja no ato a chance de proporcionar essa felicidade às Gerais.
Quem avisa
Desde março, o PT vinha ponderando à ministra Marta Suplicy sobre a necessidade de apressar a admissão oficial de sua candidatura, a fim de atropelar as negociações dos adversários com potenciais partidos aliados.
Teimosa, Marta preferiu esticar a corda. Queria porque queria uma manifestação pública de apoio do presidente Lula.
Recebeu o recado de que a esse preço Lula não compraria a candidatura, bem como não daria garantias de retorno ao ministério em caso de derrota.
O presidente pôs seu marqueteiro João Santana à disposição e considerou o gesto suficiente para a candidata vender aos analistas e ao eleitor a tese da "identificação" entre as duas formas petistas de governar.
E, assim, o Planalto achou que tinha feito a sua parte, o partido sossegou confiante na popularidade de Lula e nas dificuldades do PSDB, e Marta talvez tenha acreditado que o registro recente de seu crescimento nas pesquisas alimentaria ambições e manteria os postulantes a parceiros no aguardo de sua decisão.
Diante do acordo Serra-Quércia, o PT improvisou em Brasília um ato de apoio a Marta. Não foi como ela queria, com Lula à frente, mas teve peso suficiente para permitir à ministra sair do encontro "muito propensa" a aceitar a candidatura.
Subliminar
Na hipótese de Geraldo Alckmin continuar na disputa, a eleição de São Paulo será em si uma peça de propaganda para o ex-ministro da Saúde e governador José Serra: Alckmin como produto da marca original e Kassab no papel de genérico do PSDB.