O Estado de S. Paulo - 25/02/2011
Se tomarmos como verdadeira a anunciada disposição do PSDB de corrigir erros passados, atuando de acordo com a vontade de seus quase 44 milhões de eleitores na última eleição presidencial chega-se à conclusão de que o partido não passou no primeiro teste no debate sobre o novo salário mínimo.
Um parêntese: debate este que terá sido o último se o Supremo Tribunal Federal aceitar como constitucional a instituição do valor anual por decreto.
Voltemos. Enquanto a situação, liderada pela presidente Dilma Rousseff, saiu-se brilhantemente na prova, a oposição entrou vencida no embate por falta de votos e saiu vencida do debate por sua opção preferencial pela tibieza.
Houve algumas e honrosas exceções entre os oposicionistas na Câmara e no Senado: Roberto Freire (PPS), Marinor Brito (PSOL) e o destaque especial para Itamar Franco (PPS).
Nenhum deles isoladamente, porém, consegue fazer um verão. Acabam sendo vistos como inconvenientes e implicantes. Mas graças a perturbadores da "ordem interna" é que o governo terá de se ver com o Supremo.
Mas e os grandes? A delegação maior conferida pelo eleitorado que optou pela oposição no dia 31 de outubro último foi ao PSDB.
Expressa na votação dada ao candidato a presidente José Serra e na vitória conferida a Aécio Neves, que, a despeito do investimento do adversário, arrasou em Minas Gerais: deixou o PT fora do Senado e manteve o poder sobre o governo do Estado.
Itamar fez jus à tarefa a ele entregue pelos mineiros, ao firmar posição em prol do cumprimento do regimento e da observância aos direitos das minorias. Azucrinou o governo com categoria, firmeza, precisão e coberto de razão. O presidente do Senado, José Sarney, cortou um dobrado com ele.
Mas combateria praticamente isolado não fosse a atuação da senadora Marinor Britto exigindo o respeito à representação das minorias.
Na Câmara, Roberto Freire também foi relegado ao isolamento bradando quase sozinho (Silvio Costa, do PTB de Pernambuco, sustentou a posição) contra a inconstitucionalidade embutida no projeto de lei, transferindo do Legislativo para o Executivo a prerrogativa de estabelecer o valor anual do salário mínimo. Os tucanos não lhe deram bola.
No Senado, aquele de quem se esperava atuação de liderança da nação oposicionista, por assim proclamado, Aécio Neves, manteve-se à sombra.
A discussão do salário mínimo começou na terça-feira à tarde, quando foi votada a autorização para votação em regime de urgência para o projeto de lei do governo. Aécio só foi ao microfone às 22h30, para protestar depois de aprovado o projeto de lei.
O processo foi emblemático. No início, o PSDB decidiu-se pela proposta de R$ 600, enquanto Aécio Neves tentava conquistar a simpatia de centrais sindicais sustentadas a verbas públicas e agrados oficiais, alinhando-se à proposição de R$ 560.
Como o valor era o que menos contava, pois o governo tinha maioria de sobra para ganhar, restavam os gestos políticos e a denúncia contundente da inconstitucionalidade.
Na semana transcorrida entre a sessão da Câmara e a do Senado o que fez a oposição a respeito? Nada além de avisar que iria ao Supremo, depois de "acordar" por obra dos cutucões de Roberto Freire.
O que poderia ter feito? Seu trabalho de fiscalização e contraposição, unindo-se em torno dessa importante questão ainda na Câmara e se articulando para impedir o atropelo do regimento.
O PSDB é exímio patrocinador de implicâncias internas. Atua voltado para dentro indiferente ao fato de que oposição não se faz sobre o leite derramado. Nem com excesso de estratégias e carência de atitude.
Os tucanos querem voltar ao poder. Muito justo, mas só poderão disputá-lo com chance de ganhar quando resolverem o problema da insuficiência aguda de tutano.
José Serra protegeu-se de enfrentamentos nos últimos anos e pagou o preço na eleição.
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
Arquivo do blog
-
▼
2011
(2527)
-
▼
fevereiro
(234)
- Roberto Abdenur-Novas realidades em questão
- Arábia Saudita Luiz Felipe Lampreia
- Moacir Scliar: Legado imortal Larissa Roso
- Paulo Brossard E ainda se duvida de milagre
- FERNANDO DE BARROS E SILVA Casa do Sader
- CARTA AO LEITOR - REVISTA VEJA
- LYA LUFT Como seremos amanhã?
- BETTY MILAN O desafio da fidelidade
- J. R. GUZZO Dois Países
- ENTRADA PROIBIDA - VEJA
- Abram Szajman Tira o olho, ministro
- Carlos Alberto Sardenberg O que são quatro anos se...
- Denis Lerrer Rosenfiel Luz própria
- Cavalo de Troia - Jorge Darze
- NORMAN GALL Tecnologia e logística em águas profundas
- JOÃO UBALDO RIBEIRO Entrevista de Sua Excelência
- FERREIRA GULLAR - O povo desorganizado
- DANUZA LEÃO - Tropa de elite
- VINICIUS TORRES FREIRE - Nos trilhos do bonde do K...
- Merval Pereira O novo Iuperj
- Dora Kramer Informar é preciso
- Sergio Fausto Escolhas fundamentais
- Alberto Dines No levante tudo é possível
- Suely Caldas Os pobres e os ricos do Nordeste
- CELSO MING - Troca tributária
- GAUDÊNCIO TORQUATO - Distritinho e distritão
- Cacá Diegues - Uma revolução pós-industrial
- ENTREVISTA - JOÃO UBALDO RIBEIRO
- HÉLIO SCHWARTSMAN Metáforas de crimes influenciam ...
- CESAR MAIA - Poderes e democracia
- FERNANDO RODRIGUES - A banda estreita de Dilma
- FERNANDO DE BARROS E SILVA - Demagogia (des)contin...
- Merval Pereira A busca do acordo
- Marco Aurélio Nogueira A Itália de Berlusconi entr...
- Os outonos - Míriam Leitão
- Itamar Franco:'Violou-se a Constituição e o Senado...
- Roberto Freire A reforma e Jabuticaba
- JOÃO MELLÃO NETO O ocaso das certezas
- LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS O medo está de volta
- VINICIUS TORRES FREIRE O governo está incomodado
- MERVAL PEREIRA Tema popular
- Dora Kramer -Insuficiência de tutano
- Celso Ming -Carregamento caro
- Nelson Motta Os eleitos dos eleitos
- VINICIUS TORRES FREIRE Petróleo em revolta e o Brasil
- Míriam Leitão No rastro da crise
- Merval Pereira Roteiro amplo
- Alberto Tamer Petróleo: dá para absorver alta
- Dora Kramer Falso parâmetro
- Celso Ming Cresce o rombo externo
- Eugênio Bucci Meu corpo, meu oponente
- Carlos Alberto Sardenberg Assalto "por dentro"
- Paulo R. Haddad A Fiat vai ao Nordeste
- MÍRIAM LEITÃO Nada é impensável
- MERVAL PEREIRA O difícil equilíbrio
- VINICIUS TORRES FREIRE Mais ruídos na economia de ...
- ROBERTO DaMATTA A morte e a morte anunciada de um ...
- FERNANDO RODRIGUES Gaddafi, Lula e o Brasil
- ANTONIO DELFIM NETTO Mandelbrot
- Dora Kramer Para o que der e vier
- Celso Ming A inflação assusta
- Sergio Telles Tunísia, modernidade islâmica
- Helder Queiroz Pinto Jr.O que esperar dos preços i...
- Jorge Darze Não faltam médico
- Claudio Sales Itaipu: conta extra de R$ 5 bi para...
- Eduardo Graeff Contra o voto em lista
- ANTONIO DELFIM NETTO O fundamento fiscal
- MÍRIAM LEITÃO Crise da Líbia
- REGINA ALVAREZ Petrobras na mira do MP
- MERVAL PEREIRA Jabuticaba mista
- Dora Kramer Mudar para conservar
- Celso Ming Até a próxima crise
- Se todos são keynesianos, o que Keynes diria a Dilma?
- Rodrigo Constantino Onde estão as reformas?
- Rubens Barbosa Defesa e política externa
- FHC:‘O PODER REVELA MUITO MAIS DO QUE CRIA OU DEFO...
- José Serra ‘O falso rigor esconde falta de rigor’
- Luiz Werneck ViannaMares nunca dantes navegados
- AMIR KHAIR Soluções milagrosas
- MARIA INÊS DOLCI A herança maldita da inflação
- FABIO GIAMBIAGI Pré-sal na terra de Macunaíma
- CARLOS ALBERTO DI FRANCO A ameaça das drogas sinté...
- JOSÉ GOLDEMBERG O Protocolo Adicional
- CARLOS ALBERTO SARDENBERG Estupidez constitucional
- MARCELO DE PAIVA ABREU Fadiga política no Brasil e...
- ANNA RAMALHO Um palacete para o ex-operário é muit...
- PAULO GUEDES Vitória... de Pirro?
- Mario Vargas LLosa História feita pelo povo
- ''Números oficiais não refletem realidade das cont...
- CELSO LAFER Sobre o Holocausto
- CELSO MING Descomplicar a reciclagem
- ALBERTO TAMER Há mais petróleo, mas não se sabe qu...
- SUELY CALDAS O modelo BC nas agências
- MERVAL PEREIRA Que tipo de voto?
- JOSÉ ROBERTO MENDONÇA DE BARROS O crescimento é um...
- REGINA ALVAREZ Terceirização de risco na Petrobras
- VINICIUS TORRES FREIRE Sai por uma porta, entra p...
- CLÓVIS ROSSI Mais uma lenda ameaçada
- MÍRIAM LEITÃO Trem para o passado
- DORA KRAMER Casa grande e senzala
-
▼
fevereiro
(234)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA