O Estado de S.Paulo - 18/02/2011
Não dá para dizer que temos uma dama de ferro no comando do governo. Dá apenas para dizer que a presidente Dilma Rousseff passou com folga na sua primeira queda de braço no Congresso Nacional.
Foi uma importante vitória política ter conseguido a aprovação da proposta do governo para o salário mínimo de R$ 545, mesmo com a feroz oposição dos sindicalistas, que haviam sido atendidos em praticamente todos os seus pleitos nos últimos oito anos.
No entanto, ainda mais importante foi a ampla vantagem obtida (361 votos a favor, 106 votos contra e 11 abstenções) em matéria tão fortemente sujeita a oportunismos de toda espécie.
Duas emendas, a primeira que propunha um salário mínimo de R$ 600 e a segunda, de R$ 560, também foram rejeitadas por larga margem de vantagem. E agora ainda será preciso garantir a aprovação no Senado.
Ao contrário do que sustentou demagogicamente a oposição, R$ 55 ou R$ 15 a mais fazem, sim, enorme diferença. Estados e municípios contam com grande contingente de funcionários públicos que ganham apenas o salário mínimo. Quanto maior for o reajuste tanto maior será o impacto nos orçamentos. E, na Previdência Social, nada menos que 18,7 milhões dos 28,1 milhões de beneficiários, ou 66,5% (dados de dezembro de 2010), recebem salário mínimo. Apenas no Orçamento da União, cada R$ 1 extra no salário mínimo provoca despesas anuais adicionais de R$ 300 milhões. Ou seja, a definição do salário mínimo não é apenas matéria de justiça social. É também grave questão fiscal.
Se a proposta dos R$ 545 fosse derrotada no Congresso, o corte de R$ 50 bilhões no Orçamento a que se comprometera o governo, cuja observância vem sendo objeto de enorme ceticismo, ficaria mais improvável. Agora, ao contrário, Dilma mostrou que está em condições de conduzir as expectativas. Se irá conseguir ou não, saberemos a seu tempo.
A firmeza com que o governo manobrou este episódio ainda não garante cumprimento da promessa de mais austeridade fiscal, mas é um bom começo e mostra que o governo pode ser bem mais do que apenas refém de uma base aliada movida preponderantemente por interesses fisiológicos.
Parece mostrar também que a presidente Dilma lida melhor com conflitos do que seu antecessor. Lula tinha dificuldades com escolhas difíceis. Diante delas, preferia pospor e acochambrar.
A oposição não apresentou apenas desunião, falta de discurso e de rumo. Mostrou também grande propensão ao oportunismo. Votou contra apenas por ser projeto do governo. Em nenhum momento procurou saber onde está o interesse público a ser atendido.
No mais, vejam a surpresa. O ex-presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (PT-SP), que defendeu a proposta apresentada pelo governo, foi estrepitosamente vaiado pelos sindicalistas quando argumentou que trato é trato e tem de ser cumprido. Enquanto isso, o histórico líder da bancada ruralista, Ronaldo Caiado (DEM-GO), que votou a favor de um mínimo mais alto, foi delirantemente aplaudido pelos mesmos sindicalistas. Se este é um sinal dos tempos, afinal que sinal é?
CONFIRA
O deles e o nosso
Os deputados federais acabam de aprovar o reajuste do salário mínimo de 6,9%. Mas em dezembro eles reajustaram o salário deles próprios em 61,8%. Há alguma proporção nisso?
Buraco no pano
Por meses e meses seguidos, o setor têxtil se queixa de déficit comercial no seu negócio. Em janeiro, por exemplo, as importações de produtos têxteis foram US$ 342,3 milhões mais altas do que as exportações, o que produziu um déficit 34,3% maior do que em janeiro de 2010.
Proteger ou não proteger
Como acontece em muitas outras áreas da indústria, este é um setor que, ano após ano, não se entende sobre o que defender. Os produtores de fios, de tecidos e de confecções querem no fundo a mesma coisa: entrada liberada de matérias-primas e proteção alfandegária ao produto acabado. O problema é que a matéria-prima do fio é a fibra; a do tecido é o fio; e a da confecção é o tecido. Cada subsetor fabrica o produto acabado de outro
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
Arquivo do blog
-
▼
2011
(2527)
-
▼
fevereiro
(234)
- Roberto Abdenur-Novas realidades em questão
- Arábia Saudita Luiz Felipe Lampreia
- Moacir Scliar: Legado imortal Larissa Roso
- Paulo Brossard E ainda se duvida de milagre
- FERNANDO DE BARROS E SILVA Casa do Sader
- CARTA AO LEITOR - REVISTA VEJA
- LYA LUFT Como seremos amanhã?
- BETTY MILAN O desafio da fidelidade
- J. R. GUZZO Dois Países
- ENTRADA PROIBIDA - VEJA
- Abram Szajman Tira o olho, ministro
- Carlos Alberto Sardenberg O que são quatro anos se...
