Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, abril 01, 2010

Serra diz que não aceita "roubalheira"

Por: CATIA SEABRA, BRENO COSTA e SILVIO NAVARRO DO PAINEL
Folha de S. Paulo - 01/04/2010

Após longo silêncio, tucano faz o mais duro discurso até então contra Lula e Dilma

Governador encerrou seu discurso com lema que deve nortear fala como candidato na campanha: "Vamos juntos, o Brasil pode mais!"


Depois de 39 meses de silêncio tático, o governador de São Paulo e pré-candidato à Presidência, José Serra (PSDB), 68, lançou-se ontem em confronto com o governo Lula e sua candidata, Dilma Rousseff (PT).
Em sua despedida do Palácio dos Bandeirantes, Serra transformou sua prestação de contas, justificativa oficial para o evento que reuniu 6.000 pessoas na sede do governo, no seu mais contundente discurso já feito ao governo federal.
Apresentando-se pela primeira vez como candidato do PSDB à Presidência, usou termos duros ao pregar a "honra" como um princípio de seu governo à frente do Estado.
"Aqui não se cultivam escândalos, malfeitos, roubalheira, mas também porque nunca incentivamos o silêncio da cumplicidade e da conivência com o malfeito", afirmou, diante de uma plateia de 1.500 convidados, além de 4.500 pessoas que assistiam por telões no hall e nos jardins da sede de governo.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não compareceu. À noite, em outro evento, ele disse que não foi porque está no "limite físico". Foi citado uma vez por Serra, junto com Mário Covas, Franco Montoro e Geraldo Alckmin.
Serra -que colocou o ponto final no texto às 6h- contrapôs seu governo ao do PT. Ainda que sem fazer menção ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao mensalão, disse que a relação de sua gestão com a Assembleia foi marcada pela transparência em favor do povo.
Dizendo que não discrimina por coloração partidária, atacou: "A gente serve ao interesse público, não às máquinas partidárias. Governamos para o povo e não para partidos".
Alvo de manifestações dos sindicatos, Serra deixou clara a disposição de colar no PT o rótulo de sectarismo: "Jamais incentivei o confronto gratuito. Jamais mobilizei falanges de ódio. [...] E nisso não vou mudar. Ainda que venha a ser alvo dessas mesmas falanges", disse, após afirmar que "nunca cedeu à frivolidade das bravatas".
E falou da campanha ao anunciar uma nova "etapa": "Olhando para trás e vendo tudo o que fizemos, sinto ganhar bastante força para esta etapa que nos espera. Vou ingressar nela, vou ingressar nessa etapa com muita disposição, com muita força, com muita confiança, muita fé, muita sinceridade e muito trabalho", discursou, com aplausos da plateia.
O governador encerrou seu discurso citando a frase presente no brasão do Estado de São Paulo ("Pelo Brasil, façam-se as grandes coisas") e com um lema que deve nortear seus discursos de candidato: "Vamos juntos, o Brasil pode mais!"

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