O Estado de S. Paulo - 06/11/2009 |
Há pouco mais de uma semana, os jornais vêm noticiando que o governo pretende tomar decisões que ajudem a conter a entrada maciça de moeda estrangeira e, assim, deter o mergulho do dólar no câmbio interno. A economia brasileira enfrenta um problema cambial de sinal contrário. No passado, o drama era a falta de dólares. O País era tão dependente do que então se chamava "entrada de divisas externas" que qualquer desarranjo na economia provocava fuga de moeda estrangeira, disparada do dólar no câmbio interno e o pandemônio que a isso se seguia. O problema de agora é de outra natureza. Não é de falta de dólares, mas de excesso. E a solução não é atrair capitais, como no passado, mas encontrar demanda para a moeda estrangeira. Antes de prosseguir, vamos à palavra excesso utilizada anteriormente. O governo tem hoje uma posição ambivalente sobre o capital estrangeiro. Quer e ao mesmo tempo não quer. Precisa quase desesperadamente de recursos externos, mas não aceita as consequências. Precisa de capitais para o pré-sal, que vai levar mais de meio trilhão de dólares em investimentos apenas na primeira fase; para o PAC, para as obras da Copa do Mundo e da Olimpíada; e para a capitalização da Petrobrás, do Banco do Brasil e das empresas brasileiras que precisam ganhar densidade. Por outro lado, o mesmo governo teme pelo impacto que a forte entrada de capitais exerce sobre o câmbio nacional. Portanto, do ponto de vista das necessidades, não há excesso. Pode-se dizer que há excelente oportunidade para aproveitar o que vem chegando, pois o mundo está inundado de dólares e tão logo o dilúvio não irá se reverter, como vêm afirmando os grandes bancos centrais. Se não há o que chegue em dólares para os projetos que estão sobre a mesa, caberia aceitar também as consequências de acolhê-los, entre as quais a tendência à forte valorização do real. Mas qual o quê... como diz a música do Chico. As ideias disponíveis de como arrumar mais demanda para a abundância de dólares não são lá essas coisas. Pode-se, por exemplo, permitir que fundos de pensão e fundos de investimento apliquem recursos lá fora e, assim, sejam obrigados a comprar dólares para remetê-los. Mas uma das razões pelas quais os dólares vêm para cá é a de que as oportunidades à rentabilidade estão aqui. Por que, então, os fundos fariam investimentos lá fora se também estão atrás de resultados? Outra proposta é permitir depósitos em dólares na rede bancária local. Não é uma saída prática. Exigiria que os bancos mantivessem reservas (depósito compulsório) e supervisão na moeda americana. Além disso, o que os bancos fariam com os dólares depositados aqui nos seus caixas e como casariam ativo e passivo? Bons especialistas em câmbio há centenas no Brasil. Todos têm lá uma ideia sobre o que fazer. Mas ainda não apareceu nenhuma solução salvadora. O governo poderá tomar decisões aos montes. Concorrerão certamente para a modernização do mercado de câmbio no País, que ainda opera com leis dos anos 30. Mas serão meia dúzia de canequinhas que tentarão retirar água da enchente. Ou seja, farão pouca diferença para o montão de dólares que, de mais a mais, o governo precisa para o pré-sal, para o PAC...
Confira Torneirinhas - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu que a entrada de dólares para subscrição de ações novas pode ficar isenta do IOF de 2%.
É o reconhecimento de que o imposto atrapalhou os planos de capitalização da Petrobrás e de outras empresas brasileiras. É a primeira torneirinha a ser reaberta. Virão outras?
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Entrevista:O Estado inteligente
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sexta-feira, novembro 06, 2009
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