O Estado de S. Paulo - 10/07/2012 |
A matriz da política pública brasileira foi historicamente montada sob uma lógica inversa ao bom senso, que sugere que "prevenir é melhor que remediar". De fato, em muitas áreas a opção política tem sido privilegiar o tratamento da doença e negligenciar a prevenção, ainda que os custos sejam muito mais elevados. Outro viés é aplicar políticas sem embasamento técnico adequado, simulações realistas de impactos e de custo-benefício, parâmetros básicos para uma boa tomada de decisão. Apesar dos avanços institucionais, em muitas áreas ainda prevalecem a visão de curto prazo, a debilidade do planejamento estratégico e as motivações político-eleitorais, e as autoridades continuam preferindo apagar incêndios a intervir para evitá-los. A matriz de política agrícola brasileira está desbalanceada; o governo gasta bilhões com o crédito e a comercialização, mas o seguro rural teve pouca atenção e sua ausência em décadas anteriores deixou a porta aberta para a inadimplência e reestruturação das dívidas dos produtores com efeitos e custos indesejáveis para a sociedade, governo, agentes financeiros, fornecedores de insumos e produtores rurais. O estudo Seguro Agrícola no Brasil: uma visão estratégica de sua importância para a economia brasileira, realizado pela MBAgro, confirma que o seguro não é apenas um mecanismo de proteção do agricultor, mas, sim, de promoção do crescimento econômico e que beneficia toda a sociedade. "Para que os agricultores consigam manter seus investimentos em tecnologia e aumento de produtividade é fundamental que sua renda se sustente no decorrer dos anos de maneira sustentável. Não dá para sofrer interrupções nesse processo, pois a perda de capital com quebras de safra, que são inerentes à agricultura, pode criar um ciclo perverso, que é o de perda de renda, perda de capacidade de investimento, baixa tecnologia, baixa produtividade, baixa renda, e assim sucessivamente. É um ciclo negativo que se perpetua e que caracteriza muitas regiões importantes no País. O seguro rural rompe esse ciclo", diz Alexandre Mendonça de Barros, coordenador do estudo. A agricultura tem importância estratégica para a vida social do País. São milhares de municípios que dependem, diretamente, da renda gerada pelo campo. Uma quebra de safra sem compensação tem efeitos multiplicadores negativos sobre toda a economia, afeta o nível de emprego, a demanda local e o bem-estar geral. Estimativas do estudo, baseadas na matriz de insumo-produto, mostram que esse custo não é pequeno. No Paraná a simulação de uma perda de 13% da produtividade da soja, em 2010, resultaria, apenas no primeiro ano, em queda de R$ 1 bilhão no valor bruto da produção, em redução de aproximadamente 33 mil postos de trabalho e de quase R$ 500 milhões na massa de salários. Esses efeitos afetam a arrecadação de impostos e tributos e punem antes os Estados e municípios mais pobres, com maior dependência da agricultura. O estudo estima que "as perdas de arrecadação por consequência de quebra de 10% da safra das principais lavouras produzidas no País seria de R$ 5,2 bilhões". Trata-se de valor bem inferior ao necessário para tornar viável o seguro e evitar o grosso das perdas, que não se resumem à arrecadação. Já o prêmio total para cobrir as 12 principais lavouras, cultivadas em 59,645 milhões de hectares, seria de R$ 4,076 bilhões. No Brasil subvenção é quase sempre entendida como um favor indevido do Estado em benefício do setor privado. No entanto, em algumas das áreas mais estratégicas para o desenvolvimento do País, como a inovação tecnológica e o desenvolvimento da agricultura, a subvenção é uma transferência em benefício de toda a sociedade. Não existe seguro agrícola sem subvenção e, hoje, apenas 18% da lavoura brasileira tem cobertura de seguro. Trata-se de um contrassenso deixar investimentos na galinha de ovos de ouro sujeitos a chuvas, trovoadas, ao excesso de frio e calor, à falta ou ao excesso de água. |
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
terça-feira, julho 10, 2012
O custo de um país sem Seguro Rural Antônio M. Buainain
Arquivo do blog
-
▼
2012
(2586)
-
▼
julho
(301)
- Pressões - MERVAL PEREIRA
- Muito mais que descortês - MIRIAM LEITÃO
- Sombras sobre o Estado - EDITORIAL FOLHA DE SP
- O último empurrão - JOSÉ PAULO KUPFER
- A bronca errada de Dilma - EDITORIAL O ESTADÃO
- O que Chávez esconde - EDITORIAL O ESTADÃO
- A musa abusou Dora Kramer
- O IGP-M surpreende Celso Ming
- A culpa também é do Brasil Tamara Avetikian
- Hora da verdade - RICARDO NOBLAT
- Lula, Dirceu e a "farsa" - MELCHIADES FILHO
- PAC da privatização - CARLOS ALBERTO SARDENBERG
- Cinco perguntas - J. R. GUZZO
- A legalização do Valerioduto - GUILHERME FIÚZA
- Técnica, mas política - MERVAL PEREIRA
- Alcance restrito - DORA KRAMER
- Contradições petistas - SUELY CALDAS
- Inflação como salvação - CELSO MING
- Agosto, mês de definições - ALBERTO TAMER
- O julgamento - MÍRIAM LEITÃO
- A eletricidade e o custo Brasil - EDITORIAL O ESTADÃO
- O estado de violência - GAUDÊNCIO TORQUATO
- O ''Dossiê Golpe de 64'' saiu da gaveta - ELIO GAS...
- Toda arte é atual - FERREIRA GULLAR
- Um julgamento para além do mensalão - EDITORIAL O ...
- À espera do mensalão - EDITORIAL FOLHA DE SP
- Não sirvo, sirvo-me - JOÃO UBALDO RIBEIRO
- Não sirvo, sirvo-me - JOÃO UBALDO RIBEIRO
- Entre dois fogos Míriam Leitão
- Seca lá, bom tempo cá CELSO MING
- Ruy Castro - "Grrrnnf!", disse ele
- Não basta apenas anunciar concessões - EDITORIAL O...
- Eu e o bóson - RUY CASTRO
- E o mundo não se acabou - LUIZ CARLOS MENDONÇA DE ...
- A crise da gerência da crise - EDITORIAL O ESTADÃO
- A piada de Delúbio - PLÁCIDO FERNANDES VIEIRA
- Ritmo do trabalho - MIRIAM LEITÃO
- Mais perto da autonomia -Gilles Lapouge
- Idoso profissional Nelson Motta
- A sombra da suspeita —Dora Kramer
- O despreparo dos bancos Celso Ming
- Em greve e invisíveis Marcio Tavares D'Amaral
- Brasília por dentro João Mellão Neto
- A sombra presente - MIRIAM LEITÃO
- O lulismo e os salários federais - EDITORIAL O EST...
- Cultura do biombo Dora Kramer
- Só pensam naquilo Celso Ming
- China afeta menos o Brasil Alberto Tamer
- Contra o consumidor, de novo Carlos Alberto Sarden...
- Mambembe DORA KRAMER
- Estimada presidente Dilma Rousseff,: Elio Gaspari
- Com vento e sol - MIRIAM LEITÃO
- Continuam chegando - CELSO MING
- O mundo rosa de Tombini - EDITORIAL O ESTADÃO
- O desbalanço externo - ROLF KUNTZ
- Fácil matar - RUY CASTRO
- A antidiplomacia de Dilma - Editorial Estadão
- Moinhos de vento -Míriam Leitão
- O novo voo da galinha Luis Eduardo Assis
- Notícias da CPI Dora Kramer
- A Espanha geme Celso Ming
- Réquiem para o Mercosul Rubens Barbosa
- Qual o papel do Estado? Kemal Dervis
- Perigo na roça Xico Graziano
- Mensaleiros no tribunal Marco Antonio Villa
- Clichês da violência - VINICIUS MOTA
- Visão estratégica da matriz energética - ADRIANO P...
- Falta alguém - RICARDO NOBLAT
- Do pescoço para baixo - RUY CASTRO
- Chantagem na reta final - REVISTA VEJA
- A boa notícia, um alerta e os impostos Roberto Abd...
- Jornalismo e violência Carlos Alberto di Franco
- Luz, câmera, esculhambação - JOÃO UBALDO RIBEIRO
- A praça é da tropa - DORA KRAMER
- A busca da produtividade - JOSÉ ROBERTO DE MENDONÇ...
- As esfumaçadas greves federais - GAUDÊNCIO TORQUATO
- O dentro sem fora - FERREIRA GULLAR
- Ter um passado é fundamental - DANUZA LEÃO
- A república de São Bernardo - REVISTA ÉPOCA
- A Argentina sob ataque - CELSO MING
- Recuperação a caminho - ALBERTO TAMER
- Saindo do armário Elena Landau
- Mundo obscuro Míriam Leitão
- Gerentona? —Élio Gaspari
- Choque de alimentos? - CELSO MING
- A sugestiva rebelião de juízes - EDITORIAL O GLOBO
- A erosão do sistema partidário - EDITORIAL O ESTADÃO
- Até quando abusarão da nossa paciência? - SERGIO A...
- Do FMI, com carinho - MIRIAM LEITÃO
- Novo celeiro do mundo - EDITORIAL O ESTADÃO
- Abaixo do tomate - RUY CASTRO
- Um tiro na nuca da nação - GUILHERME FIUZA
- Leleco no divã - NELSON MOTTA
- Procriação - DORA KRAMER
- O recado do Banco Central - CELSO MING
- Mobilidade emperrada - EDITORIAL O ESTADÃO
- Sempre às quintas - MIRIAM LEITÃO
- Nunca fomos tão felizes - FERNANDO GABEIRA
- Coragem para mudar Rogério Furkim Werneck
- 20/07/2012
-
▼
julho
(301)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA