O Estado de S. Paulo |
24/4/2008 |
Há os que separam o novo choque do petróleo do choque dos alimentos. E há os que entendem que um é causa do outro. As duas opiniões parecem equivocadas. Desde que o mundo é mundo, os diagnósticos se fazem por aproximações sucessivas. Há dois meses, a disparada dos preços das commodities era atribuída aos especuladores. Logo se viu que não são apenas os preços das matérias-primas e dos alimentos passíveis de especulação que estão cavalgando. Também estão nessa lista: ácido sulfúrico, fertilizantes, madeiras e alimentos não negociados nas bolsas internacionais de mercadorias, como leite e seus derivados. Depois foi dito e repetido que é o desvio de grãos para a produção de biocombustíveis que vai puxando os preços dos alimentos. Ninguém até agora culpou os produtores de cerveja que, em 2006, para vender 160 bilhões de litros do produto, usaram nada menos que 24 milhões de toneladas de cereais. (Só para comparar, o Brasil produziu nesta safra 56 milhões de toneladas de milho.) Isso parece mostrar o jogo de interesses por trás das acusações. A alta do petróleo, dos alimentos, dos metais e de um grande número de matérias-primas tem uma causa principal: o avanço do consumo dos países asiáticos, não acompanhado de aumento correspondente da produção. Há outras causas: o uso de grãos para a produção de biocombustíveis; o especulador que toma carona na escassez; ataques a refinarias; problemas climáticos... E por aí vai. Mas são atores coadjuvantes neste filme. A causa principal da escassez é o que se pode chamar de problema bom. É a incorporação de 400 milhões de asiáticos em dez anos ao mercado global de trabalho e de consumo, antiga aspiração da Economia Política, um processo que, felizmente, tende a continuar enquanto o planeta Terra der conta do recado. As políticas públicas são chamadas agora a resolver o problema. Qualquer solução de médio prazo passa pelo aumento da produção. O diabo é que, nesse campo, a escassez de capitais não é o maior problema. Faltam equipamentos e matérias-primas. Há anos de espera para entrega de sondas, navios e plataformas para produção de petróleo. Começam a rarear sementes, fertilizantes e defensivos para produção de alimentos. Os pesados investimentos em projetos de extração e beneficiamento de minérios levam alguns anos para maturar. E faltam políticas. A produção de alimentos nos países ricos está deformada pela adoção de subsídios e políticas protecionistas. O alastramento da tecnologia da produção de alimentos geneticamente modificados (transgênicos) poderia aumentar a produtividade ou garantir a produção em condições climáticas adversas. E, no entanto, grande número de países europeus restringe ou proíbe seu consumo. Ao mesmo tempo, condena os Estados Unidos por desviar milho transgênico (80% da produção) para produção de etanol. Exige que, em vez disso, seja canalizado para alimentação humana ou ração animal e, nessa exigência, não se lembra de que é produto transgênico. Tem sentido? Enfim, não faltam apenas políticas. Falta, também, definir prioridades e agir de acordo com elas. CONFIRA Trigo como arma? - Os argentinos querem que o Brasil lhes venda gás e energia elétrica, especialmente a partir de julho, quando se prevê escassez no país. O governo Lula foi dúbio em relação ao pleito. O governo argentino suspendeu as exportações de trigo para o Brasil. Essa decisão ou pode ser tomada como revide à posição brasileira ou como criação de poder de barganha para garantir gás e energia elétrica. O consumo brasileiro do grão é próximo dos 11 milhões de toneladas. Mas a produção nacional provavelmente não chegará a 3,5 milhões de toneladas. |
Entrevista:O Estado inteligente
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quinta-feira, abril 24, 2008
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