O Estado de S. Paulo - 12/07/2010 |
No Brasil existe uma longa tradição estatista, associada à desconfiança em relação ao capital privado e estrangeiro e à ideia de que o Estado pode resolver boa parte das mazelas sociais do País. Mais recentemente, ignorando a enorme escassez de recursos públicos que vigora há muitos anos no País, esse perfil foi fortalecido pela ascensão de governos com viés estatista ainda mais forte por aqui e em outros países da América Latina e pela associação espúria entre a crise econômica recente e a necessidade de maior intervenção do Estado na economia.
Além disso: 1) tem havido claro recuo das políticas liberalizantes implementadas junto ao Plano Real; 2) tenta-se reforçar o papel do Estado na expansão de setores básicos, como energia elétrica, petróleo e mesmo telecomunicações (cuja privatização foi reconhecidamente um caso de sucesso); e 3) procura-se recolocar em prática a ideia de que o Estado deve ser o grande operador no financiamento das atividades de investimento no País, notadamente das empresas estatais, mediante a colocação de títulos públicos e emprestando com juros subsidiados. Ao contrário da China, que, segundo consta, poupa 50% do seu PIB - e onde a linha que separa público e privado é pouco nítida -, lideranças políticas querem que o setor público brasileiro, poupando muito pouco e com baixo grau de eficiência, dê conta, simultaneamente, de muitas tarefas. Seriam: diminuir a pobreza; promover a redistribuição de renda; fornecer serviços básicos de saúde e educação com subsídios ou gratuitamente; pagar o funcionalismo acima do setor privado; investir pesadamente em infraestrutura, energia, petróleo, telecomunicações, etc.; ser o principal financiador dos investimentos no País; interferir nos mercados cambiais depreciando a moeda nacional (como faz a China); sem falar no malsucedido 3.º Plano Nacional de Direitos Humanos.
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Entrevista:O Estado inteligente
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segunda-feira, julho 12, 2010
Muita demanda para pouca poupança Raul Velloso
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