RIO DE JANEIRO - Vejo no noticiário que os atores Tom Cruise e Katie Holmes, recém-divorciados, estão brigando pela "opção" religiosa de sua filha, Suri, de seis anos. O sinistro Cruise quer educar a garota em sua religião, a cientologia. Katie, nem pensar. A infeliz Suri vive na mídia desde que nasceu.
Seus pais a faziam usar salto alto aos dois anos, desfilar em passarelas aos três e posar para comerciais de desodorante aos quatro. Um dia, quando tiver infância, talvez Suri possa dar palpite em seu destino.
Crianças de Hollywood são infelizes, deem ou não certo. Drew Barrymore tinha cinco anos em 1982, quando fez a garotinha de "E.T. - O Extraterrestre", e todos se apaixonaram por ela. Nos anos seguintes, abusou do direito de ser uma Barrymore e meteu-se em toda sorte de excessos e encrencas.
Aos 14 anos, já publicara uma autobiografia, mas sua carreira lhe dera tchau. Por sorte, Drew sossegou a tempo de salvar a vida e a carreira.
Já seu par em "E.T.", o sensacional Henry Thomas, então com 11 anos, despontou para o anonimato depois do filme. Apagou. Pelo que sei, continua a trabalhar, mas nunca mais teve um papel à altura. Como se sentirá, aos 41 anos, reduzido a coadjuvante de filmes menores depois de um começo tão promissor?
Daí minha admiração por Cammie King, que, aos cinco anos, em 1939, interpretou a filha de Vivien Leigh e Clark Gable em "...E o Vento Levou". Era uma participação marcante porque ela morria no filme.
Um ano depois, Cammie fez a voz da corça Falina, namorada do Bambi. O desenho de Walt Disney só foi lançado em 1942, mas, então, Cammie se convencera de que sua carreira já chegara ao apogeu. Assim, encerrou-a, aos cinco anos, e se dedicou a fritar bolinhos. Morreu outro dia, aos 77, feliz da vida.
Bem fizeram Walter Matthau, Sean Connery e Harrison Ford, que só ficaram famosos depois dos 30.