O Estado de S.Paulo - 22/04/2010
Toda manifestação de condenação a ilegalidades é bem posta. De autoridades ou postulantes a mandatos eletivos ainda mais. O contrário é que soa fora do esquadro. Portanto, a declaração da pré-candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, sobre as últimas invasões de prédios públicos pelo MST, não requer reparos.
"É incorreto e ilegal. Não se pode conviver com ilegalidade estando no governo", disse.
Talvez se pudesse cobrar dela um acréscimo, já que é candidata do governo, foi ministra da Casa Civil até outro dia, faz campanha apresentando-se justamente como corresponsável pelo êxito do presidente Luiz Inácio da Silva.
Uma explicação para o fato de o governo que representa conviver tão bem e há tanto tempo com as ilegalidades por ela precisamente definidas.
No mesmo dia em que a ex-ministra dava declarações escorreitas à Rádio Jornal de Pernambuco, uma comissão de invasores do prédio do Incra em Brasília e em mais seis Estados era recebida pelo ministro do Planejamento e pelo presidente do Incra, separadamente, para discutir reivindicações.
Nenhuma novidade. As coisas se passam sempre assim. Mesmo quando as invasões têm consequências mais graves, deixam rastros de destruição e até vítimas. Há negociações, convivência, portanto.
Não foi a primeira vez, queira o bom senso que seja das últimas. O próximo "abril vermelho" alcançará Lula fora da Presidência. Descontada uma surpresa monumental, encontrará na cadeira presidencial Dilma Rousseff ou José Serra.
Conviria em breve que o pré-candidato tucano se pronunciasse a respeito. E Dilma, já que começou a abordar o tema poderia desde logo desenvolvê-lo.
Não no rumo que ganhou destaque no noticiário: se vestiria ou não o boné do MST como fez o presidente Lula no início de seu primeiro mandato nas dependências do Palácio do Planalto. Essa é uma questão de fácil solução.
Tanto que Dilma nem titubeou quando indagada a respeito: "Acho que não é cabível vestir o boné do MST. Governo é governo, movimento social é movimento social." Bem como mãe é mãe, pai é pai e nada de novo se extrai disso.
O boné, assim como o simbolismo romântico do MST, perdeu-se em obsolescência no tempo.
A questão em pauta não é essa. O essencial é saber dos candidatos se o próximo governo cumprirá a lei que excluiu da reforma agrária terras invadidas e invasores, o que equivale cortar-lhes o acesso a verbas federais, ou se continuará sustentando o movimento e patrocinando a ilegalidade ao arrepio do Estado de Direito.
Diplomacia, apenas. O episódio que levou o presidente Lula a cometer o que seria mais uma de suas descortesias, não configurasse antes uma agressão ao Itamaraty e aos fatos, não foi fruto da "diplomacia de vira-latas" daquele Brasil substituído pelo outro fundado em janeiro de 2003.
Em janeiro de 2002, o então chanceler Celso Lafer em três aeroportos americanos foi submetido a revistas e obrigado pelos seguranças a tirar os sapatos.
Tratamentos similares receberam os chanceleres do Canadá, da Rússia e do México. Já ao britânico não foi aplicada a regra geral de segurança.
Na primeira revista Lafer comunicou o ocorrido ao embaixador brasileiro em Washington, Rubens Barbosa, que apresentou protestos junto ao governo americano, todos inúteis.
Lafer só veio a receber pedidos formais de desculpas quando voltou ao Brasil por intermédio do então embaixador interino, Cristóbal Orozco.
Uma atitude altiva do ministro das Relações Exteriores seria qual, armar o chamado "comigo ninguém pode" na base da carteirada na frente de sabe-se lá quantos passageiros comuns igualmente revistados e sem sapatos?
Não, agiu diplomaticamente assim como os outros chanceleres que tiveram o princípio da imunidade diplomática desrespeitada pelos Estados Unidos, que, no caso, fez a diplomacia do pitbull atabalhoado.
O vexame ficou para a maior democracia do mundo, que ao aplicar uma simples regra de segurança de aeroporto se revelou discricionária.
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
Arquivo do blog
-
▼
2010
(1998)
-
▼
abril
(259)
- DORA KRAMER Em nome da História
- Os 'hermanos' se afagam EDITORIAL O Estado de S.Paulo
- MERVAL PEREIRA A busca do diálogo
- O MST sem aliados Alon Feuerwerker
- MÍRIAM LEITÃO As duas faces
- Belo Monte Rogério L. Furquim Werneck
- Anatomia de um fracasso Nelson Motta
- A nova cara dos britânicos Gilles Lapouge
- China só promete, não cumpre Alberto Tamer
- Coisas simples /Carlos Alberto Sardenberg
- Um tranco nos juros Celso Ming
- A política da eurozona:: Vinicius Torres Freire
- DORA KRAMER Ficha limpa na pressão
- MÍRIAM LEITÃO Última escalada
- LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS Bravatas de Lula e ...
- MERVAL PEREIRA Direitos humanos
- Lula celebra Geisel em Belo Monte DEMÉTRIO MAGNOLI
- Cavalo de Troia na Europa:: Vinicius Torres Freire
- MERVAL PEREIRA 'Irã é indefensável'
- JOSÉ NÊUMANNE Turma do sítio de dona Dilma bota pr...
- MÍRIAM LEITÃO Contágio grego
- Democracia reduzida Merval Pereira
- Novo ciclo Miriam Leitão
- Mercosul e integração regional Rubens Barbosa
- NICHOLAS D. KRISTOF Jovens super-heróis numa cabana
- As crises previstas por Ciro Gomes EDITORIAL - O G...
- ''Audiência'' para Ahmadinejad EDITORIAL - O ESTAD...
- Debate eleitoral brasileiro nos EUA VINICIUS TORRE...
- A candidata Bengell Jânio de Freitas
- Uma estranha no espelho Dora Kramer
- A farsa Celso Ming
- Usina de alto risco ADRIANO PIRES E ABEL HOLTZ
- O jogo duplo do Planalto no trato com os sem-terra...
- O dono da festa Luiz Garcia
- Norma Rousseff Fernando de Barros e Silva
- DENIS LERRER ROSENFIELD Viva Marighella!
- Omissão oficial é coautora de crimes Demóstenes To...
- A desindustrialização gradual no Brasil Paulo Godoy
- FERNANDO DE BARROS E SILVA Ciro Gomes: modos de usar
- MARIANO GRONDONA ¿Muere o renace el ciclo de los K...
- O valor da UNE -Editorial O Estado de S.Paulo
- Suely Caldas - Os que têm tudo e os que nada têm
- Primeiro aninho Ferreira Gullar
- O peso das palavras Sergio Fausto
- JOÃO UBALDO RIBEIRO Planejamento familiar
- DORA KRAMER Sequência lógica
- GAUDÊNCIO TORQUATO O OLHO DA NOVA CLASSE MÉDIA
- REGINA ALVAREZ Ampliando o leque
- O maior dom DANUZA LEÃO
- Governo criará "monstro", diz ex-diretor da Aneel
- Plebiscito de proveta-Ruy Fabiano
- Ciro Gomes: "Estão querendo enterrar o defunto com...
- Depois de Belo Monte Celso Ming
- Ciro frustra o Planalto e irrita Lula com elogio a...
- MAURO CHAVES A propaganda subliminar
- Hora da verdade MARCO AURÉLIO NOGUEIRA -
- DORA KRAMER Baliza de conduta
- Arrebentou FERNANDO DE BARROS E SILVA
- UM VAGA-LUME NA SELVA EDITORIAL - O ESTADO DE SÃO ...
- Pobres vão pagar caro pela crise dos ricos Rolf K...
- Dever de casa Regina Alvarez
- Amazônia peruana é nossa Marcos Sá Correa
- Estatais apontam que Belo Monte é inviável
- Belo Monte, o leilão que não houve:: Vinicius Torr...
- Economia brasileira e importações:: Luiz Carlos Me...
- JOÃO MELLÃO NETO Por que a nossa política externa ...
- LUIZ GARCIA Da carochinha
- BARBARA GANCIA Ordem do Rio Branco pelo correio!
- CELSO MING O rombo está aumentando
- DORA KRAMER Pior é impossível
- A conta fictícia de Belo Monte Editorial de O Est...
- VINICIUS TORRES FREIRE Belo Monte, o leilão que nã...
- A notícia linchada Antonio Machado
- NELSON MOTTA Movimento dos Sem Tela
- DORA KRAMER De boné e outros males
- MÍRIAM LEITÃO Decisão britânica
- CELSO MING O vizinho roubado
- A diplomacia do gol contra EDITORIAL - O ESTADO DE...
- Sinais contraditórios EDITORIAL - O GLOBO
- PAULO RENATO SOUZA Salários na educação paulista
- CARLOS ALBERTO SARDENBERG Brasília, um equívoco caro
- Uma carta do Diabo ROBERTO DaMATTA
- Erro até o final Miriam Leitão
- O jogo bruto da candidata
- Dom de confundir Dora Kramer
- RUY CASTRO Zero hora para a mudança
- A bolha de imóveis brasileira Vinicius Torres Freire
- DORA KRAMER Proposta estratégica
- MÍRIAM LEITÃO Custo do inesperado
- CELSO MING A pressão do consumo
- ENIGMA AGRÁRIO XICO GRAZIANO
- A recuperação da economia americana é real Luiz Ca...
- Paulo Guedes É hora de enfrentar o Leviatã brasileiro
- Celso Lafer O Brasil e a nuclearização do Irã
- Carlos Alberto Di Franco Drogas, ingenuidade que mata
- JOSÉ GOLDEMBERG A nova estratégia nuclear dos Esta...
- Yoshiaki Nakano Juros e câmbio de novo!
- Ferreira Gullar Os políticos do lixo
- CELSO LAFER O BRASIL E A NUCLEARIZAÇÃO DO IRÃ
- GAUDÊNCIO TORQUATO CAMPANHA DO MEDO?
-
▼
abril
(259)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA