Reinaldo Azevedo on 4/3/08
Que coisa! Acordei, e os tontos maCUTs haviam invadido o blog: "O senador Álvaro Dias foi a fonte da VEJA". Pensei: "Pô, lá vou eu ter de desmentir o Álvaro Dias". Mas não precisa. Leiam a entrevista ao Portal Terra, reproduzida no Blog do Noblat com um título que é, objetivamente, do óbvio interesse do governo:
Por Raphael Prado, do Portal Terra.
Depois das pressões feitas em plenário na quarta-feira, 2, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) admite que foi uma das fontes de informação da revista Veja para a matéria que denunciou um levantamento do governo federal com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e sua esposa, Ruth Cardoso. A atribuição do vazamento ao senador paranaense foi informada pelo Blog do Noblat.
O senhor admitiu que viu as informações antes de elas serem tornadas públicas. Em que circunstâncias isso aconteceu?
Álvaro Dias - Olha, o jornalismo investigativo tem prestado um grande serviço ao País, seria muito pior a degradação das instituições, não fosse a competência e a ousadia do nosso jornalismo de investigação. E isso se dá em razão de fontes. O jornalista se utiliza de muitas fontes. Uma revista do porte da Veja, que só no escândalo do mensalão divulgou, se não me falha a memória, matérias de capa 17 vezes, não contou com apenas uma fonte. Certamente valeu-se de muitas fontes de informação. Eu tenho sido ouvido por muitos jornalistas, do Terra, de outros sites, de jornais, emissoras de TV e certamente outros parlamentares da mesma forma. Esse é o caminho para se produzir a informação.
O senhor então foi uma das fontes de informação desses jornalistas?
É evidente que é meu dever responder questões formuladas por jornalistas, e eu tenho feito. Obviamente, o que pretende o governo agora é tirar o foco, o governo não quer mostrar as suas contas. Mostra as do governo passado mas esconde as suas. E pretende exatamente desviar o foco do debate.
O senhor então foi fonte de informação do jornalista da Veja? Não a única, mas uma das?
(silêncio) Qual é a importância disso? Eu pergunto. Obviamente a Veja tem fontes no Palácio do Planalto... Qual é o ilícito em conversar com jornalistas, como eu estou conversando com você? Qual é o ilícito? Enfim, é surrealista essa história. Acho que o governo subestima a inteligência das pessoas, preparando uma estratégia como essa, tentando repassar responsabilidades. Se eventualmente contribuí com informações para que a matéria pudesse ser veiculada, altera a responsabilidade do governo na confecção do dossiê? É evidente que não. Isso exime o governo de responsabilidade? É óbvio que não. Então não há porque priorizar essa discussão, que a partir de ontem à tarde, priorizaram.
Certo. E se não há ilícito nenhum, também não há problema nenhum em admitir que o senhor foi uma das fontes, certo?
Uma das fontes é natural que eu tenha sido. Provavelmente alguma opinião minha pode ter tido alguma importância. Acho que estão superdimensionando a minha capacidade de obter informações.
Entendi. Mas o senhor obteve esse dossiê de que maneira? No Palácio do Planalto?
Eu não tenho o dossiê. Eu tenho informações sobre o dossiê. Como muitos possuem. Agora, quem mais tem informações sobre o dossiê é o presidente da República e a ministra Dilma (Rousseff, da Casa Civil). Ela mesma, em São Paulo, no dia 17 de fevereiro, declarou taxativamente: "não vamos apanhar quieto, estamos fazendo levantamento de dados do governo passado". Ela sim tem todas as informações e é a melhor fonte.
Comento
Dizer que Álvaro Dias admite isso ou aquilo é querer comprovar uma tese, não fazer jornalismo. Já não basta o absurdo de criar celeuma para tentar chegar às fontes da revista? VEJA pode ter conversado com o Álvaro Dias? Repito o que escrevi no texto acima:
"Se Álvaro Dias sabia ou não do dossiê, é irrelevante. Uma coisa posso afirmar: ele não é "a" fonte da VEJA. Até porque uma apuração tem múltiplas fontes."
Álvaro Dias conversou com VEJA? Ele diz que sim. Se e quando a revista quiser, trata do assunto. Álvaro Dias foi "a" fonte do dossiê? Essa é a mentira que o governo sabe conveniente, repetida por seus empregadinhos. Insistir nisso é abandonar o jornalismo para fazer chicana. Por que tanto furor investigativo não se volta para saber QUEM FEZ O DOSSIÊ E QUAIS PARLAMENTARES TINHAM O PAPELÓRIO?
Volto à comparação que já fiz com a escuta telefônica envolvendo a privatização da Telebras:
- era uma escuta criminosa;
- era promovida por chicaneiros interessados em chantagear o governo;
- não há naquilo tudo indício de crime; de fato, há esforço para elevar o preço do ativo que estava sendo vendido;
Por Raphael Prado, do Portal Terra.
Depois das pressões feitas em plenário na quarta-feira, 2, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) admite que foi uma das fontes de informação da revista Veja para a matéria que denunciou um levantamento do governo federal com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e sua esposa, Ruth Cardoso. A atribuição do vazamento ao senador paranaense foi informada pelo Blog do Noblat.
O senhor admitiu que viu as informações antes de elas serem tornadas públicas. Em que circunstâncias isso aconteceu?
Álvaro Dias - Olha, o jornalismo investigativo tem prestado um grande serviço ao País, seria muito pior a degradação das instituições, não fosse a competência e a ousadia do nosso jornalismo de investigação. E isso se dá em razão de fontes. O jornalista se utiliza de muitas fontes. Uma revista do porte da Veja, que só no escândalo do mensalão divulgou, se não me falha a memória, matérias de capa 17 vezes, não contou com apenas uma fonte. Certamente valeu-se de muitas fontes de informação. Eu tenho sido ouvido por muitos jornalistas, do Terra, de outros sites, de jornais, emissoras de TV e certamente outros parlamentares da mesma forma. Esse é o caminho para se produzir a informação.
O senhor então foi uma das fontes de informação desses jornalistas?
É evidente que é meu dever responder questões formuladas por jornalistas, e eu tenho feito. Obviamente, o que pretende o governo agora é tirar o foco, o governo não quer mostrar as suas contas. Mostra as do governo passado mas esconde as suas. E pretende exatamente desviar o foco do debate.
O senhor então foi fonte de informação do jornalista da Veja? Não a única, mas uma das?
(silêncio) Qual é a importância disso? Eu pergunto. Obviamente a Veja tem fontes no Palácio do Planalto... Qual é o ilícito em conversar com jornalistas, como eu estou conversando com você? Qual é o ilícito? Enfim, é surrealista essa história. Acho que o governo subestima a inteligência das pessoas, preparando uma estratégia como essa, tentando repassar responsabilidades. Se eventualmente contribuí com informações para que a matéria pudesse ser veiculada, altera a responsabilidade do governo na confecção do dossiê? É evidente que não. Isso exime o governo de responsabilidade? É óbvio que não. Então não há porque priorizar essa discussão, que a partir de ontem à tarde, priorizaram.
Certo. E se não há ilícito nenhum, também não há problema nenhum em admitir que o senhor foi uma das fontes, certo?
Uma das fontes é natural que eu tenha sido. Provavelmente alguma opinião minha pode ter tido alguma importância. Acho que estão superdimensionando a minha capacidade de obter informações.
Entendi. Mas o senhor obteve esse dossiê de que maneira? No Palácio do Planalto?
Eu não tenho o dossiê. Eu tenho informações sobre o dossiê. Como muitos possuem. Agora, quem mais tem informações sobre o dossiê é o presidente da República e a ministra Dilma (Rousseff, da Casa Civil). Ela mesma, em São Paulo, no dia 17 de fevereiro, declarou taxativamente: "não vamos apanhar quieto, estamos fazendo levantamento de dados do governo passado". Ela sim tem todas as informações e é a melhor fonte.
Comento
Dizer que Álvaro Dias admite isso ou aquilo é querer comprovar uma tese, não fazer jornalismo. Já não basta o absurdo de criar celeuma para tentar chegar às fontes da revista? VEJA pode ter conversado com o Álvaro Dias? Repito o que escrevi no texto acima:
"Se Álvaro Dias sabia ou não do dossiê, é irrelevante. Uma coisa posso afirmar: ele não é "a" fonte da VEJA. Até porque uma apuração tem múltiplas fontes."
Álvaro Dias conversou com VEJA? Ele diz que sim. Se e quando a revista quiser, trata do assunto. Álvaro Dias foi "a" fonte do dossiê? Essa é a mentira que o governo sabe conveniente, repetida por seus empregadinhos. Insistir nisso é abandonar o jornalismo para fazer chicana. Por que tanto furor investigativo não se volta para saber QUEM FEZ O DOSSIÊ E QUAIS PARLAMENTARES TINHAM O PAPELÓRIO?
Volto à comparação que já fiz com a escuta telefônica envolvendo a privatização da Telebras:
- era uma escuta criminosa;
- era promovida por chicaneiros interessados em chantagear o governo;
- não há naquilo tudo indício de crime; de fato, há esforço para elevar o preço do ativo que estava sendo vendido;
- pior: o resultado do leilão foi contrário à chamada "tentativa de manipulá-lo".
Mas ninguém quis saber a fonte de coisa nenhuma. E as razões são simples:
- OS QUE AGORA SÃO ÁULICOS DO PT NO GOVERNO JÁ ERAM ÁULICOS DO PT NA OPOSIÇÃO;
- TODA A CELEUMA DE ENTÃO PROTEGIA O CRIME;
- TODA A CELEUMA DE AGORA CONTINUA A PROTEGER O CRIME.
É impressionante que o esforço investigativo seja voltado para as fontes que denunciaram o crime, não para a investigação do crime.
- CRIMINOSO É FAZER DOSSIÊ. E A CASA CIVIL FEZ;
- CRIMINOSO É USAR O DOSSIÊ PARA CHANTAGEAR.
Que o governo tente distorcer, mentir, falsificar os fatos, vá lá... Está se defendendo. Que parte do jornalismo compactue da sujeira é, até onde sei, coisa inédita na democracia. Só se viu antes coisa parecida nos períodos de exceção, quando a imprensa estava sob censura.
Repito: NÃO VAI INTERESSAR NADINHA À CASA CIVIL QUE SEJA REVELADA A IDENTIDADE DE QUEM PRODUZIU O DOSSIÊ – NEM QUE O AUTOR REVELE AS INSTRUÇÕES QUE RECEBEU... E DE QUEM AS RECEBEU!
O trabalho dos áulicos é inútil. E ficará claro cedo ou mais cedo.
Mas ninguém quis saber a fonte de coisa nenhuma. E as razões são simples:
- OS QUE AGORA SÃO ÁULICOS DO PT NO GOVERNO JÁ ERAM ÁULICOS DO PT NA OPOSIÇÃO;
- TODA A CELEUMA DE ENTÃO PROTEGIA O CRIME;
- TODA A CELEUMA DE AGORA CONTINUA A PROTEGER O CRIME.
É impressionante que o esforço investigativo seja voltado para as fontes que denunciaram o crime, não para a investigação do crime.
- CRIMINOSO É FAZER DOSSIÊ. E A CASA CIVIL FEZ;
- CRIMINOSO É USAR O DOSSIÊ PARA CHANTAGEAR.
Que o governo tente distorcer, mentir, falsificar os fatos, vá lá... Está se defendendo. Que parte do jornalismo compactue da sujeira é, até onde sei, coisa inédita na democracia. Só se viu antes coisa parecida nos períodos de exceção, quando a imprensa estava sob censura.
Repito: NÃO VAI INTERESSAR NADINHA À CASA CIVIL QUE SEJA REVELADA A IDENTIDADE DE QUEM PRODUZIU O DOSSIÊ – NEM QUE O AUTOR REVELE AS INSTRUÇÕES QUE RECEBEU... E DE QUEM AS RECEBEU!
O trabalho dos áulicos é inútil. E ficará claro cedo ou mais cedo.
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