O GLOBO - 05/07
Da mesma maneira que, durante o governo Fernando Henrique, o então deputado Aécio Neves montou sua candidatura costurando alianças nos bastidores para romper o acordo firmado com o então PFL, o hoje senador trabalha com o objetivo de criar condições políticas que permitam montar uma proposta de campanha ampla, que lhe dê respaldo para o combate ao governo que pretende desencadear no momento que considere mais adequado.
Como costuma fazer, Aécio trabalha nos bastidores para montar uma grande aliança partidária que lhe respalde a candidatura à Presidência em 2014, jogando na divisão da base aliada em decorrência não apenas da deterioração da situação econômica, mas também dos desencontros de diversos partidos com o PT.
A jogada de Belo Horizonte, porém, pode dar errado caso se confirme o desgaste com o PSB, que se ressente da separação do PT, sobretudo porque o PMDB, em jogada oportunista, mas correta pragma-ticamente, está se oferecendo para abrir mão de candidatura própria para apoiar o ex-ministro e ex-prefeito de Belo Horizonte Patrus Ananias, que será o candidato petista. O PMDB viu no episódio oportunidade para demonstrar lealdade ao governo, alegando a condição de parceiro preferencial no plano nacional.
Da mesma maneira que o PSB alegou que, em São Paulo, está apoiando o candidato de Lula pela relevância do principal objetivo do PT, tomar conta de uma prefeitura que há anos está dominada pelos tucanos e seus aliados, como trampolim para vencer o governo do estado de São Paulo em 2014.
Os dois partidos, PMDB e PSB, disputam no interior da aliança governista a vice-presidência na provável chapa de reeleição da presidente Dilma Rousseff.
A eleição em Belo Horizonte acaba assim tendo uma relevância própria, transformando-se em uma simboli-zação da força política de Aécio Neves tendo em vista as eleições de 2014, assim como a de São Paulo significa a maior jogada do ex-presidente Lula para consolidar a hegemonia petista no país.
Derrota de Aécio em Belo Horizonte, assim como de Lula em São Paulo, terá reflexos na formação das alianças partidárias mais adiante.
As eleições municipais têm um peso local muito acentuado, mas, em determinadas cidades e capitais, elas dão pistas sobre como evoluirão as tratativas a nível nacional. Além do mais, os partidos tentam se cacifar na disputa municipal para que suas ramificações políticas municipais ganhem valor no mercado nacional de alianças.
Por isso mesmo, o racha do PSB com o PT em Belo Horizonte, mais do que os de Fortaleza e Recife, está sendo visto pelo comando nacional petista como sinalização de que o governador Eduardo Campos está se movendo para uma distância segura do PT.
Como nem tudo é coerente quando se trata de aliança partidária, e menos ainda quando Ciro Gomes está envolvido, a disputa em Minas difere da de Fortaleza, por exemplo. O líder do PSB no Ceará é, em tese, favorável a que o PSB marque sua posição se distanciando do PT e, especificamente em Fortaleza, defendeu essa posição junto ao irmão, o governador Cid Gomes.
Mas, em Belo Horizonte, onde o prefeito, Marcio Lacerda, candidato à reeleição, mais que seu correligionário, é um seu protegido político, Ciro está crítico em relação à atuação de Aécio Neves, a quem atribui a criação de um ambiente que levou ao rompimento com o PT.
Ciro criticou também a direção nacional do PT por ter apoiado a indicação de Patrus Ananias, em vez de intervir na regional mineira para garantir a permanência do partido na aliança em Belo Horizonte.
Como se vê, joga-se neste pleito municipal um xadrez político que tem tudo a ver com a eleição de 2014. Por parte da oposição, vencer em São Paulo e Belo Horizonte é fundamental para manter as poucas cidadelas ainda não dominadas pelo PT, que se dedica, por sua vez, a tentar fragilizar esses redutos tucanos.
O governo terá tarefa difícil pela frente, manter unida a ampla base partidária que o apoia, enquanto o PSDB joga com a expectativa de que os atritos com o PT e a situação econômica deteriorada farão com que parte dessa base se una ao projeto político de Aé-cio. Caso o PMDB seja alijado do posto de parceiro preferencial do PT, a aposta é que venha a apoiar a candidatura tucana, formando grande bloco com DEM, PPS, e, se não o apoio integral, pelo menos o de partes de PR, PP e PDT. Há inclusive quem imagine a união de todas essas siglas sob o guarda-chuva de novo partido, que também poderia abrigar políticos individualmente.
Com a decisão do STF de dar tempo de propaganda gratuita e participação no fundo partidário a partidos formados com base na nova legislação, proporcional à votação de seus fundadores, ficaria mais fácil atrair na base aliada adeptos do projeto tucano com Aécio para presidente em 2014. Difícil é imaginar que PMDB e PSDB abram mão de suas respectivas siglas para a formação de novo partido.
Com ou sem partido novo, porém, o fato é que o candidato natural do PSDB à Presidência da República em 2014 está costurando nos bastidores diversas alianças políticas para viabilizar sua candidatura, confiante em que a aliança da base aliada não resistirá às dificuldades de convivência interna nem à crise econômica que tende a se agravar.
