Entrevista:O Estado inteligente

sábado, abril 26, 2008

O terremoto no sudeste do país

Foi só um susto

Terremotos como o ocorrido em quatro estados
do país são mais comuns do que se imagina


Paula Neiva

Jornais noticiam o tremor: moradores de prédios desceram para a calçada

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Na noite de terça-feira da semana passada, um leve tremor de terra que durou seis segundos atingiu quatro dos estados mais populosos do país: São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina. Muita gente ficou assustada. Moradores de prédios desceram para a rua, com medo de uma catástrofe. Segundo os geofísicos, não havia motivo para tanta apreensão. O terremoto, que ocorreu no Oceano Atlântico, a 210 quilômetros da costa brasileira, teve magnitude de 5,2 na escala Richter. Dezenas de terremotos de magnitude similar ocorrem no mundo toda semana e não chamam atenção porque raramente causam danos. Apenas entre os dias 18 e 24 deste mês, o sistema de rastreamento do governo americano identificou vinte abalos sísmicos de magnitude intermediária no mundo (veja o quadro abaixo). É verdade que a maior parte desses abalos ocorre em regiões do globo propícias a terremotos freqüentes, o que não é o caso do Brasil. Ainda assim, por ano, registram-se de dois a cinco tremores de magnitude média em regiões com as mesmas características geológicas do Brasil. "Como na maioria das vezes eles ocorrem em regiões inóspitas, com densidade demográfica baixíssima ou nula, muitos ficam sem notificação", diz o sismólogo Jesus Berrocal, da Universidade de São Paulo.

Dificilmente um terremoto de verdade, daqueles que causam grande destruição, atingiria o Brasil. Em geral, os terremotos se formam devido à movimentação das placas tectônicas, as gigantescas estruturas que compõem a crosta terrestre e que bóiam sobre o magma. Quando essas placas se chocam, a energia produzida se propaga até a superfície e a terra treme. As regiões que mais sofrem com terremotos são as que ficam nas bordas das placas tectônicas. É o caso da Califórnia e de países como Japão, Peru e Chile. O Brasil fica bem no centro da placa tectônica sul-americana. "Qualquer lugar do mundo está sujeito a tremores, mas a probabilidade de um abalo de grandes proporções ocorrer no Brasil é mínima", disse a VEJA o geofísico John Bellini, do Centro Nacional de Informações sobre Terremotos dos Estados Unidos. O tremor que atingiu os quatro estados brasileiros na semana passada ocorreu a 10 quilômetros de profundidade no oceano. Por isso, é difícil saber exatamente o que o originou. De acordo com os especialistas, é provável que tenha havido uma acomodação de terreno em volta de uma falha no fundo do Atlântico, formada há dezenas de milhões de anos, depois da separação dos continentes.

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