O Estado de S. Paulo |
25/4/2008 |
O governo Lula mostra que se sente ameaçado pela escalada dos preços dos alimentos e pode tomar decisões perigosas. Anteontem, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, anunciou a suspensão das exportações de arroz dos estoques da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e avisou que o governo pode impor barreiras à exportação de outros grãos, especialmente o milho. Ontem, pareceu ter recuado na decisão, mas ficou clara a intenção. O arroz é um ícone do governo. No círculo mais ligado ao presidente, há o reconhecimento de que sua reeleição em 2006, com 61% dos votos, se deveu em parte a dois cabos eleitorais de primeira hora: o arroz Tio João, vendido a R$ 5,90 por saco de 5 kg; e o saco de cimento, a R$ 11,00. Pois, de lá para cá, os preços do Tio João vêm subindo a ladeira e hoje estão nos supermercados de São Paulo ao redor dos R$ 8,50 (alta de 46%). Stephanes se diz preocupado com a escalada ao ritmo 'de 1% ao dia'. O governo sentiu que o abastecimento ficou ameaçado após Tailândia, Indonésia, Casaquistão, Egito e Camboja proibirem as exportações diante da forte escassez mundial. (A tabela mostra o comportamento das cotações na Bolsa de Chicago, onde opera o mercado futuro de arroz.) O Brasil não é um exportador tradicional. Produz cerca de 12 milhões de toneladas por ano e consome quase tudo. No momento, a Conab detém cerca de 1,2 milhão de toneladas em estoques, hoje sob assédio.Eventuais restrições às exportações teriam por objetivo garantir o abastecimento interno, dada a alta sensibilidade eleitoral para o produto. Mas a simples proposta de que coisas assim estão em estudo emitem péssimo sinal para a economia. A experiência mostra que imposição de barreiras às vendas externas e de taxação das exportações (confisco) de grãos de maneira a obrigar o produtor a vender mais barato no mercado interno produz inexorável desestímulo ao plantio. O produtor já vem enfrentando problemas no seu faturamento em reais em conseqüência da queda da cotação do dólar no câmbio interno e com o aumento dos custos de produção provenientes do aumento dos preços da terra (arrendamentos) e dos insumos agrícolas - especialmente fertilizantes. Se for ameaçado por confiscos e restrições, não pensará duas vezes, passará para o cultivo de produtos a salvo de garfadas assim. Escassez ainda maior poderá acontecer na safra seguinte e, assim, a ameaça ao desabastecimento que se quer combater pode aumentar em seguida. Coisas assim mostram que o governo Lula não tem uma política para enfrentar o que já está configurado como sério choque global dos alimentos, que a revista The Economist desta semana chama de 'tsunami silencioso'. É provável que não tenha sequer um diagnóstico claro sobre o que está acontecendo e vai reagindo aos impactos do dia-a-dia, sem prioridades definidas e metas a cumprir. Prova disso é que pretende anunciar um programa de exportações de produtos manufaturados sem levar em conta que, se é para ter uma resposta rápida da balança comercial, tem de agir com eficácia na área agrícola. Confira Não deixou barato - A Ata do Copom, ontem divulgada, não aliviou nem no diagnóstico da inflação nem na terapia a ser adotada. Reforçou a advertência de que está em curso a inflação de demanda (consumo maior que a oferta) e avisou que a correção exigirá carga de juros. Lá ficou dito que as expectativas estão se deteriorando e que é melhor agir agora do que deixar para depois. O Copom não esconde que pelo menos parte da inflação está sendo turbinada pelas despesas do governo. Mas em nenhum momento sugere contenção dos gastos públicos. |
Entrevista:O Estado inteligente
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sexta-feira, abril 25, 2008
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