FOLHA DE SÃO PAULO - 17/04/10
SÃO PAULO - Uma semana depois do lançamento da candidatura de José Serra à Presidência, pouca coisa se altera no quadro da sucessão de Lula, como revela o Datafolha.
A diferença em relação a Dilma Rousseff (PT), que era de 9 pontos (36 a 27) a favor do tucano no levantamento anterior, feito há 20 dias, agora é de dez pontos (38 a 28), uma oscilação na margem de erro.
Com exceção da pesquisa realizada no final de fevereiro, quando Serra caiu para 32% e ficou apenas 4 pontos à frente de Dilma, que havia subido, o tucano se mantém no mesmo patamar de votos desde dezembro. É provável que sua queda estivesse relacionada ao desgaste decorrente das enchentes de verão.
Equivocou-se, no entanto, quem apostou que a exposição do candidato na TV no último fim de semana pudesse se traduzir logo em mais votos no ninho. É fato que Serra encorpou politicamente ao receber o apoio enfático de Aécio Neves numa festa, de resto, mais animada do que os tucanos costumam ser capazes de fazer. Mas, por ora, só isso.
Embora sutis, as movimentações mais significativas do quadro eleitoral dizem respeito a Ciro Gomes e a Marina Silva. Pela primeira vez, a senadora do PV ultrapassa numericamente o deputado do PSB (10 a 9). Estão tecnicamente empatados, mas a trajetória de Ciro, que tinha 13% em janeiro, é de queda.
O resultado talvez represente a pá de cal nas suas pretensões de sustentar a candidatura, contra a pressão intensa de Lula e o corpo mole de seu próprio partido. Mas também é verdade que, sem Ciro na cédula, a distância entre Serra e Dilma aumenta de 10 para 12 pontos.
Existe, por isso, gente dentro do PT que, apesar de não ousar desafiar Lula em público, defende a manutenção de Ciro na corrida. Seria um instrumento para atazanar os tucanos e uma espécie de "segurança" de que haverá segundo turno.
A definição a esse respeito será, provavelmente, a próxima notícia relevante da sucessão. É chato mastigar o óbvio, mas hoje o jogo parece, mais do que nunca, aberto.
Entrevista:O Estado inteligente
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