O Estado de S Paulo
15 de julho de 2010
Há no ar uma certa propensão a ver tudo pelo lado trágico. Há alguns meses, analistas internacionais puseram-se a disparar seus alarmes para o que chamaram de duplo mergulho (double dip), a tal queda vertiginosa em direção a nova rodada de recessão econômica global. As projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI)desmentem esse alarmismo.
Pequenas inflexões nas estatísticas econômicas, de resto inteiramente normais e saudáveis, são logo vistas como “forte desaceleração” em direção ao desemprego, à inadimplência e à quebra de salários. E isso vale tanto lá fora como aqui no Brasil.
Quarta-feira, o governo da China avisou que o crescimento econômico deste ano não seria mais de 11,9%, como faziam ver os números do trimestre anterior, mas de 10,3%. E isso foi matraqueado como uma grave perda de potência da nova locomotiva do mundo. Nenhum país está crescendo mais do que 10% ao ano por tanto tempo como a China. E o ralentando de sua economia para o patamar dos 10% foi induzido pelo governo de Pequim, porque foi necessário esvaziar o que poderia se transformar por lá em bolha imobiliária.
De repente, o mundo se descobre dependente da economia chinesa. Logo dela que tem uma política cambial manipulada, segundo apontam as autoridades americanas. Se a economia chinesa não crescer 12% ao ano e, nessas condições, se não sustentar o fluxo de encomendas ao redor do mundo, pior para todos, inclusive para os trabalhadores da União Europeia e dos Estados Unidos, que, paradoxalmente, também se sentem lesados pela soberba pujança da economia asiática. Por isso, se os relatórios sugerem o aparecimento de insignificante redução da velocidade do PIB chinês, por toda parte começam a piscar luzes amarelas.
No Brasil, acontece algo semelhante. De repente, denunciam-se traumáticas desacelerações no ritmo da produção. O crescimento do PIB deste ano será superior a 7%, como há anos não se via, número unanimemente reconhecido como insustentável porque não fundamentado em níveis consistentes de investimento. Isso significa que uma desaceleração não é só desejável, mas deve ser esperada para que o motor não queime óleo à toa. Apenas apareceram alguns sintomas de esfriamento, como uma arrecadação federal alguma coisa abaixo do previsto (mas, ainda assim, recorde) e uma certa redução de marcha da indústria, para que o fato fosse visto como um perigo para a economia.
Um punhado de informações recentes sugere que se veja essa desaceleração com mais cuidado e não como um mergulho no abismo e na desindustrialização. No primeiro semestre, as importações cresceram a um ritmo alucinado de 43,9%. E, embora o aumento do consumo venha deixando menos produção exportável, as encomendas do exterior vêm crescendo à marcha de 26,5% no mesmo período, um desempenho exuberante numa paisagem de crise global.
Quinta-feira o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, festejava a criação de 213 mil postos de trabalho com carteira assinada, o segundo melhor mês de junho da história econômica do Brasil. Ou seja, nas circunstâncias, está bom demais. E não há razão para lamúrias e manifestações de cassandrismo econômico.
Confira
Cabresto neles. A contagem não deixou de surpreender: 60 votos a favor e apenas 39 contra. E, assim, o presidente Obama obteve a segunda grande vitória política ao arrancar do Senado americano a aprovação para a nova regulamentação bancária.
Mais poder para o xerife. O Fed (banco central) ganha poderes de fiscalização e supervisão; os grandes bancos terão todas as suas operações monitoradas e serão obrigados a trabalhar com capital proporcional ao tamanho dos seus ativos; as autoridades terão mais poder para liquidar instituições financeiras potencialmente quebradas; as agências de classificação de risco serão supervisionadas…
Começo do processo. Em sete dias Obama vai sancionar o projeto de lei. O processo apenas começou. E é mais a prática do que a letra da lei que vai ou não criar fatos consumados. E, ninguém se iluda, a nova regulação não se limitará aos Estados Unidos. Logo será estendida ao resto do mundo.
Entrevista:O Estado inteligente
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