- Denis Lerrer Rosenfiel Luz própria
- Cavalo de Troia - Jorge Darze
- NORMAN GALL Tecnologia e logística em águas profundas
- JOÃO UBALDO RIBEIRO Entrevista de Sua Excelência
- FERREIRA GULLAR - O povo desorganizado
- DANUZA LEÃO - Tropa de elite
- VINICIUS TORRES FREIRE - Nos trilhos do bonde do K...
- Merval Pereira O novo Iuperj
- Dora Kramer Informar é preciso
- Sergio Fausto Escolhas fundamentais
- Alberto Dines No levante tudo é possível
- Suely Caldas Os pobres e os ricos do Nordeste
- CELSO MING - Troca tributária
- GAUDÊNCIO TORQUATO - Distritinho e distritão
- Cacá Diegues - Uma revolução pós-industrial
- ENTREVISTA - JOÃO UBALDO RIBEIRO
- HÉLIO SCHWARTSMAN Metáforas de crimes influenciam ...
- CESAR MAIA - Poderes e democracia
- FERNANDO RODRIGUES - A banda estreita de Dilma
- FERNANDO DE BARROS E SILVA - Demagogia (des)contin...
- Merval Pereira A busca do acordo
- Marco Aurélio Nogueira A Itália de Berlusconi entr...
- Os outonos - Míriam Leitão
- Itamar Franco:'Violou-se a Constituição e o Senado...
- Roberto Freire A reforma e Jabuticaba
- JOÃO MELLÃO NETO O ocaso das certezas
- LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS O medo está de volta
- VINICIUS TORRES FREIRE O governo está incomodado
- MERVAL PEREIRA Tema popular
- Dora Kramer -Insuficiência de tutano
- Celso Ming -Carregamento caro
- Nelson Motta Os eleitos dos eleitos
- VINICIUS TORRES FREIRE Petróleo em revolta e o Brasil
- Míriam Leitão No rastro da crise
- Merval Pereira Roteiro amplo
- Alberto Tamer Petróleo: dá para absorver alta
- Dora Kramer Falso parâmetro
- Celso Ming Cresce o rombo externo
- Eugênio Bucci Meu corpo, meu oponente
- Carlos Alberto Sardenberg Assalto "por dentro"
- Paulo R. Haddad A Fiat vai ao Nordeste
- MÍRIAM LEITÃO Nada é impensável
- MERVAL PEREIRA O difícil equilíbrio
- VINICIUS TORRES FREIRE Mais ruídos na economia de ...
- ROBERTO DaMATTA A morte e a morte anunciada de um ...
- FERNANDO RODRIGUES Gaddafi, Lula e o Brasil
- ANTONIO DELFIM NETTO Mandelbrot
- Dora Kramer Para o que der e vier
- Celso Ming A inflação assusta
- Sergio Telles Tunísia, modernidade islâmica
- Helder Queiroz Pinto Jr.O que esperar dos preços i...
- Jorge Darze Não faltam médico
- Claudio Sales Itaipu: conta extra de R$ 5 bi para...
- Eduardo Graeff Contra o voto em lista
- ANTONIO DELFIM NETTO O fundamento fiscal
- MÍRIAM LEITÃO Crise da Líbia
- REGINA ALVAREZ Petrobras na mira do MP
- MERVAL PEREIRA Jabuticaba mista
- Dora Kramer Mudar para conservar
- Celso Ming Até a próxima crise
- Se todos são keynesianos, o que Keynes diria a Dilma?
- Rodrigo Constantino Onde estão as reformas?
- Rubens Barbosa Defesa e política externa
- FHC:‘O PODER REVELA MUITO MAIS DO QUE CRIA OU DEFO...
- José Serra ‘O falso rigor esconde falta de rigor’
- Luiz Werneck ViannaMares nunca dantes navegados
- AMIR KHAIR Soluções milagrosas
- MARIA INÊS DOLCI A herança maldita da inflação
- FABIO GIAMBIAGI Pré-sal na terra de Macunaíma
- CARLOS ALBERTO DI FRANCO A ameaça das drogas sinté...
- JOSÉ GOLDEMBERG O Protocolo Adicional
- CARLOS ALBERTO SARDENBERG Estupidez constitucional
- MARCELO DE PAIVA ABREU Fadiga política no Brasil e...
- ANNA RAMALHO Um palacete para o ex-operário é muit...
- PAULO GUEDES Vitória... de Pirro?
- Mario Vargas LLosa História feita pelo povo
- ''Números oficiais não refletem realidade das cont...
- CELSO LAFER Sobre o Holocausto
- CELSO MING Descomplicar a reciclagem
- ALBERTO TAMER Há mais petróleo, mas não se sabe qu...
- SUELY CALDAS O modelo BC nas agências
- MERVAL PEREIRA Que tipo de voto?
- JOSÉ ROBERTO MENDONÇA DE BARROS O crescimento é um...
- REGINA ALVAREZ Terceirização de risco na Petrobras
- VINICIUS TORRES FREIRE Sai por uma porta, entra p...
- CLÓVIS ROSSI Mais uma lenda ameaçada
- MÍRIAM LEITÃO Trem para o passado
- DORA KRAMER Casa grande e senzala
-
▼
fevereiro
(234)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA