O Estado de S. Paulo - 27/09/2011 |
O Brasil envelhece a passos largos. A França demorou 120 anos para duplicar a sua população. Os Estados Unidos, 70 anos. A partir de hoje, a população brasileira dobrará em apenas 20 anos. É uma velocidade espantosa.
O reflexo disso sobre o sistema previdenciário é evidente. No futuro, teremos menos jovens para sustentar mais aposentados. Essa é uma conta que não fecha na base das regras atuais. Isso vale para os dois sistemas de aposentadoria - o público e o privado.
No setor público a situação é alarmante. Os aposentados da administração federal causarão um déficit de quase R$ 60 bilhões em 2011. Isso vai aumentar muito ao longo do tempo, porque o atual 1,1 milhão de servidores na ativa serão beneficiados com aposentadoria com vencimento integral. As receitas do chamado Regime Próprio de Previdência da União são insuficientes para custear aposentadorias pelo valor integral da última remuneração.
A situação dos Estados é igualmente insustentável, com a exceção dos novos que ainda arrecadam mais do que gastam com os aposentados.
Uma das poucas reformas que o presidente Lula patrocinou foi a que mudou a regra para a aposentadoria do funcionalismo federal. Os novos funcionários só poderiam se aposentar com o último vencimento se participassem de um plano de previdência complementar. Ocorre que o projeto de lei (PL) que criava essa previdência foi bombardeado pelas centrais sindicais desde o seu nascedouro (2003), o que fez Lula recuar.
Finalmente, no dia 24 de agosto deste ano, a Comissão do Trabalho da Câmara dos Deputados, sob a presidência do deputado Silvio Costa, aprovou o PL n.º 1.992 por 13 votos a 7. O projeto cria a Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público (Funpresp). Com isso, os servidores que ingressarem no serviço público daqui para a frente poderão optar por uma contribuição previdenciária complementar para garantir a aposentadoria nos padrões atuais. Os que não optarem, terão a sua aposentadoria limitada pelo teto do INSS - hoje R$ 3,6 mil - como ocorre com os trabalhadores do setor privado que se aposentam pelo Regime Geral de Previdência Social.
O PT e o PC do B, assim como as centrais sindicais, se posicionaram contra a aprovação do referido projeto, mas, sob a batuta da presidente Dilma, o governo federal se mostra disposto a levar avante a tramitação e a aprovação da medida. Após passar pelas comissões de Seguridade e Constituição e Justiça, o projeto deve seguir para o Senado Federal por ter caráter terminativo.
Muitos argumentam que os benefícios dessa lei serão sentidos apenas no futuro. E daí? É para isso que está sendo feita. Além de sinalizar sobre a saúde das finanças públicas no dia de amanhã, essa lei é da maior importância para a promoção de bons postos de trabalho.
Os déficits da Previdência Social (público e privado) forçam o governo a tomar recursos no mercado financeiro, pressionando os juros para cima e os investimentos para baixo - o que compromete a geração de empregos de boa qualidade.
Os Estados foram convidados a aprovar os seus próprios sistemas de previdência complementar. O governador Geraldo Alckmin, de São Paulo, encaminhou à Assembleia Legislativa um projeto de lei de teor semelhante ao PL 1.992. A sua aprovação requer urgência, pois o novo regime já devia estar em vigor. A demora é devastadora para as finanças públicas e para os próprios funcionários.
Trata-se, é verdade, de uma medida de impacto lento. Mas não podemos dar uma de Groucho Marx e dizer que o futuro não interessa porque ele nada nos ajuda no presente. Temos de decidir agora o destino das novas gerações, porque a demografia não espera a lentidão da política.
|
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
terça-feira, setembro 27, 2011
A demografia não espera a política José Pastore
Arquivo do blog
-
▼
2011
(2527)
-
▼
setembro
(254)
- Verdades ofendem - Dora Kramer
- Equação incompleta - Míriam Leitão
- Difícil acordo Merval Pereira
- Insensatez em marcha Rogério Furquim Werneck
- Bandidos de toga Paulo Delgado
- O 28º elemento DORA KRAMER
- O roto e o rasgado CELSO MING
- Crise lá fora não assusta ALBERTO TAMER
- Petrobras no vale MIRIAM LEITÃO
- A guerra do óleo MERVAL PEREIRA
- À sombra de Jabotinsky DEMÉTRIO MAGNOLI
- Prioridades MERVAL PEREIRA
- Drogas: o labirinto LYA LUFT
- Custo da crise MIRIAM LEITÃO
- A aposta do BC e o calote ROLF KUNTZ
- Câmbio ANTONIO DELFIM NETTO
- Muda para ficar como está CELSO MING
- O Brasil de hoje é o Maranhão de 1966 JOSÉ NÊUMANNE
- Reforço de caixa DORA KRAMER
- Nada a ver J.R. Guzzo
- Pouco e tarde MIRIAM LEITÃO
- Socorro aos bancos - Celso Ming
- Reinventar a democracia Merval Pereira
- Intenção e gesto Dora Kramer
- Um poder de costas para o país Marco Antonio Villa
- Quebra de tabus José Paulo Kupfer
- Memória diplomática Rubens Barbosa
- A demografia não espera a política José Pastore
- A classe média tupiniquim Marcelo Côrtes Neri
- Negócio tem,mas é difícil de fazer CARLOS ALBERTO ...
- Longe da verdade RICARDO NOBLAT
- Tudo para salvar o Zé REVISTA VEJA
- A festa dos bodes REVISTA VEJA
- Adeus à ideologia Denis Lerer Fosenfield
- Sobra dinheiro, falta vigilância ENTREVISTA - ROBE...
- Quebrando o tabu da crise SUELY CALDAS
- Risco de desarrumação CELSO MING
- Quando o bicho nos pegou FERREIRA GULLAR
- Semana de frustrações ALBERTO TAMER
- Futuro ameaçado MIRIAM LEITÃO
- Perigosas tentações DANUZA LEÃO
- Lula der Grosse JOÃO UBALDO RIBEIRO
- TCU não assusta ninguém ETHEVALDO SIQUEIRA
- Custos sociais MERVAL PEREIRA
- Silenciando a verdade na Argentina MAC MARGOLIS
- A mãe e o berçário político do país VINICIUS TORR...
- A régua civilizatória GAUDÊNCIO TORQUATO
- Pobreza americana Merval Pereira
- Quebrar ou não quebrar CELSO MING
- Ambiente mutante MIRIAM LEITÃO
- O contrato social PAUL KRUGMAN
- A paz é feminina? RUTH DE AQUINO
- Deu tudo certo e errado VINICIUS TORRES FREIRE
- Uma nova tempestade LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS
- Moeda é vítima de um'efeito batata quente' JOSÉ PA...
- Geleia eleitoral MERVAL PEREIRA
- Solavancos no câmbio CELSO MING
- O custo do salto MIRIAM LEITÃO
- Sarkozy, Obama e Israel GILLES LAPOUGE
- A saúde dos impostos FERNANDO DE BARROS E SILVA
- Os garotos do Brasil RUY CASTRO
- Política externa de Dilma afasta-se da de Lula só ...
- Revisão de uma realidade ADRIANO PIRES e ABEL HOLTZ
- Nada de novo sob o Sol João Mellão Neto
- Enquanto a bola rola Nelson Motta
- Dia D de DilmaMarco Aurélio Cabral
- As razões para a alta estão mais perto do que se i...
- Dilma faz o que Lula queria CARLOS ALBERTO SARDENBERG
- Mágicas e milagres nos EUA VINÍCIUS TORRES FREIRE
- Revolução educacional - Merval Pereira
- O xarope do Fed Celso Ming
- Em frente ao mundo - Míriam Leitão
- Ah, esse dólar.... Alberto Tamer
- O ruim pelo pior José Serra
- A impostura do impostaço VINICIUS TORRES FREIRE
- Fase perigosa MIRIAM LEITÃO
- O caminho do PSDB MERVAL PEREIRA
- Garantia legal ANTONIO DELFIM NETTO
- Novo conflito no Oriente Médio? ROBERTO ABDENUR
- FMI aprova corte de juros no Brasil ROLF KUNTZ
- O câmbio muda na moita CELSO MING
- Seis por meia dúzia Roberto DaMatta
- Mercado interno, externo ou ambos? Maílson da Nób...
- Veja e Epoca
- A CPMF é vital para a saúde GUILHERME FIUZA
- É muito poder REVISTA VEJA
- Rolos aqui e no exterior REVISTA VEJA
- É preciso preencher a cabeça deles REVISTA VEJA
- A marcha a ré JANIO DE FREITAS
- Aonde vai andar o dólar VINICIUS TORRES FREIRE
- Tarefas inescapáveis MIRIAM LEITÃO
- Operação Twist CELSO MING
- Jogo de pôquer Merval Pereira
- Às ruas! Rodrigo Constantino
- Para mudar o Congresso Luiz Felipe D'Ávila
- Competição nas ferrovias José Luiz Alquéres
- Reinaldo Azevedo
- Em água de rosas - Paulo Brossard
- Um olho aberto RICARDO NOBLAT
- Briga fratricida GEORGE VIDOR
-
▼
setembro
(254)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA