FOLHA DE SÃO PAULO - 17/02/11
No plano Dilma, metas não parecem ser compatíveis com as estimativas de receita e despesa públicas
ECONOMISTAS de banco e consultorias revisaram para baixo suas projeções de crescimento neste 2011. Na média dos mais certeiros, as previsões andam em torno de 4%.
Não sabemos ainda nem a quanto andou o PIB em 2010, mas há também previsões de crescimento ainda menor para 2012 -nenhum problema, a vida é assim mesmo e não é possível trabalhar sem estimativas. Por falar nisso, na estimativa do Banco Central, a economia brasileira cresceu 7,8% em 2011.
Voltando às previsões, suponhamos que elas estejam certas. Crescer a 4% não é nada mal, embora se trate de um ritmo ainda lento para um país ainda tão pobre e, pior, tão desigual. De resto, é menos difícil, menos conflituoso, distribuir renda em país que cresce mais rápido.
Mas, ao menos no curto prazo, o problema macroeconômico maior desse ritmo de crescimento é o seu efeito sobre receita de impostos e tamanho relativo da dívida pública.
Crescendo a 4%, e não a 5% ou 6%, como imagina o governo, a arrecadação de impostos tende, em tese, a ser menor. Além do mais, segundo alguns economistas, de agora em diante a arrecadação de impostos tende a não crescer tanto mais em relação ao PIB.
Nos anos Lula, a receita de impostos chegou a crescer quase ao dobro da velocidade do PIB. Houve mais fiscalização e mais formalização de negócios e empresas. Agora, não há tanto mais a formalizar ou, ao menos, os negócios e empregos restantes são precários demais para serem plenamente legalizados e pagar impostos bastantes.
Portanto, crescimento menor e menor resposta da receita em relação ao crescimento do PIB tendem a reduzir o aumento da receita federal. No entanto, algumas despesas vão com certeza crescer bem.
Haverá o gasto decorrente do aumento forte do salário mínimo em 2012. Haverá despesas com as obras e desperdícios da Olimpíada e da Copa do Mundo. Há a intenção declarada do governo de colocar mais dinheiro do Tesouro em empresas estatais, novas ou velhas, e novos financiamentos para o BNDES. Etc.
Haverá mais despesas com juros da dívida pública -a fim de manter um balanço nominal decente, com redução razoável da dívida pública, será preciso ainda manter um superavit primário alto (o que, no entanto, não tem ocorrido desde 2009 e não vai ocorrer de novo em 2011).
Note-se que, no cálculo do balanço nominal das contas públicas, são incluídas as despesas com o pagamento de juros da dívida pública.
No entanto, o aumento dos investimentos públicos é um projeto mais ou menos declarado da presidente Dilma Rousseff, assim como o é o plano de reduzir impostos sobre empresas, em particular sobre empresas exportadoras e/ou que empregam muita mão de obra. Também era uma promessa de campanha reduzir a dívida pública a 30% do PIB em 2014 -a dívida pública está hoje na casa dos 40%. Para reduzi-la, é preciso fazer mais superavit primário e gastar menos com juros, o que implica, ao menos no curto prazo, o controle da inflação.
Os planos mais ou menos anunciados de Dilma Rousseff não parecem, pois, coerentes. Se faltar receita, vai sobrar plano. Ou bem se cortam despesas correntes a fundo (proibindo aumentos de salários, contendo despesas do INSS etc). Ou se aumentam impostos.
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
Arquivo do blog
-
▼
2011
(2527)
-
▼
fevereiro
(234)
- Roberto Abdenur-Novas realidades em questão
- Arábia Saudita Luiz Felipe Lampreia
- Moacir Scliar: Legado imortal Larissa Roso
- Paulo Brossard E ainda se duvida de milagre
- FERNANDO DE BARROS E SILVA Casa do Sader
- CARTA AO LEITOR - REVISTA VEJA
- LYA LUFT Como seremos amanhã?
- BETTY MILAN O desafio da fidelidade
- J. R. GUZZO Dois Países
- ENTRADA PROIBIDA - VEJA
- Abram Szajman Tira o olho, ministro
- Carlos Alberto Sardenberg O que são quatro anos se...
- Denis Lerrer Rosenfiel Luz própria
- Cavalo de Troia - Jorge Darze
- NORMAN GALL Tecnologia e logística em águas profundas
- JOÃO UBALDO RIBEIRO Entrevista de Sua Excelência
- FERREIRA GULLAR - O povo desorganizado
- DANUZA LEÃO - Tropa de elite
- VINICIUS TORRES FREIRE - Nos trilhos do bonde do K...
- Merval Pereira O novo Iuperj
- Dora Kramer Informar é preciso
- Sergio Fausto Escolhas fundamentais
- Alberto Dines No levante tudo é possível
- Suely Caldas Os pobres e os ricos do Nordeste
- CELSO MING - Troca tributária
- GAUDÊNCIO TORQUATO - Distritinho e distritão
- Cacá Diegues - Uma revolução pós-industrial
- ENTREVISTA - JOÃO UBALDO RIBEIRO
- HÉLIO SCHWARTSMAN Metáforas de crimes influenciam ...
- CESAR MAIA - Poderes e democracia
- FERNANDO RODRIGUES - A banda estreita de Dilma
- FERNANDO DE BARROS E SILVA - Demagogia (des)contin...
- Merval Pereira A busca do acordo
- Marco Aurélio Nogueira A Itália de Berlusconi entr...
- Os outonos - Míriam Leitão
- Itamar Franco:'Violou-se a Constituição e o Senado...
- Roberto Freire A reforma e Jabuticaba
- JOÃO MELLÃO NETO O ocaso das certezas
- LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS O medo está de volta
- VINICIUS TORRES FREIRE O governo está incomodado
- MERVAL PEREIRA Tema popular
- Dora Kramer -Insuficiência de tutano
- Celso Ming -Carregamento caro
- Nelson Motta Os eleitos dos eleitos
- VINICIUS TORRES FREIRE Petróleo em revolta e o Brasil
- Míriam Leitão No rastro da crise
- Merval Pereira Roteiro amplo
- Alberto Tamer Petróleo: dá para absorver alta
- Dora Kramer Falso parâmetro
- Celso Ming Cresce o rombo externo
- Eugênio Bucci Meu corpo, meu oponente
- Carlos Alberto Sardenberg Assalto "por dentro"
- Paulo R. Haddad A Fiat vai ao Nordeste
- MÍRIAM LEITÃO Nada é impensável
- MERVAL PEREIRA O difícil equilíbrio
- VINICIUS TORRES FREIRE Mais ruídos na economia de ...
- ROBERTO DaMATTA A morte e a morte anunciada de um ...
- FERNANDO RODRIGUES Gaddafi, Lula e o Brasil
- ANTONIO DELFIM NETTO Mandelbrot
- Dora Kramer Para o que der e vier
- Celso Ming A inflação assusta
- Sergio Telles Tunísia, modernidade islâmica
- Helder Queiroz Pinto Jr.O que esperar dos preços i...
- Jorge Darze Não faltam médico
- Claudio Sales Itaipu: conta extra de R$ 5 bi para...
- Eduardo Graeff Contra o voto em lista
- ANTONIO DELFIM NETTO O fundamento fiscal
- MÍRIAM LEITÃO Crise da Líbia
- REGINA ALVAREZ Petrobras na mira do MP
- MERVAL PEREIRA Jabuticaba mista
- Dora Kramer Mudar para conservar
- Celso Ming Até a próxima crise
- Se todos são keynesianos, o que Keynes diria a Dilma?
- Rodrigo Constantino Onde estão as reformas?
- Rubens Barbosa Defesa e política externa
- FHC:‘O PODER REVELA MUITO MAIS DO QUE CRIA OU DEFO...
- José Serra ‘O falso rigor esconde falta de rigor’
- Luiz Werneck ViannaMares nunca dantes navegados
- AMIR KHAIR Soluções milagrosas
- MARIA INÊS DOLCI A herança maldita da inflação
- FABIO GIAMBIAGI Pré-sal na terra de Macunaíma
- CARLOS ALBERTO DI FRANCO A ameaça das drogas sinté...
- JOSÉ GOLDEMBERG O Protocolo Adicional
- CARLOS ALBERTO SARDENBERG Estupidez constitucional
- MARCELO DE PAIVA ABREU Fadiga política no Brasil e...
- ANNA RAMALHO Um palacete para o ex-operário é muit...
- PAULO GUEDES Vitória... de Pirro?
- Mario Vargas LLosa História feita pelo povo
- ''Números oficiais não refletem realidade das cont...
- CELSO LAFER Sobre o Holocausto
- CELSO MING Descomplicar a reciclagem
- ALBERTO TAMER Há mais petróleo, mas não se sabe qu...
- SUELY CALDAS O modelo BC nas agências
- MERVAL PEREIRA Que tipo de voto?
- JOSÉ ROBERTO MENDONÇA DE BARROS O crescimento é um...
- REGINA ALVAREZ Terceirização de risco na Petrobras
- VINICIUS TORRES FREIRE Sai por uma porta, entra p...
- CLÓVIS ROSSI Mais uma lenda ameaçada
- MÍRIAM LEITÃO Trem para o passado
- DORA KRAMER Casa grande e senzala
-
▼
fevereiro
(234)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA