Entrevista:O Estado inteligente

sábado, abril 05, 2008

Saúde As dietas on-line, quem diria, funcionam

À mesa com a internet

Os sites de dieta, quem diria, ajudam
muito no controle do peso


Anna Paula Buchalla

Oscar Cabral
A estudante e modelo Lara Soares: celular, comidas saudáveis e ginástica


Neste exato momento, metade das mulheres brasileiras e um quarto dos homens fazem algum tipo de dieta para emagrecer. Ao reduzir a ingestão de calorias e se empenhar na ginástica, a maioria até consegue livrar-se dos quilos em excesso. Mas, entre três e cinco anos depois, 95% das pessoas estão de volta ao peso inicial. Perder peso é até fácil. Difícil mesmo é manter-se magro. A chave para preservar a silhueta alinhada segue um raciocínio elementar: os novos hábitos devem ser controlados com o mesmo rigor do período da dieta. A receita é simples, segui-la é duro. Nessa batalha de todos os dias, a internet tem se revelado uma ferramenta valiosa para evitar que o corpo (agora) enxuto volte a inflar. Ao custo médio de 70 reais por trimestre, os sites de monitoramento do peso criam dietas personalizadas, dão dicas sobre nutrição e comportamento, ensinam receitas e formam comunidades de apoio on-line. Alguns dispõem de nutricionistas para orientar os assinantes pelo telefone. Desde o início dos anos 2000, quando esses sites começaram a proliferar no Brasil, estima-se que quase meio milhão de brasileiros já tenham recorrido a esse tipo de serviço. "Todo instrumento de controle de peso é válido. Mas, lembre-se, essa vigilância deve ser eterna", diz o endocrinologista Alfredo Halpern.

Os programas de dieta on-line seguem basicamente os mesmos princípios dos grupos de auto-ajuda, como os Vigilantes do Peso. "O objetivo é motivar a mudança de comportamento e a manutenção dos novos hábitos", diz a psicóloga Mônica Duchesne, especialista em terapia cognitivo-comportamental para transtornos alimentares. A vantagem é que a internet dispensa a presença semanal dos participantes em palestras que duram em média duas horas – uma determinação que, convenhamos, poucos têm. Com a internet, o controle do peso pode ser feito a qualquer hora, de qualquer lugar – e sempre haverá alguém do grupo na rede disposto a comemorar mais uma vitória na luta contra a balança.

Uma das novidades nessa área é o serviço de acompanhamento do peso pelo celular. Coordenado pelo endocrinologista Walmir Coutinho, o programa Clube Mais Leve envia ao celular dos assinantes mensagens sobre nutrição e atividade física, conforme as necessidades de cada pessoa. As referentes à dieta, por exemplo, costumam ser transmitidas antes do café-da-manhã, do almoço e do jantar. No instante em que o assinante se prepara para mais um chopinho, surge no visor do aparelho: "Cada tulipa de chope tem 200 calorias". Um incentivo e tanto para que a bebida seja deixada de lado e calorias sejam poupadas. Já aconteceu com a estudante de engenharia e modelo carioca Lara de Oliveira Soares, de 22 anos. Na faculdade, na fila da lanchonete, prestes a comprar um hambúrguer, ela recebeu via celular as sugestões para um almoço light. Imediatamente Lara foi para a fila de saladas e grelhados.

Ainda que esses programas prometam a perda de até 4 quilos por mês, o grande mérito deles é ajudar na tão famigerada reeducação alimentar. Alguns dos estudos mais importantes sobre o poder das dietas on-line foram divulgados no início do ano. Um deles, publicado na revista especializada Journal of Occupational and Environmental Medicine, acompanhou 7. 743 funcionários de uma empresa americana, assinantes de sites de dieta. Em um ano, 20% deles reduziram o consumo de junk food e 12% passaram a comer frutas regularmente. Outro trabalho, divulgado pela publicação médica American Journal of Preventive Medicine, foi feito com 446 homens e mulheres acima do peso. Os participantes foram divididos em dois grupos. O primeiro fez acompanhamento pela internet e o segundo seguiu o controle clínico tradicional, com visitas periódicas ao médico. Em seis meses, os adeptos da dieta on-line perderam, em média, 1,3 quilo. Os outros não registraram alterações significativas na balança. A principal diferença entre os dois grupos estava na forma como a gordura passou a ser distribuída pelo corpo. Os primeiros perderam 2,1 centímetros de cintura, contra 0,4 centímetro de perda registrada pelos outros. Fator de risco para doenças cardiovasculares, o acúmulo de tecido adiposo na região abdominal pode ser indicativo de dietas pouco saudáveis. Ou seja, a internet não só evitou o ganho de peso como melhorou os hábitos à mesa.

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