Está complicado blogar neste momento. Aliás, vou usar o verbo correto: para mim, está complicado noblatear nesta campanha. A correção é porque meu blog é um grão de areia nesta blogosfera gigantesca e nele os aborrecimentos quando vêm são grãos de areia.
Mas aqui, neste espaço essencialmente político, onde as notícias são as notícias, o negócio anda complicado.
Logo que comecei a comentar, animadíssima e boquirrota que só, briguei muito com o Moderador, só não saiu tiro porque nunca tive uma arma. Mas o que nós dois torramos a santa paciência do Noblat, não está no mapa.
Ele escrevia ao chefe praticamente se demitindo por conta da chata da Maria Helena. E eu escrevia aos prantos para o Noblat com queixas mil do desalmado, do alucinado e sua tesoura. E eram e-mails diários! Não sei como o Noblat não pulverizou os dois!
E quais eram os assuntos desses e-mails? A Maria Helena corrige o português dos outros; a Maria Helena se acha!; a Maria Helena agride com palavras finas, mas está agredindo; a infeliz não usa calão, mas está ofendendo; hoje ela chamou o fulano de idiota; ela não pára! O Moderador é cruel!; o seu blog é diferente porque tem papo e ele quer acabar com o papo!; ele é um tremendo chato!; ele hoje disse que quer que todos morram! Socorro, Noblat!
Eram esses os graves motivos da grande disputa Moderador/Maria Helena. Comparado com o terreno minado de hoje, francamente, aquilo era a Escola Maternal.
Um exemplo: calhou de meu texto há muito tempo ter sido transferido para as sextas-feiras. Cheguei aqui primeiro. Mas quem apareceu como meu coleguinha de página? José Dirceu. Não gosto dele, não concordo com ele, mas leio religiosamente seus artigos. E vejo que ali o trabalho do Moderador é triplo!
Todas as sextas eu ia verificar: “Quem tem mais leitores?”. Ficava toda prosa até concluir que aparentemente eu tinha mais leitores só porque ele tinha mais cortados! Na verdade, ele ganha. Sabem por que? Porque há mais direitistas no mundo do que esquerdistas, e isso é um fato.
Para cada um que entra para me ofender – e ofendem, acreditem – entram dez para ofender o José Dirceu e, espanto maior, o blogueiro!
Como se ele fosse obrigado a só publicar aquilo que a maioria gosta. Como se ele fosse obrigado a só aceitar artigos do lado que eles acham do bem!
Há casos, já li isso, de comentaristas cortados que acham que “o blog perdeu o melhor porque perdeu os que pensam como nós”. De ambos os lados da contenda! Chega a ser engraçado.
Ou então, dizem barbaridades, usam palavras infames, xingam de um modo absurdo o Presidente da República, os Ministros de Estado, os políticos todos, os candidatos, os articulistas, uns aos outros e quando são cortados, é censura, é arbítrio, é desrespeito à livre expressão, é querer coibir o direito à opinião.
Queixam-se de tudo: “não existe espaço para os não-petistas no blog”. Isso é uma grande inverdade. Basta olhar o resultado das enquetes. O que há são antolhos a ponto de criticarem os textos do Luiz Fernando Veríssimo não pelo texto em si, porque isso seria muito difícil... Mas porque ele é de esquerda e tem a audácia de ter um apartamento em Paris!
Desculpem, mas isso é de uma tolice sem fim. Ou, carta do mesmo naipe, Chico Buarque, um lulista de 4 costados, passar temporadas em seu apartamento na Île Saint Louis. Que desaforo, seu Chico! Onde já se viu!
Nós somos é vira-latas, mesmo. Não achamos, não. Somos. Os franceses de extrema-direita nunca deixaram de lotar o Olympia para ouvir e se deliciar com a voz e o repertório de Yves Montand, Léo Ferré, George Brassens, a nata da música francesa inteligente, todos três de esquerda.
Montand morava na chiquérrima Place Dauphine e nunca soube de uma manifestação exigindo que ele se mudasse para um arrabalde distante do centro e fosse viver em um cortiço.
Já ouvi o presidente Lula dizer que não bebia Coca-Cola porque era a bebida do imperialismo americano. Já vi um pai, rico, se negar terminantemente a pagar uma viagem à Disneyworld para seu filho porque petistas não vão gastar dinheiro naquele antro!
O mundo tem de tudo e disso sabemos há muito tempo. Mas vamos dar um jeito de acalmar os soldados de ambos os lados? Que cada comandante cuide de suas tropas. Quem sai ganhando, se a disputa for educada e firme, mas sem patadas e pedradas, somos nós, o Povo. E quem sai perdendo, se a batalha for sangrenta antes mesmo do dia raiar, somos nós, o Povo. Eles, os contendores, ganhe quem ganhar, eles é que não vão perder. Eles não perdem nunca.