Da mesma maneira que, durante o governo Fernando Henrique, o então deputado Aécio Neves montou sua candidatura costurando alianças nos bastidores para romper o acordo firmado com o então PFL, o hoje senador trabalha com o objetivo de criar condições políticas que permitam montar uma proposta de campanha ampla, que lhe dê respaldo para o combate ao governo que pretende desencadear no momento que considere mais adequado.
Como costuma fazer, Aécio trabalha nos bastidores para montar uma grande aliança partidária que lhe respalde a candidatura à Presidência em 2014, jogando na divisão da base aliada em decorrência não apenas da deterioração da situação econômica, mas também dos desencontros de diversos partidos com o PT.
A jogada de Belo Horizonte, porém, pode dar errado caso se confirme o desgaste com o PSB, que se ressente da separação do PT, sobretudo porque o PMDB, em jogada oportunista, mas correta pragma-ticamente, está se oferecendo para abrir mão de candidatura própria para apoiar o ex-ministro e ex-prefeito de Belo Horizonte Patrus Ananias, que será o candidato petista. O PMDB viu no episódio oportunidade para demonstrar lealdade ao governo, alegando a condição de parceiro preferencial no plano nacional.
Da mesma maneira que o PSB alegou que, em São Paulo, está apoiando o candidato de Lula pela relevância do principal objetivo do PT, tomar conta de uma prefeitura que há anos está dominada pelos tucanos e seus aliados, como trampolim para vencer o governo do estado de São Paulo em 2014.
Os dois partidos, PMDB e PSB, disputam no interior da aliança governista a vice-presidência na provável chapa de reeleição da presidente Dilma Rousseff.
A eleição em Belo Horizonte acaba assim tendo uma relevância própria, transformando-se em uma simboli-zação da força política de Aécio Neves tendo em vista as eleições de 2014, assim como a de São Paulo significa a maior jogada do ex-presidente Lula para consolidar a hegemonia petista no país.
Derrota de Aécio em Belo Horizonte, assim como de Lula em São Paulo, terá reflexos na formação das alianças partidárias mais adiante.
As eleições municipais têm um peso local muito acentuado, mas, em determinadas cidades e capitais, elas dão pistas sobre como evoluirão as tratativas a nível nacional. Além do mais, os partidos tentam se cacifar na disputa municipal para que suas ramificações políticas municipais ganhem valor no mercado nacional de alianças.
Por isso mesmo, o racha do PSB com o PT em Belo Horizonte, mais do que os de Fortaleza e Recife, está sendo visto pelo comando nacional petista como sinalização de que o governador Eduardo Campos está se movendo para uma distância segura do PT.
Como nem tudo é coerente quando se trata de aliança partidária, e menos ainda quando Ciro Gomes está envolvido, a disputa em Minas difere da de Fortaleza, por exemplo. O líder do PSB no Ceará é, em tese, favorável a que o PSB marque sua posição se distanciando do PT e, especificamente em Fortaleza, defendeu essa posição junto ao irmão, o governador Cid Gomes.
Mas, em Belo Horizonte, onde o prefeito, Marcio Lacerda, candidato à reeleição, mais que seu correligionário, é um seu protegido político, Ciro está crítico em relação à atuação de Aécio Neves, a quem atribui a criação de um ambiente que levou ao rompimento com o PT.
Ciro criticou também a direção nacional do PT por ter apoiado a indicação de Patrus Ananias, em vez de intervir na regional mineira para garantir a permanência do partido na aliança em Belo Horizonte.
Como se vê, joga-se neste pleito municipal um xadrez político que tem tudo a ver com a eleição de 2014. Por parte da oposição, vencer em São Paulo e Belo Horizonte é fundamental para manter as poucas cidadelas ainda não dominadas pelo PT, que se dedica, por sua vez, a tentar fragilizar esses redutos tucanos.
O governo terá tarefa difícil pela frente, manter unida a ampla base partidária que o apoia, enquanto o PSDB joga com a expectativa de que os atritos com o PT e a situação econômica deteriorada farão com que parte dessa base se una ao projeto político de Aé-cio. Caso o PMDB seja alijado do posto de parceiro preferencial do PT, a aposta é que venha a apoiar a candidatura tucana, formando grande bloco com DEM, PPS, e, se não o apoio integral, pelo menos o de partes de PR, PP e PDT. Há inclusive quem imagine a união de todas essas siglas sob o guarda-chuva de novo partido, que também poderia abrigar políticos individualmente.
Com a decisão do STF de dar tempo de propaganda gratuita e participação no fundo partidário a partidos formados com base na nova legislação, proporcional à votação de seus fundadores, ficaria mais fácil atrair na base aliada adeptos do projeto tucano com Aécio para presidente em 2014. Difícil é imaginar que PMDB e PSDB abram mão de suas respectivas siglas para a formação de novo partido.
Com ou sem partido novo, porém, o fato é que o candidato natural do PSDB à Presidência da República em 2014 está costurando nos bastidores diversas alianças políticas para viabilizar sua candidatura, confiante em que a aliança da base aliada não resistirá às dificuldades de convivência interna nem à crise econômica que tende a se agravar.