EDITORIAL
O GLOBO - 16/04/10
Hugo Chávez não tem limites em seu desvario de criar na Venezuela um regime cada vez mais parecido com o cubano. Desde que, certamente, não haja risco de os Estados Unidos imporem um embargo econômico ou deixarem de comprar seu petróleo sulfuroso.
O contraste entre a ideologia do tempo das cavernas de Chávez, o tal "socialismo bolivariano", e o dinamismo da sociedade civil venezuelana é de arrepiar. Em ato digno de figurar num documentário sobre ditaduras latinoamericanas, ele escolheu o 13 como "Dia da Milícia Bolivariana, do Povo em Armas e da Revolução de Abril", comemorando oito anos de sua volta ao poder após a tentativa de golpe de 2002. Para coroar a data, tomou juramento de 30 mil milicianos armados para defender "a pátria de Bolívar, a revolução socialista".
A meta do regime chavista é armar 1 milhão de pessoas (o país tem 28 milhões), formando o quinto braço das Forças Armadas, ao lado do Exército, da Guarda Nacional, da Marinha e da Aeronáutica. Chávez comanda este show de mobilização popular porque, diz, o país está sob ameaça, e ele mesmo pode sofrer um atentado a qualquer momento.
As milícias, discursou o presidente no ato do dia 13, lutarão "até libertar a Venezuela".
Retoricamente, ele mesmo perguntou: "De quem?" E respondeu: "Dos ianques, da burguesia." Esta prometeu varrer se "aventurar-se em outro golpe de Estado" (referindo-se a 2002).
O mais espantoso foi o que declarou a seguir, referindo-se às eleições do dia 26 de setembro, que, ao que tudo indica, não serão tão fáceis para seus candidatos. Chávez declarou que "a burguesia" também será "varrida" caso receba mais votos que o seu partido, o Socialista Unido da Venezuela (PSUV). "Não podemos permitir que a burguesia ocupe espaços na Assembleia Nacional. Toda a Assembleia deve ser do povo", sentenciou. Depreende-se, então, que no país do "sim, senhor" pode haver eleições, desde que o caudilho ganhe. Apesar de tudo, para o presidente Lula, na Venezuela "há democracia demais". A imprensa crítica é perseguida implacavelmente — a rede RCTV foi fechada, assim como dezenas de emissoras de rádio. Mas, para o assessor de política externa de Lula, Marco Aurélio Garcia, "há liberdade de expressão".
Existe coerência no erro: se é válido apoiar a ditadura castrista em Cuba, por que não o regime de Chávez? Aliás, Cuba sempre foi o ideal do coronel. Dissidentes presos e exilados também existem em Caracas, conforme mostrou reportagem do GLOBO domingo. Em evento recente no Brasil, o presidente da RCTV, Marcel Granier, criticou, com razão, "o silêncio e a cumplicidade das democracias latinoamericanas a respeito das restrições à liberdade de expressão em Cuba e na Venezuela".
A leniência do Brasil sabe-se o porquê.
Onde Chávez perde disparado é nas modernas tecnologias como internet, Twitter e redes sociais, usados pelos venezuelanos para driblar o cerco à livre circulação da informação.
O governo treina estudantes para a "guerrilha de comunicação": combater "a falsa informação espalhada pelas redes de comunicação burguesas e fascistas que ajudaram no golpe de 2002", segundo a ministra da Comunicação, Tania Díaz. Pelo menos, esta é uma guerra perdida para o caudilho.
Chávez, ditador à antiga, mira agora na moderna tecnologia da informação
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
Arquivo do blog
-
▼
2010
(1998)
-
▼
abril
(259)
- DORA KRAMER Em nome da História
- Os 'hermanos' se afagam EDITORIAL O Estado de S.Paulo
- MERVAL PEREIRA A busca do diálogo
- O MST sem aliados Alon Feuerwerker
- MÍRIAM LEITÃO As duas faces
- Belo Monte Rogério L. Furquim Werneck
- Anatomia de um fracasso Nelson Motta
- A nova cara dos britânicos Gilles Lapouge
- China só promete, não cumpre Alberto Tamer
- Coisas simples /Carlos Alberto Sardenberg
- Um tranco nos juros Celso Ming
- A política da eurozona:: Vinicius Torres Freire
- DORA KRAMER Ficha limpa na pressão
- MÍRIAM LEITÃO Última escalada
- LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS Bravatas de Lula e ...
- MERVAL PEREIRA Direitos humanos
- Lula celebra Geisel em Belo Monte DEMÉTRIO MAGNOLI
- Cavalo de Troia na Europa:: Vinicius Torres Freire
- MERVAL PEREIRA 'Irã é indefensável'
- JOSÉ NÊUMANNE Turma do sítio de dona Dilma bota pr...
- MÍRIAM LEITÃO Contágio grego
- Democracia reduzida Merval Pereira
- Novo ciclo Miriam Leitão
- Mercosul e integração regional Rubens Barbosa
- NICHOLAS D. KRISTOF Jovens super-heróis numa cabana
- As crises previstas por Ciro Gomes EDITORIAL - O G...
- ''Audiência'' para Ahmadinejad EDITORIAL - O ESTAD...
- Debate eleitoral brasileiro nos EUA VINICIUS TORRE...
- A candidata Bengell Jânio de Freitas
- Uma estranha no espelho Dora Kramer
- A farsa Celso Ming
- Usina de alto risco ADRIANO PIRES E ABEL HOLTZ
- O jogo duplo do Planalto no trato com os sem-terra...
- O dono da festa Luiz Garcia
- Norma Rousseff Fernando de Barros e Silva
- DENIS LERRER ROSENFIELD Viva Marighella!
- Omissão oficial é coautora de crimes Demóstenes To...
- A desindustrialização gradual no Brasil Paulo Godoy
- FERNANDO DE BARROS E SILVA Ciro Gomes: modos de usar
- MARIANO GRONDONA ¿Muere o renace el ciclo de los K...
- O valor da UNE -Editorial O Estado de S.Paulo
- Suely Caldas - Os que têm tudo e os que nada têm
- Primeiro aninho Ferreira Gullar
- O peso das palavras Sergio Fausto
- JOÃO UBALDO RIBEIRO Planejamento familiar
- DORA KRAMER Sequência lógica
- GAUDÊNCIO TORQUATO O OLHO DA NOVA CLASSE MÉDIA
- REGINA ALVAREZ Ampliando o leque
- O maior dom DANUZA LEÃO
- Governo criará "monstro", diz ex-diretor da Aneel
- Plebiscito de proveta-Ruy Fabiano
- Ciro Gomes: "Estão querendo enterrar o defunto com...
- Depois de Belo Monte Celso Ming
- Ciro frustra o Planalto e irrita Lula com elogio a...
- MAURO CHAVES A propaganda subliminar
- Hora da verdade MARCO AURÉLIO NOGUEIRA -
- DORA KRAMER Baliza de conduta
- Arrebentou FERNANDO DE BARROS E SILVA
- UM VAGA-LUME NA SELVA EDITORIAL - O ESTADO DE SÃO ...
- Pobres vão pagar caro pela crise dos ricos Rolf K...
- Dever de casa Regina Alvarez
- Amazônia peruana é nossa Marcos Sá Correa
- Estatais apontam que Belo Monte é inviável
- Belo Monte, o leilão que não houve:: Vinicius Torr...
- Economia brasileira e importações:: Luiz Carlos Me...
- JOÃO MELLÃO NETO Por que a nossa política externa ...
- LUIZ GARCIA Da carochinha
- BARBARA GANCIA Ordem do Rio Branco pelo correio!
- CELSO MING O rombo está aumentando
- DORA KRAMER Pior é impossível
- A conta fictícia de Belo Monte Editorial de O Est...
- VINICIUS TORRES FREIRE Belo Monte, o leilão que nã...
- A notícia linchada Antonio Machado
- NELSON MOTTA Movimento dos Sem Tela
- DORA KRAMER De boné e outros males
- MÍRIAM LEITÃO Decisão britânica
- CELSO MING O vizinho roubado
- A diplomacia do gol contra EDITORIAL - O ESTADO DE...
- Sinais contraditórios EDITORIAL - O GLOBO
- PAULO RENATO SOUZA Salários na educação paulista
- CARLOS ALBERTO SARDENBERG Brasília, um equívoco caro
- Uma carta do Diabo ROBERTO DaMATTA
- Erro até o final Miriam Leitão
- O jogo bruto da candidata
- Dom de confundir Dora Kramer
- RUY CASTRO Zero hora para a mudança
- A bolha de imóveis brasileira Vinicius Torres Freire
- DORA KRAMER Proposta estratégica
- MÍRIAM LEITÃO Custo do inesperado
- CELSO MING A pressão do consumo
- ENIGMA AGRÁRIO XICO GRAZIANO
- A recuperação da economia americana é real Luiz Ca...
- Paulo Guedes É hora de enfrentar o Leviatã brasileiro
- Celso Lafer O Brasil e a nuclearização do Irã
- Carlos Alberto Di Franco Drogas, ingenuidade que mata
- JOSÉ GOLDEMBERG A nova estratégia nuclear dos Esta...
- Yoshiaki Nakano Juros e câmbio de novo!
- Ferreira Gullar Os políticos do lixo
- CELSO LAFER O BRASIL E A NUCLEARIZAÇÃO DO IRÃ
- GAUDÊNCIO TORQUATO CAMPANHA DO MEDO?
-
▼
abril
(259)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA